Domingo, 14 de Dezembro de 2025
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Dossiê: História do Livro e da Edição: objetos, problemas e rumos

Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Edição, História, Livros

Boletim da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra

Call for Papers, Volume 55 (2025)

Título do dossiê: História do Livro e da Edição: objetos, problemas e rumos

Editor/coordenador: Nuno Medeiros, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Tomado como uma das expressões mais elevadas de uma cultura estribada no texto escrito e na capacidade da sua descodificação através das práticas de leitura, o livro configura um universo rugoso e contraditório. Objeto de natureza instável e poliédrica, ao livro é outorgado o atributo – ou estatuto – de eixo de ordenação do mundo. O livro e os processos adstritos à sua existência e produção (da criação à mediação, da prescrição de sentido à circulação, passando pela apropriação recriadora) emergem como elementos que conferem identidade e legitimidade. Objeto que encerra a dupla condição de ideia(s) e materialidade(s), o livro é em grande medida definido por atividades como a da edição, que o enuncia. De certa maneira, a edição é representada a partir do livro, sendo ela própria uma instância de construção dessa representação, do objeto que consagra e do mercado que institui ou conforma.

Atravessado por tensões diversas, sobretudo de feição histórica, o campo dos estudos do livro corresponde a um edifício de linhas heterogéneas, paradoxais mesmo, para recorrer à proposição de James Carey, da denominada explosão da pesquisa sobre o livro, a edição e a leitura das décadas de 1970 e 1980 ao crescimento das angústias centradas na crise (como a da leitura) e no desaparecimento (do livro), desencadeadas pelas transformações sociais de acesso à informação e ao conhecimento, decorrentes da mudança tecnológica, sobretudo a digital (na sua relação com a interconectividade e com a intermedialidade).

Para além da abordagem historiográfica, nas suas relações mais antigas e complexas com áreas como a análise literária, codicológica, económica, artística ou documental, a expansão e institucionalização da investigação em torno do livro emergiram como território que se soube firmar-se e autonomizar-se no seio do amplo conjunto das humanidades e das ciências sociais. Ganhou espaços de cruzamento com domínios tão diversos como a geografia, a antropologia, a sociologia ou as relações internacionais, mas também com áreas mais recentemente colocadas como axiais no entendimento do tema na sua multiplicidade de ângulos e casos, de que a cibernética e a informática são exemplos inequívocos.

Olhar para o livro numa perspetiva histórica é hoje olhar para o mundo multímodo e granular cuja observação estilhaçou a transparência e estabilidade que lhe foram longamente associadas. O lugar ao interstício, à surpresa, ao matiz e à ambivalência como dimensões interpretativas não conduz, nem pode evidentemente conduzir, à desvalorização do estudo do livro manuscrito ou impresso nem das propostas de análise de cariz mais formalista ou assente nas práticas e nas lógicas cultas.

O dossiê “História do Livro e da Edição: objetos, problemas e rumos” apela a artigos de temática e natureza variadas, que incidam em observatórios empíricos particulares e de escala diversa ou correspondam a tópicos de discussão epistémica e teórico-conceptual. As propostas devem contribuir para aprofundar e alargar os debates e sublinhar os desafios que se colocam ao estudo do livro, dos processos e das práticas que o rodeiam: do códice à declinação digital. Entre os temas possíveis, sugerem-se os seguintes:

  • A circulação do livro
  • Editores e casas editoriais
  • Livreiros e livrarias
  • Livro e inovação
  • Livro e mercado(s)
  • Livro e poder(es)
  • Livro e práticas de leitura
  • Livro e vanguarda(s)
  • Livro, intermedialidade e transmedialidade
  • O livro como instância material e imaterial
  • O livro mediado ou expandido
  • Práticas editoriais
  • Tecnologia do/no livro

Apresentação de artigos

Prazo: 31 de outubro de 2025. Os autores devem registar-se e carregar os ficheiros através da plataforma da revista: https://impactum-journals.uc.pt/bbguc/login Diretrizes para autores: https://impactum-journals.uc.pt/bbguc/about/submissions. Esclarecimentos adicionais podem ser obtidos junto do editor deste número, Prof. Nuno Medeiros, nmedeiros@letras.ulisboa.pt

Calendário de produção

  • submissão de artigos: 31 de outubro de 2025
  • avaliação das submissões: 15 de dezembro de 2025
  • edição dos textos aceites para publicação: 31 de janeiro de 2026
  • composição, paginação e revisão de provas: 28 de fevereiro de 2026
  • publicação eletrónica e em papel: abril de 2026

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