Sábado, 11 de Maio de 2024
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Escrever com os Pardais: notas para uma zoopoética

Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Chamada para livros, Literatura

Chamada de Artigos

Col. Cassiopeia

(dezembro de 2024)

Título: Escrever com os Pardais: notas para uma zoopoética

Org. Helena I. Lopes (ILCML / BIFEGA) e Ana Carolina Meireles (FLUP)

 

A literatura contemporânea tem explorado múltiplas abordagens do imaginário animal, em grande parte motivadas pela crise ambiental vigente, e procurando novas formas de interagir com o mundo. Explorando as relações entre o humano e o não humano, são desenvolvidas novas correntes teóricas, como a ecocrítica e os estudos de animais, que cruzam diferentes áreas das ciências humanas e naturais (biologia, filosofia, psicologia, sociologia). Estes estudos analisam os estatutos político, ético, social e cultural dos não humanos, contribuindo para o desenvolvimento de abordagens críticas como o pós-humanismo e o pós-antropocentrismo. O termo ‘zoopoétique’, proposto por Jacques Derrida em L’Animal que donc je suis (2002), pressupõe um contrato de contemplação entre os animais humano e não humano, percecionando o outro como um sujeito aberto. Destarte, a zoopoética investiga a agência do animal no fenómeno literário, reconhecendo-o como um sujeito sensível, capaz de produzir linguagem e pensamento. Contrariando a teoria de Martin Heidegger (o animal pobre de mundo pela sua ausência de linguagem), Derrida afirma que apenas a poesia pode compreender o pensamento animal, ultrapassando os moldes convencionais do pensamento: “o pensamento do animal, se ele existir, cabe à poesia”. Ou, nas palavras de Aaron M. Moe, em Zoopoetics animals and the making of poetry (2014): “quando […] o poeta descobre novos gestos através do seu envolvimento com os animais, o processo de poiesis torna-se um evento multiespécies”. É neste sentido que Adília Lopes, em Pardais (2022), escreve: “Gostava que os meus poemas fossem pardos, modestos, pequenos, lisboetas como os pardais e que tivessem o som do piar dos pardais”, numa aprendizagem da escrita com o mundo animal.

Este volume da coleção Cassiopeia pretende, através do estudo da literatura e de outras práticas artísticas, aprofundar o conhecimento sobre as representações do animal na poesia e nas outras artes, e contribuir para o desenvolvimento dos estudos pós-antropocêntricos, motivando uma melhor compreensão do mundo animal e do equilíbrio entre as espécies humana e não humana.

Eixos temáticos propostos:

  1. representações do animal não humano na literatura e outras artes
  2. estratégias narrativas: somatizações do animal na literatura
  3. exploração do animal híbrido e/ou metamorfoseado
  4. arquétipos e significados dos animais nos diferentes contextos culturais
  5. desconstrução do binómio civilização/natureza
  6. confrontos sociais, morais e éticos do universo animal
  7. receção e influência da zooliteratura
  8. impacto da era digital na criação e/ou análise do imaginário animal
  9. violência, manipulação e extinção
  10. contributo para a consciencialização da causa animal e ambiental

Convidamos ao envio de trabalhos até 30 de junho de 2024.

Aceitamos artigos completos e inéditos em português, inglês, francês ou espanhol. Todos os textos serão submetidos a um processo de revisão anónima por pares e devem respeitar rigorosamente as normas de publicação correspondentes às revistas do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, expostas AQUI.

Os artigos devem ser enviados para o email: livrozoopoetica@gmail.com

Para esclarecimento de dúvidas ou manifestações de interesse preliminares, contactar por favor as organizadoras do número através do email: livrozoopoetica@gmail.com

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