Sexta-feira, 26 de Abril de 2024
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Modernidades #2 revista TRANSLOCAL

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Ciências Humanas, Estudos Culturais

Modernity, of course, has no single meaning, not even in one location […]. Globally and locally, modernity appears infinitely expandable […] a Tower of Babel with too many levels to climb […]: vertigo out on a limb, whirld up into a vortex of the new. Yet I also rejoice. Change is what drew me to modernismo in the beginning. Why should it ossify? Why should the fluid freeze over, the undecidable become decided?

Susan Stanford Friedman, Planetary modernism. Provocations on modernity across time, p. 49

 

Em março de 1915 era publicado, em Lisboa, o n.º 1 de Orpheu. Revista Trimestral de Literatura, um periódico cujo foco de interesse ultrapassaria em muito o da criação literária. Buscando o novo e o moderno, Orpheu (e muitas outras publicações periódicas suas sucedâneas) pretendia romper com os valores e as práticas culturais dominantes no sistema cultural português. O chamado I Modernismo desenvolvia-se, assim, num contexto político e cultural ambivalente. Se Lisboa era, por um lado, capital de um 'império colonial' e do sistema cultural nacional, por outro, era uma cidade marginal em relação a Paris e às principais metrópoles europeias.

Tal como a Lisboa de 1916, também outras localidades e cidades mais pequenas (europeias e de outros continentes) assumem um carácter paradoxal. Por um lado, são percecionadas como periferias em relação às grandes metrópoles ocidentais, sem contudo deixarem de ser centros de referência afetiva, cultural e identitária para quem nelas nasceu e/ou as habita. Por outro lado, enquanto espaços de trânsitos e de en-contros tantas vezes inusitados, essas localidades e cidades da província ou até dos impérios são/foram também realidades socioculturais e políticas marcadas pela transgressão e, nessa medida, espaços de inovação e (re)criatividade.

Deslocando o foco da atenção académica para espaços, fenómenos culturais, sujeitos e/ou perspetivas epistemológicas e criativas considerados periféricos, o n.º 2 da edição anual e impressa da revista TRANSLOCAL. Culturas Contemporâneas Locais e Urbanas, subordinado ao tema “Modernidades”, desafia à reflexão sobre o mapa dos modernismos e das modernidades. Um mapa que, como lembra Susan Stanford Friedman (2012), na nossa contemporaneidade, exige uma revisão. Não podendo deixar de dar atenção aos centros metropolitanos ocidentais, essa nova cartografia das modernidades deverá também (re)ver a densidade cultural, epistemológica e re-criativa de outros locais e cidades (assim como de áreas/fenómenos marginais situadas nas grandes metrópoles), interrogando-se sobre as modernidades e os modernismos que aí se construíram. De acordo com Terry Eagleton (1970) e Osvaldo Silvestre (2008), o alto modernismo europeu foi protagonizado por “gente da província em migração para as grandes capitais da Europa, as quais segregarão por isso uma cultura da internacionalização e da desfamiliarização” (Silvestre, 2008).

Mas o que terá acontecido em sentido inverso, i. e., dos centros metropolitanos para as suas periferias? Como foram experienciadas as vanguardas do início do século XX e outros modernismos e modernidades em espaços geopolíticos e culturais considerados periféricos? Como responderam as sociedades e os sujeitos locais (europeus e coloniais) ao novo proposto pelos modernismos dominantes nas grandes cidades ocidentais? Essas outras localidades e cidades da província ou do império terão sido um absoluto vazio cultural, destituído de sujeitos capazes de dialogar criticamente com esses modernismos e essas múltiplas modernidades? Poderão as margens ter produzido, localmente, um discurso próprio sobre as ideias e fenómenos culturais criados e discutidos nos centros de maior gravitação artística, social e política? Que papel tem sido atribuído aos espaços geoculturais periféricos e/ou a abordagens com enfoque local, na construção da narrativa sobre os vários modernismos e as diversas modernidades?

Assim, no ano em que se assinala o centenário do segundo trânsito da Madeira para Paris (1919) de três artistas plásticos funchalenses – Henrique Franco, Alfredo Miguéis e Francisco Franco-, uma deslocação e uma estada intermitente que, segundo Carlos Valente (2015), viriam a ser decisivas para a realização, no Funchal de 1922, da pioneira exposição internacional de arte moderna – a exposição do “Grupo dos Seis” -, o n.º 2 | Modernidades da revista TRANSLOCAL. Culturas Contemporâneas Locais e Urbanas convida à publicação em três das suas secções:

  1. Ensaios;
  2. Artigos;
  3. Sugestões de Leitura/Recensões.

As propostas para publicação serão avaliadas pela Comissão de Leitura deste número e deverão contribuir quer para a reflexão sobre o(s) conceito(s) de Modernidade, quer para a análise crítica dos fenómenos geopolíticos, sociais, económicos, geofísicos, biológicos, culturais, artísticos, psicológicos e afetivos que esses conceitos podem referir, quer ainda para a discussão dos problemas que esses fenómenos e experiências implicam.

Os casos de estudo tomados como objeto de análise e discussão poderão reportar-se tanto à cidade e às culturas do Funchal (aqui também entendido como Funchal-expandido) ou de outras localidades da Madeira, quanto a outras cidades e a outros locais.

Acolher-se-ão com interesse, propostas quer de ensaios escritos e de artigos (entre 2500 e 5000 palavras), quer de ensaios visuais (até 5 imagens + texto complementar, entre 500 e 1000 palavras), quer de recensões críticas (entre 1000/2000 palavras), redigidas em português, inglês ou francês, que, ocupando-se do tema “Modernidades”, abordem (não exclusivamente) tópicos como:

  1. Modernidades metropolitanas e modernidades locais e periféricas: dicotomias e/ou implicações? Perspetivas multidisciplinares;
  2. A marginalidade em agentes e fenómenos culturais dos séculos XX e XXI;
  3. Os media na difusão, legitimação e questionação de valores e discursos modernos;
  4. O Museu, o Arquivo, a Biblioteca, a Atividade Editorial, a Escola: o seu papel na revis(itaç)ão dos modernismos e das modernidades;
  5. Mobilidades modernas: tradução, modalizações culturais e transculturalidade;
  6. Natureza, arte, tecnologia e ciência: construção de saberes modernos; (re)criação; relação humana com o contexto eco-sociocultural;
  7. Repensar a polis e o espaço urbano modernos;
  8.  Sujeito moderno: crise e psicanálise.

As propostas de ensaios e de artigos deverão ser enviadas até 15 de outubro de 2019, para a coordenação da revista (translocal.revista@mail.uma.pt), incluindo também os seguintes elementos:

  • um resumo da proposta de texto submetida, em português e em inglês (até 200 palavras);
  • nome do(s) autor(es) e uma breve nota curricular (até 100 palavras).

Acolher-se-ão igualmente com interesse recensões críticas de livros que, provenientes de várias áreas académicas, culturais e artísticas, abordem questões relacionadas quer com os conceitos, fenómenos e experiências das modernidades, quer com as problemáticas que desses fenómenos e experiências decorrem. As propostas de recensões críticas deverão ser submetidas para o mesmo e-mail, até 15 de outubro de 2019.

Até 30 de outubro de 2019, a coordenação da revista informará os autores das propostas que forem aceites, procedendo-se depois ao processo de paginação e revisão dos textos selecionados para publicação.

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