Métodos visuais para investigar a comunicação a partir de perspetivas criativas e multimodais
Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Portugal
Rotura - Revista de Comunicação, Cultura e Artes
Métodos visuais para investigar a comunicação a partir de perspetivas criativas e multimodais
Os métodos visuais oferecem uma via alternativa para explorar a realidade através de uma perspetiva visual mediada, com a intenção de transcender os limites e a especificidade disciplinar que restringem o potencial criativo das ciências sociais. Existe um consenso generalizado sobre a compreensão dos métodos visuais como aqueles que incorporam a criação visual no processo de investigação – ainda que vão além disso. Práticas mediáticas multimodais, abordagens sensoriais e métodos participativos ou colaborativos compõem este campo flexível e em constante evolução, caracterizado pela atribuição de sentido às representações e criações audiovisuais no próprio processo de investigação (Pink, 2009; Bouldoires et al., 2017; Yvart et al., 2023). Este movimento destaca-se pelo seu caráter independente, interdisciplinar e indisciplinado. As relações corporais e subjetivas (Ruby, 2000; MacDougall, 1995) que intervêm na experiência visual e constroem a representação exemplificam as múltiplas ambições destes métodos, que requerem uma reflexão sobre os dados gerados – nem sempre suficientemente considerada (Buckingham, 2009; Switzer, 2018). Abordagens como as de Cruz, Sumartojo e Pink (2017), bem como Ibáñez-Bueno e Marín (2021), centram-se em novos processos, ferramentas digitais e novas formas de escrita científica para explorar o seu potencial. Estas propostas permitem conceber formas integradas de produção e apresentação do conhecimento, como o webdocumentário, as narrativas transmédia ou os ambientes imersivos a 360º, que expandem os modos tradicionais de comunicar os resultados.
A criação visual enquanto ferramenta metodológica não implica que o objeto de estudo seja visual em si, mas enquanto método e abordagem está inegavelmente relacionada com os estudos da visualidade (Contreras e Marín, 2022) e com a prática comunicativa. As imagens podem desempenhar múltiplas funções nos processos de investigação e ser integradas de diversas formas: produzidas pelos participantes, criadas com objetivos experimentais, encontradas e utilizadas como dados empíricos ou enquanto artefactos evocadores. Podem ser teorizadas, utilizadas para obter novos dados, para documentar processos ou para explorar representações e interpretações subjetivas e partilhadas. A ambição integradora dos métodos visuais questiona a ética, a visualidade, o olhar, o papel e a corporeidade do/a investigador/a, bem como as formas de criar e partilhar o conhecimento.
Imagem de capa: Instalação "Artificial Life: One Lag at a Time", de Ary-Yue Huang e Varvara Guljajeva (ARTECH 2023 - Faro)
TEMAS POSSÍVEIS
Convidamos à submissão de artigos, tanto empíricos como teóricos, que reflitam sobre as formas de investigação visual.
- Metodologias visuais e tecnologias emergentes
- Visão e inteligência artificial nas metodologias visuais de investigação
- Interseções entre métodos visuais e práticas de investigação-criação
- Estudos críticos sobre ética interpretativa nos processos de investigação visual
- Criação e estética científica visual: pós-documentário, imersivo, interativo ou transmédia
- Casos e restituições visuais digitais de investigação
- Epistemologia e estudos sobre a visualidade algorítmica
- Análise de políticas visuais algorítmicas no reconhecimento de regimes escópicos
DATAS-CHAVE
Prazo para apresentação de propostas: 27 de fevereiro de 2026
Notificação de aceitação: 30 de abril de 2026
Apresentação da versão final: 29 de maio de 2026
Publicação: 30 de julho de 2026
COORDENADORES
Alba Marín Carrillo, Universidad de Extremadura (España)
Charles-Alexandre Delestage. Université Bordeaux Montaigne (Francia)
Fernando Contreras Medina. Universidad de Sevilla (España)
Ricardo Ignacio Prado Hurtado. Universidad Anáhuac (México)
Noa Real García. Universidad de La Laguna (España)
Alba Marín. Professora Ayudante Doutora na Universidade da Extremadura (Área de Comunicação Audiovisual e Publicidade). Foi investigadora pós-doutoral na Universidade de Sevilha (NextGenerationEU) e professora ATER no Departamento de Communication Hypermédia da Université Savoie Mont Blanc. Doutora internacional em Comunicação pela Universidade Grenoble Alpes / USMB e pela Universidade de Sevilha. Maître de Conférences em Ciências da Informação e da Comunicação (secção 71) e membro dos grupos SEJ003: AR-CO (Área de Comunicação) e HUM868: Estudos Visuais, Arte e Património Cultural. O seu trabalho explora a importância social da imagem, o ativismo dos media e o documentário social no âmbito dos Estudos e Métodos Visuais.
Charles Alexandre Delestage. Professor Associado em Ciências da Informação e da Comunicação no Departamento Métiers du Multimédia et de l’Internet (MMI) e membro do laboratório MICA da Université Bordeaux Montaigne (França). Doutor em Informação e Comunicação pela Université Polytechnique Hauts-de-France. Leciona sobre comunicação audiovisual e produção de mediações imersivas. A sua investigação centra-se no uso de métodos visuais para a recolha subjetiva de dados sobre a experiência emocional do indivíduo (desenvolvimento do Spot Your Mood) e na receção das tecnologias imersivas na cultura.
Fernando Contreras Medina. Professor Catedrático do Departamento de Jornalismo 1 na Universidade de Sevilha, onde leciona Cibercultura, Design e Estudos Visuais. É autor de El cibermundo. Dialéctica del discurso informático (1998), um dos primeiros estudos narrativos em Espanha sobre videojogos. As suas publicações mais recentes incluem Estudios Visuales en Brasil (2022), El arte en la cibercultura. Introducción a una estética comunicacional (2018) e La desobediencia visual. Estética de los movimientos sociales del siglo XXI (2021).
Ricardo Ignacio Prado Hurtado. Professor-investigador e coordenador de pós-graduação no Centro de Investigação para a Comunicação Aplicada (CICA) da Universidad Anáhuac México. Diretor Geral Executivo da Mostrotown Publicidade. Doutor em Investigação da Comunicação pela Universidad Anáhuac México e Doutor em Ciências da Informação e da Comunicação pela Université Savoie Mont Blanc, onde também atua como investigador associado no laboratório LLSETI. A sua investigação centra-se em Métodos Emergentes de Investigação (MEI), estudos de publicidade e contramarketing, bem como em food studies e comunicação para a saúde alimentar.
Noa Real García. Professora de Design na Universidade de La Laguna (ULL) em Espanha e Diretora da Aula Cultural de Diseño. É doutorada internacional em Ciências da Informação e da Comunicação pela Université Savoie Mont Blanc e em Belas Artes – Design pela Universidade de La Laguna. Recebeu vários prémios, tanto pelo seu trabalho de investigação como pela sua atividade como designer gráfica profissional. É membro do Grupo de Investigação e Inovação em Design (ULL) e do Instituto Universitário de Estudos da Mulher (IUEM). A sua investigação centra-se principalmente na história do design nas Ilhas Canárias, nos cartazes e nos critérios de bom design.
A Rotura é indexada em RCAAP, DOAJ, Scielo, Google Scholar, Latindex, ERIHPLUS, SUDOC, ROAD, Jisc, INDEXAR, Scopus e Elsevier.


