Sob o tema geral de "A ilustração no livro infantil e juvenil contemporâneo: aproximações entre produção literária brasileira e estrangeira", a Miscelânea prepara o volume 32 - julho-dezembro de 2022, que ficará sob a responsabilidade de Eliane Galvão, João Luís Ceccantini e Carmen Franco-Vázquez. As contribuições serão recebidas até o dia 25 de abril de 2022.

Ementa:

A leitura acurada de imagens na sociedade contemporânea tem se mostrado bastante necessária, tendo em vista sua presença substantiva no cotidiano de crianças e jovens nos mais variados âmbitos e contextos e, particularmente, sob a forma de ilustração nos livros infantis e juvenis dirigidos a esse segmento de leitores em formação. Em âmbito escolar, nem sempre a leitura de livros com ilustrações diferenciadas, de alta pregnância e qualidade estética (OLIVEIRA, 2008), capazes de fomentar a constituição da memória afetiva e formar o olhar desde a infância, integra o repertório desses leitores (FERREIRA, 2012). Esses livros possuem elementos, como a materialidade, o formato, as cores nas ilustrações, o fundo das páginas, as guardas e lombadas, a composição, a tipografia, entre tantos outros, que merecem ser considerados como um todo em sua análise, uma vez que assumem papéis cada vez mais relevantes na construção de sentidos (RAMOS, 2017; LINDEN, 2011; NIKOLAJEVA, SCOTT, 2011). Neste dossiê, constrói-se a hipótese de que, pela comunicabilidade que esses livros estabelecem com o leitor implícito (JAUSS, 1994; ISER, 1996, 1999), podem suscitar a interatividade e a criatividade, revelando, assim, uma intenção de leitura (HUNT, 2010). Nessas obras, tanto o plano verbal quanto o imagético atuam em favor da construção de sentidos (GONZÁLEZ, 2017), revelando seu potencial para a formação do leitor estético (ECO, 2003). Almeja-se, neste dossiê, ampliar o debate acerca da produção e edição de livros ilustrados para o público infantil e juvenil realizadas neste século, refletindo cuidadosamente sobre suas características e tendências. Entre estas, cabe destacar recursos à metaficção, à paródia, ao hibridismo e ao dialogismo, inclusive com o universo das artes plásticas, bem como a inovações em projetos gráfico-editoriais e à exploração de temas contemporâneos, que tornem esses livros capazes de deslumbrar leitores de diferentes idades (HUTCHEON, 1991; FALCONER, 2009; BECKETT, 2009; YUNES, 2013; LINDEN, 2011; NIKOLAJEVA; SCOTT, 2011; SALISBURY; STYLES, 2013). Interessa, em síntese, observar, nas análises desses livros, qual é a relação que se estabelece entre ilustração e texto verbal, investigando em que medida essa tensão contribui significativamente para a formação de um leitor literário competente, sensível e criativo.

Referências

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