Chamada para publicação: "As linguagens das histórias em quadrinhos e o diálogo com outras artes"
Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Brasil
Chamada para publicação Revista Sociopoética
As linguagens das histórias em quadrinhos e o diálogo com outras artes
Prazo para submissão: 30 de setembro de 2025 - n. 27, v. 2, 2025
Dr. Bruno Santos Melo - PPGLI- UEPB
Drª. Márcia Tavares Silva - PPGLE-UFCG
Me. Lya Brasil Calvet - PPGAU+D-UFC/UNICHRISTUS
Me. Thiago Henriques Gonçalves Alves - PPGCOM - UFC
Durante muito tempo, as Histórias em Quadrinhos (HQs) foram vistas como um meio de entretenimento voltado ao público infanto-juvenil ou que infantilizava os adultos, como nos lembra Will Eisner (2010); porém, no decorrer da história, uma série de acontecimentos a inseriu em um contexto de diversas nuances, segundo Sonia Luyten (1987), sua consolidação começa em jornais, revistas e veículos de comunicação de massa no início do século XX até à contemporaneidade. Cirne (1975) afirma, no contexto cultural do século XX, os quadrinhos ocupam uma posição de vanguarda, junto a outras linguagens, tanto em relação às manifestações de massa quanto aos produtos literários e paraliterários não experimentais, destacando-se pelo consumo e pelos modelos discursivos de suas propostas estéticas, que trazem como particularidade as elipses gráficas e as imagens justapostas (Cirne, 2000). Não podemos deixar de lado o pensamento contra-hegemônico e o questionamento às estruturas impostas pelo imperialismo, principalmente pautado por grandes indústrias, conforme o pensamento de Aïsha Azoulay (2024). A forma e a estrutura dos quadrinhos, o qual vários elementos “reúnem-se em sequências e narrativas ao trabalharem unidos como um sistema” (Postema, 2018, p. 23), também levantam questões metalinguísticas e autorreflexivas (Carneiro, 2015), bem como a experimentação acerca dos suportes, que podem ser páginas encadernadas, telas ou até mesmo paredes (Scorer, 2020). Nesse sentido, é fundamental (re)pensar os valores imbricados nesses conceitos de classificação e propor percepções que sejam capazes de evidenciar todo o potencial que a Nona Arte abarca. Seja no caráter estrutural ou temático, questionando, por exemplo, a exclusão de grupos historicamente marginalizados e apagados da história (Nogueira, 2018). Classificada como “hipergênero” (Ramos, 2019), que agrega uma série de linguagens, a percebemos como um espaço profícuo e rico, seja do ponto de vista artístico, teórico, e/ou crítico. A pesquisa acadêmica em quadrinhos ainda disputa seu lugar autônomo, conforme Postema (2018), que coloca o diálogo dos quadrinhos com outras áreas como uma das possibilidades, mas aliada à construção de um espaço de análise próprio dessa linguagem. Barbieri (2017), ainda, aborda a linguagem dos quadrinhos por meio da análise de suas relações com outras formas de comunicação. Partindo desses pressupostos, este dossiê temático objetiva promover discussões acerca das linguagens das HQs nos diálogos com outras artes, como a ilustração, caricatura, pintura, fotografia, cinema, entre outras. Serão aceitas propostas de investigação do universo dos super-heróis, dos mangás, dos manhwas, das webcomics, das tiras em quadrinhos (impressas e/ou digitais), de identidades e representatividades, dos aspectos estético-estilísticos, seja do ponto de vista ético, político, literário, entre outros. Serão pertinentes, ainda, trabalhos que englobem a dimensão intrínseca entre as Histórias em Quadrinhos e a formação leitora, buscando, assim, também aproximar a pesquisa às práticas leitoras dos quadrinhos nos espaços de ensino e leitura. Consideram-se também os trabalhos acadêmicos total ou parcialmente construídos na linguagem dos quadrinhos, inseridos no campo conhecido como comics as research (quadrinhos como pesquisa), conforme visto em Sousanis (2017).
Referências
AZOULAY, Ariella Aïsha. História potencial. São Paulo: Editora UBU, 2024.
BARBIERI, Daniele. As linguagens dos quadrinhos. São Paulo: Editora Peirópolis, 2017.
CARNEIRO, Maria Clara da S. R. A metalinguagem em quadrinhos: estudo de Contre la band dessinée de Jochen Gerner. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura, Rio de Janeiro, 2015.
CIRNE, Moacy. Vanguarda: um projeto semiológico. Rio de Janeiro: Ed Vozes, 1975.
CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Petrópolis: Ed Vozes, 2000.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial: Princípios e Práticas do Lendário Cartunista. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
LUYTEN, Sonia Bibe. O que é história em quadrinhos. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
NOGUEIRA, Natania Aparecida da Silva. A MEMÓRIA DAS MULHERES E AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS. Revista de Trabalhos Acadêmicos, Niterói, v. 2, n. 17, p. 1-10, dez. 2018. Disponível em: http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=1reta2&page=article&op=view&path%5B%5D=7372&path%5B%5D=4160. Acesso em: 04 set. 2025.
POSTEMA, Barbara. Estrutura narrativa nos quadrinhos: construindo sentido a partir de fragmentos. São Paulo: Peirópolis, 2018.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. 2ª Ed. São Paulo: Contexto, 2019.
SCORER, James (ed.). Comics beyond the page in Latin America. Londres: UCL Press, 2020.
SOUSANIS, Nick. Desaplanar. São Paulo: Veneta, 2017.


