Domingo, 28 de Abril de 2024
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Histórias em quadrinhos Latino Americanas: a história contemporânea na cultura de massas

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Chamada para artigos, Estudos Latino-Americanos, História, Histórias em Quadrinhos

Dossiê - Histórias em quadrinhos Latino Americanas: a história contemporânea na cultura de massas. 

Edição de jun./jul. 2022 v.17 n.30

Organizadores

Profa. Dra. Talita Sauer Medeiros (UFGD)
Prof. Dr. Rogério Ivano (UEL)

As histórias em quadrinhos (HQ’s)[1] são uma forma de expressão artística contemporânea na qual, quadro a quadro, cria-se uma sequência de ações que estruturam uma história com começo, meio e fim, compostas de elementos, normativas e códigos próprios. Embora dialogue com o cinema e a literatura, é uma mídia autônoma, cuja linguagem é bastante rica e constituída por diversos elementos como planos, temas e formas narrativas, recorrendo à linguagem visual para simular tempo e ação. Uma história em quadrinhos pode ser aparentemente simples, porém, integra as regências da arte (como a perspectiva, simetria, traço), e as regências da literatura, tais como a gramática, o enredo e a sintaxe, que se superpõem mutuamente, tornando sua leitura um ato de percepção estética e de esforço intelectual. Conjugando em sua narrativa elementos verbais e não verbais, utilizando-se de uma combinação entre imagem e texto, de um ritmo próprio e muitas vezes do humor.

O leitor contemporâneo é um conhecedor dessa forma de linguagem, apto a entender o que a narrativa dos quadrinhos, e sua mescla verbal e não verbal quer dizer. Uma característica particular desta linguagem é o fato de se valer da experiência comum do criador e do leitor, já que uma compreensão adequada depende de um elemento importante por parte do leitor: a conclusão, ou seja, o processo mental de observar as parte e perceber o todo. Isso porque, ao ler uma HQ o espaço entre um quadro e outro é preenchido pela imaginação do leitor, que num “pacto” entre produtor e receptor, presume as intenções do primeiro. Conectando os momentos desenhados e concluindo mentalmente uma realidade contínua e unificada, o leitor é um colaborador consciente e voluntário, e a conclusão é o agente da mudança, tempo e movimento.

Da mesma forma que a apreciação, o desenvolvimento das HQs também está associada a seu contexto. A modernidade desencadeou, em especial a partir de meados do século XX, através das novas concepções de mercado, de industrialização e comunicação, um universo diferente do transcorrido até então. Surge a cultura pop, que com o seu grande alcance, remodela e reconfigura a própria ideia de cultura popular ao fazer propagar através da cultura midiática expressões culturais de ordem diversas como filmes, seriados, músicas e quadrinhos. Apesar de sua grande difusão e popularização através de linguagens e estratégias que atingem diretamente o público receptor, as expressões culturais da cultura pop, possuem uma instigante contradição, pois habitam curiosamente um lugar entre o produto de massa e a condição de um produto diferenciado, estando de um lado seu aspecto serial, a produção massiva, e de outro, o modo como os produtos pop servem para demarcar experiências diferenciadas através de produtos midiáticos, que nem por isso deixam de ser ‘populares’. A partir de um gosto comum por um produto midiático, se estabelece uma identidade e conjuga-se todo um “universo” próprio pertencente aos que dela partilham.

A história do desenvolvimento dos quadrinhos é bastante interessante, por um bom tempo as HQs estiveram cercadas por preconceitos que lhes renderam uma desvalorização no campo das artes, fazendo com que fossem vistas apenas como um produto juvenil e/ou entretenimento barato. Contudo, atualmente é comum o uso da alcunha de “nona arte” ao referir-se a esse objeto, conferindo-lhe o merecido reconhecimento e agregando- os à música, a dança, a pintura, a escultura, a literatura, o teatro, o cinema e a fotografia, enquanto categoria artística. Esse dossiê abre espaço para trabalhos que discutam os quadrinhos enquanto meio, a maneira como as histórias em quadrinhos se desenvolveram no Brasil e na América Latina, seus artistas, editoras, coletivos, adaptações, etc. Suas relações com outras tradições dos quadrinhos e suas características próprias.

Considerando que as imagens estão imbricadas nas práticas culturais e no humano, as HQs podem ser ricas fontes de pesquisa, pois, estão repletas, de ressonâncias, de temporalidades, de história, carregadas de memórias e de referências. São um produto de seu tempo e também, trazem fatos, momentos históricos e debates culturais e sociais em seus enredos. A intenção desse dossiê é acolher trabalhos dedicados tanto à história das HQs na América Latina, quanto aos momentos históricos referentes a latino América tratados nas obras, ou seja, trabalhos que utilizem as HQs enquanto fontes históricas.

 

[1] Existem outras conceituações que definem gêneros próximos às histórias em quadrinhos, como o cartum, a charge e a caricatura, dos quais a HQ se diferencia devido a necessidade de haver uma ação, de onde deriva a  alcunha “arte sequencial”.

Deadline: 29 de abril de 2022

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