Quinta-feira, 25 de Abril de 2024
Publicações

Estéticas e políticas da moda: ‘Os Loucos Anos 20’ e depois | Chamada da 2i

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, Media, Moda, Sociologia

A Revista 2i | Estudos de Identidade e Intermedialidade (eISSN: 2184-7010), do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM) seleciona artigos para seu próximo número que terá como tema "Estéticas e políticas da moda: ‘Os Loucos Anos 20’ e depois". O prazo máximo para o envio é o 15 de janeiro de 2021. A revista aceita trabalhos em português, inglês, francês, espanhol ou galego.

Eixo Temático

Tomando a palavra ‘moda’ na aceção restrita que a articula com o vestuário — aqui incluindo o conjunto de ornamentos, adereços e maquilhagem que ajudam na teatralização e espetacularização de um corpo apresentado para além da sua presença física mais literal —, propomos neste número da Revista 2i encetar uma revisão sobre um século de moda, abordando-a num contexto intermedial e tomando como ponto de partida os ‘Loucos Anos 20’ na cultura ocidental. A década de 20 firma a rutura no que respeita à moda, tendo em conta que quanto mais ‘nervosa’ ou frenética é uma época, mais trepidante é o ritmo das suas alterações. Com a entrada no mundo de trabalho e o assumir da vida pública, em particular no caso das mulheres, a segunda década do século XX inicia um novo discurso visual que se reflete em roupas mais desinibidas e sedutoras, em estilos em que o conforto se sobrepõe à estética. A descoberta do corpo, advinda da transformação do modo de vida (desporto, saúde e lazer, em estâncias termais e balneares), bem como a criação de estruturas industriais, carreiam a massificação da moda (a forma tubular do vestuário, o cabelo curto à garçonne, os longos colares das flappers e o sapato ‘todo-o-terreno’, agilizando os passos do Charleston) e conferem-lhe um look andrógino.

Se Paul Poiret advoga que a moda não é material, mas fundadora da identidade e configuradora de uma certa esfera cultural, Elsa Schiaparelli, admiradora dos surrealistas, cria camisolas com efeitos de ‘trompe-l’oeil’, influenciados por Chirico, Miró e Cocteau. Coco Chanel revoluciona os códigos do vestuário feminino e, na proximidade de Picasso, Braque e Stravinsky, desenha os figurinos de A Sagração da Primavera, ponto de partida para o cruzamento da moda, da pintura, do bailado e do cinema. Entretanto, estrelas de cinema e it girls divulgam as novas tendências, imitadas à saciedade.

Kleinder machen Leute (“As roupas fazem as pessoas”): o provérbio alemão, como recorda Erik Peterson (1995), merece ser lido num sentido epistemológico, pois o próprio homem é feito do que veste (satisfazendo o vestuário desejos ou necessidades de decoração, pudor ou proteção, segundo Flügel), na medida em que não é interpretável por si próprio. A história da moda, desde a invenção da máquina de costura impulsionada pela Revolução Industrial do século XIX, à publicação das primeiras revistas e figurinos de moda (Le Jardin des Modes), à implantação de grandes armazéns citadinos (templos ou catedrais do comércio moderno, segundo Zola), até ao reconhecimento sócio-profissional de costureiros, estilistas e designers servindo clientelas de elite ou à intervenção globalizada dos atuais influenciadores digitais, reflete conceitos, paradigmas, valores diferenciados que desenham, dinamicamente, o perfil da nossa própria humanidade, da nossa relação com o corpo e das nossas estratégias de autorrepresentação. Dos ‘Loucos Anos 20’ até 2020, a moda tem vindo a alterar-se de contínuo, a par do Zeitgeist, o espírito do tempo. E até o adereço. Um ‘adereço’ moderno, obrigatoriamente usado como proteção e por precaução, tornou-se, sob a égide da moda, um adorno: a máscara anti-pandémica.

Enquanto campo estético e político, e configurando um fenómeno sócio-cultural e semiótico de definição complexa, com direta intervenção no recorte de identidades singulares ou coletivas, a moda, falada e falante (Massimo Baldini), admite que a pensemos sob múltiplas e diversas perspetivas e em diferentes contextos comunicativos. Eis alguns tópicos que apontamos como possíveis trajetos reflexivos para os textos a submeter ao presente n.º da Revista:

Alguns tópicos acolhidos neste número da revista

  • Conceitos e paradigmas: moda, aparência, beleza
  • Visões do corpo: do puritanismo vitoriano ao strip-tease, pudor e narcisismo
  • A nudez como vestuário: nudez e desnudamento; a assinatura da pele e as práticas do tatoo e do peircing; o pós-humanismo e a pele artificial (cf. Bart Hesse); máscaras e maquilhagens
  • Sociologia da moda: a ‘moda’ e o ‘traje’ enquanto imitação no espaço e imitação no tempo (cf. Gabriel Tarde); a moda como influência e como discriminação; ‘exotismo’ e etnicidade; marcas, mercados e digital influencers
  • Políticas da moda: a domesticação do ‘gosto’ versus a moda como afirmação, denúncia ou reivindicação; moda e feminismo; a autoridade da farda
  • Estéticas, linguagens e estilos da moda: entre o local e o global; entre individuação e hibridação; entre tradição e vanguarda; entre luxo e pronto-a-vestir
  • A moda na literatura e nas outras ‘artes’: ícones ficcionais de moda; a literatura e as artes como reflexo e/ou como inspiração

Mais informações na página da Revista 2i | Estudos de Identidade e Intermedialidade.

Informação relacionada

Enviar Informação

Mapa de visitas