A partir do último terço do século XX e século XXI, tem-se assistido à diminuição das fronteiras entre as ciências – cada vez mais tênues, ante o expressivo crescimento de investigações com abrangência inter e transdisciplinares, sobretudo nas abordagens humanísticas – e a emergência da compreensão da diversidade sociocultural como uma necessidade global. Na primeira condição, a delimitação estática e artificial dos diferentes domínios dos campos de conhecimento só se justifica a partir de uma busca dissimulada de neutralidade, reconhecidamente inexistente; na segunda, o despertar para a diversidade humana e a necessidade de respeito se impõem nos contextos sociais como um imperativo, sem o qual se nega a parcelas significativas de pessoas os direitos de ser, de sentir e de existir.

 

No âmbito dessas constatações, os procedimentos que moldam as formas de curadoria das referências patrimoniais de Arqueologia e de Etnologia parecem se afastar dessa dupla condição – multicientífica e associada à diversidade do ser humano –, uma vez que, majoritariamente, se limitam a protocolos científicos restritos. Contrariamente, tais acervos derivam de contextos socioculturais diversos, dinâmicos e complexos, condições imanentes estas que, por princípio, deveriam evocar abordagens ontológicas de seleção e curadoria das coleções que integram as reservas das diferentes instituições de salvaguarda.

 

Buscando incidir sobre esse complexo debate, o dossiê “Acervos de Arqueologia e de Etnologia: perspectivas transdisciplinares e plurais” buscará reunir trabalhos que abordem essa dupla condição que permeia a seleção de acervos que ingressam nas instituições de salvaguarda. De um lado, serão bem-vindas investigações que observem os acervos de Arqueologia e de Etnologia por meio de diferentes fricções inter e transdisciplinares entre campos científicos. De outro, perspectivas institucionais inclusivas de seleção e tratamentos de acervos a partir da condução e da participação dos grupos sociais. Não obstante este foco institucional, também serão recepcionados trabalhos que analisem a realidade das coleções não institucionalizadas, situadas fora dos contextos dos museus e das reservas técnicas. Neste caso, esperam-se pesquisas e relatos de experiências de gestão social dos acervos de Arqueologia e de Etnologia, que demonstrem a apropriação e a ressignificação destes patrimônios a partir de protocolos socialmente estabelecidos, por meio de estudos caso exitosos de gerenciamento e uso social e público dos patrimônios.

 

O dossiê “Acervos de Arqueologia e de Etnologia: perspectivas transdisciplinares e plurais” é fruto de uma parceria entre a Rede de Museus e Acervos de Arqueologia e Etnologia (REMAAE), gestão 2024-2025, e a Revista Arqueologia Pública da Universidade de Campinas (UNICAMP).

 

 VEÍCULO:

 

Revista Arqueologia Pública (ISSN: 2237-8294)

 

 EDITORAS:

 

Aline Vieira de Carvalho | UNICAMP (Brasil)

 

 Luana Cristina da Silva Campos | UFMS (Brasil) / UNICAMP (Brasil)

 

Cinthia Rolim de Albuquerque Meneguel | IFSP (Brasil)

 

 ORGANIZADORES DO DOSSIÊ:

 

Carlos Alberto Santos Costa | UFRB (Brasil) / UFPE (Brasil) / CEAACP-UC (Portugal)

 

Neuvânia Curty Ghetti | UFRJ (Brasil)

 

Gilcimar Costa Barbosa | UNIR (Brasil)

 

Tereza Vieira Parente | Arqueologika Assessoria e Consultoria em Arqueologia (Brasil)

 

 PRAZO DE SUBMISSÃO:

 

De 01 de agosto a 30 de novembro de 2024.

 

Mais informações no site da revista: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rap/index