Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2025
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Revista Aletria - Chamada para dossiê: "Fronteiras do ficcional na narrativa contemporânea (2000-2025)"

Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Chamada para artigos, Literatura

CHAMADA ALETRIA - v. 36, n. 4 (out.-dez. 2026)

Organizadores: 

Kelvin Falcão Klein (Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro)
Ligia Gonçalves Diniz (Universidade Federal de Minas Gerais)
Luciene Almeida de Azevedo (Universidade Federal da Bahia)

Prazo para submissão: 04 de março de 2026

Fronteiras do ficcional na narrativa contemporânea (2000-2025)

Em reação à ideia de que o romance moderno “descobriu a ficção” (Gallagher, 2006, p. 337), a medievalista Julie Orlemanski (2019, p. 247) critica a confusão entre “conceito” e “experiência” de ficcionalidade, propondo uma “poética comparativista da ficção”. Nesta, define a ficção como um “fenômeno demarcatório”: ficcionais são os discursos desvinculados do compromisso com a verdade.

A definição de verdade, por sua vez, não é trans ou a-histórica. Pelo contrário, tem origem em uma comunidade interpretativa, que a estabelece a partir de parâmetros mutáveis, oriundos de linguagens tão diversas quanto a história e o senso comum, a filosofia e a doutrina religiosa, a ciência ou a eficácia performativa dos atos de fala.

A concepção de Orlemanski mantém, portanto, a distinção moderna entre ficção e mentira ou erro, mas deixa em aberto os discursos em relação aos quais a ficcionalidade é definida, possibilitando não só uma reflexão a respeito das experiências pré e extramodernas do ficcional, como, derivadamente, uma leitura da própria convenção de verdade de um determinado contingente cultural.

Considerando essas ideias, perguntamos: o que a profusão contemporânea de formas literárias que tensionam as fronteiras da verdade factual – entendida como parâmetro da ficcionalidade moderna –, nos diz a respeito tanto das possibilidades da ficção quanto do próprio regime de verdade em que vivemos?

Em outro sentido, levando a atenção à tendência de privilegiar realidades biográficas e sociais como matrizes das formas narrativas atuais, questionamos o que se perde com o relativo desinteresse quanto à narrativa de invenção. 

Entre outros eixos possíveis, este dossiê acolherá perspectivas teóricas sobre o estatuto da ficcionalidade na contemporaneidade, bem como contribuição acerca de temas como:

  • hibridismos entre ficção e não ficção: escritas de si, ensaio, crônica;

  • a presença do “real” na literatura e nas artes;

  • reconfigurações do romance e do conto;

  • práticas que interrogam autoria, narração e leitura;

  • diálogos entre ficção, memória e arquivo;

  • regimes de verdade e de ficcionalidade;

  • autoficção e autenticidade em tempos de crise da verdade.


Aletria publica textos de doutores ou doutorandos em coautoria com doutores. As normas da revista estão disponíveis na página: https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/about/submissions

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