13º Congresso Alemão Lusitanistas | Representações culturais e memória do império colonial português
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Alemanha, Portugal
13° Congresso Alemão de Lusitanistas
Espaços, fronteiras e passagens no mundo de língua portuguesa
Universidade de Augsburgo, 11 a 14 de setembro de 2019
Chamada para trabalhos
Secção Estudos Culturais
2.3. Representações culturais e memória do império colonial português nas narrativas coloniais/pós-coloniais ficcionais, audiovisuais e das artes visuais do século XX
Direção
Orquídea Ribeiro (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro / CITCEM-FLUP)
Susana Pimenta (Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória» – CITCEM-FLUP)
Descrição
Nesta secção, convidam-se os interessados a apresentarem propostas no âmbito da memória e das representações culturais do império colonial português nas narrativas coloniais (ficcionais, não-ficcionais, audiovisuais e das artes visuais) do século XX. O objetivo fulcral é cartografar o pensamento colonial(ista) português do século XX, por forma a identificar e combater os resquícios de colonialidade que ainda possam sobreviver nos discursos sociais e políticos da atualidade. Considera-se que as narrativas coloniais são fontes fundamentais para a História e Cultura, para a memória e para o entendimento do passado colonial. Depois da Revolução dos Cravos, houve um silenciamento incompreensível destas fontes (Pinto 2010: 117), o que pode ser explicado, de acordo com António Costa Pinto, com a existência de “um ‘ajuste de contas’ com o passado ditatorial mas não com a parte colonial do mesmo, sobrevivendo no discurso político e nas instituições um difuso excepcionalismo lusotropicalista” (Pinto 2015).
Trabalhos recentes, de análise empírica, compravam que Portugal é também um país de “brancos” costumes (Henriques 2018), onde os preconceitos raciais ainda perduram do tempo da colonização. A investigação de Joana Gorjão Henriques, autora de Racismo em Português. O lado esquecido do colonialismo (2016) e Racismo no país dos brancos costumes (2018), pretende, através de reportagens nas cinco ex-colónias africanas, questionar a herança colonial e “sobretudo ouvir o que sentem e como olham para a discriminação racial exercida pelos portugueses durante o colonialismo, que narrativas perduram em cada país, que cicatrizes perduram” (Henriques 2016: 13). A autora conclui que “os ecos e os efeitos das desiguais relações imperiais e coloniais persistem com clareza, de modo mais ou menos visível” (Henriques 2016: 219).
Em Portugal, país fulcral na história do racismo moderno, não se fala em racismo, pois “falar do racismo é um crime de lesa-pátria” (Bethencourt 2014: s/p), o que prejudica profundamente a nação pois “ignorar tais problemas, fingir que eles não existem, ou, pior do que isso, projectar uma imagem de harmonia que nunca existiu”, impede as sociedades de progredirem e de alcançarem “uma relação de honestidade com o seu passado” (Bethencourt 2014: s/p), num presente que se deseja mais democrático.
Repare-se que, na historiografia dos finais do século XIX, a questão colonial portuguesa começa por ser vinculada à teoria do “colonialismo de prestígio”, em que se defende que o que move o português na sua expansão não são razões económicas, mas sim um “comportamento de tipo nostálgico e sentimental, que viveria do passado, sonhando com a restauração do prestígio perdido” (Alexandre 1995: 39).
Como se perpetua o mito do “bom colonizador” português? Pelo silêncio. Pelo esquecimento. Pelo discurso acrítico em torno da História (recente) de Portugal, em particular do século XX. Tal como afirma Henriques, “o problema é que a nossa ‘auto-estima’ como país ‘está muito agarrada ao orgulho’ do período da Expansão” (2018: 149), orgulho esse propagandeado até à exaustão no imaginário dos portugueses durante o período do Estado Novo, talvez um dos maiores “castrador” ou “carrasco” das mentes críticas.
Subtemas:
- Cultura colonial (nos discurso social, educativo, cultural, político, etc.)
- Racismo e império colonial português (na narrativa colonial: discurso político, textos ficcionais; imprensa, artes, etc.);
- Memória individual e coletiva; identidade e alteridade;
- A fronteira entre colonialidade e pós-colonialidade;
- Outros temas relevantes.
Data limite de envio de propostas: 30 de abril de 2019
‣ Formulário para apresentação de propostas
Contactos:
Orquídea Ribeiro – oribeiro@utad.pt
Susana Pimenta – spimenta@utad.pt
Mais informações:
13° Congresso Alemão de Lusitanistas
https://www.philhist.uni-augsburg.de/lehrstuehle/romanistik/angewandte/Lusitanistentag2019/