Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025
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Chamada para trabalhos: Artivismo Digital - Interseções entre Arte, Ativismo e Transformação Social

Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Arte Digital, Chamada para artigos, Comunicação

Rotura - Revista de Comunicação, Cultura e Artes

Numa era definida pela saturação digital, conetividade ubíqua, controlo algorítmico e fluxos de informação globais, o Artivismo Digital emergiu como um poderoso modo de resistência criativa. Funciona na intersecção da inovação artística e da intervenção política, utilizando ferramentas, plataformas e estéticas digitais para questionar narrativas dominantes, expor injustiças e mobilizar comunidades para a transformação social. A rápida expansão das redes sociais e da partilha digital remodelou o terreno do ativismo. Desde o imediatismo dos memes virais que satirizam os líderes políticos até à proliferação de subvertising - a apropriação e alteração da publicidade corporativa para revelar ideologias de exploração subjacentes - o Artivismo Digital prospera com a remistura, a visibilidade e a perturbação. Os ativistas criaram campanhas de GIFs, arte interativa na Web, contra-narrativas geradas por IA e intervenções de realidade aumentada que se relacionam de forma crítica com o espaço público, as políticas de classe e de identidade, a urgência climática e a cultura da vigilância. Formas mais radicais - e muitas vezes ilegais - como o hacktivismo, desafiam as instituições através de ações digitais diretas, que vão desde a desfiguração de sítios Web e fugas de dados a perturbações táticas de infraestruturas estatais e empresariais. Projetos como as operações online do coletivo Anonymous, as travessuras dos The Yes Men ou os  hackings artísticos com carga política de coletivos como o !Mediengruppe Bitnik, exemplificam a forma como as ferramentas digitais podem ser utilizadas como armas estéticas e políticas para exigir transparência e responsabilidade. O Artivismo Digital também aparece em práticas artísticas generativas que utilizam sistemas algorítmicos para criticar a parcialidade dos dados, em coletivos de net-art que concebem plataformas de protesto anónimo ou em performances de realidade estendida (XR) que reimaginam histórias e possíveis futuros de resistência. O que une estas formas variadas é a sua capacidade de provocar uma reflexão crítica ao mesmo tempo que envolve os públicos através da cultura visual, da literacia digital e da participação em rede. Como tal, o Artivismo Digital não é apenas um método de intervenção, mas também um meio de contar histórias, construir comunidades e imaginar alternativas.

Convidamos contribuições que abordem as dimensões teóricas, históricas, metodológicas e práticas do Artivismo Digital, particularmente aquelas que examinam o seu potencial transformador nas sociedades atuais saturadas de media. São bem-vindos diversos formatos de materiais não publicados anteriormente, incluindo artigos de investigação, reflexões baseadas na prática, estudos de caso e análises interdisciplinares. As contribuições devem oferecer uma visão original do potencial transformador das práticas criativas digitais na intersecção da arte e do ativismo. As contribuições podem abordar, mas não se limitam aos seguintes temas:

1. Histórias e Genealogias do Artivismo Digital

Incentivamos contribuições que contextualizem as origens, trajetórias e evoluções do Artivismo Digital no âmbito de narrativas mais amplas de resistência política, inovação artística e desenvolvimento tecnológico.

2. Quadros teóricos e conceptuais

As contribuições nesta categoria podem envolver-se em debates conceptuais em torno do Artivismo Digital, incluindo práticas de apropriação, cultura remix, subvertisingculture jamminghacktivismo, media táticos e outras formas de intervenção híbrida ativista-artística.

3. Pedagogias críticas e formas de arte digital inclusivas

Este tema centra-se na intersecção entre práticas artivistas e pedagogia crítica. Procuramos analisar o modo como a estética relacional, as abordagens artísticas socialmente transformadoras e as práticas de arte digital interventiva operam em contextos educativos para promover o pensamento crítico e a consciência social.

4. Artivismo Digital e Co-construção da Comunidade

Convidamos à exploração da forma como o Artivismo Digital contribui para a (co)(re)construção de identidades comunitárias e minoritárias, particularmente em resposta à marginalização sistémica social, política ou cultural. A ênfase deve ser colocada em práticas que privilegiem os direitos humanos, a agência coletiva e a resiliência cultural.

5. Artivismo Digital e a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável

Apelando a reflexões sobre o papel do Artivismo Digital no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente no que diz respeito à justiça ambiental, à ação climática e à defesa de ecossistemas sustentáveis através da prática criativa.

6. Metodologias de prática e participação

Incentivamos a apresentação de trabalhos que examinem quadros metodológicos no âmbito do Artivismo Digital, em particular os que ativam processos participativos e co-criativos. São bem-vindos estudos de caso e investigação orientada para a prática que explorem a forma como as estratégias artivistas promovem o envolvimento cívico.

7. Entre a Arte Política e a Arte Ativista

Procuramos reflexões críticas sobre as distinções conceptuais e práticas entre arte política e arte ativista, considerando os seus respetivos objetivos, públicos, modos de intervenção e impacto sociopolítico.

Datas importantes:

Data-limite para submissão de trabalhos: 2025-09-15

Notificação de aceitação: 2025-11-15

Envio da versão final: 2025-12-31

Publicação: 2026-02-01

Editores:  Isabel Cristina Carvalho (CIAC, Universidade Aberta), Marc Garrett (Furtherfield, Ravensbourne College of Design and Communication) e Pedro Alves da Veiga (CIAC, Universidade Aberta).

Isabel Carvalho é artista e investigadora, com formação em Arquitetura e doutorada em Média-Arte Digital (2016), com foco em media-locativos e fluxos urbanos. Foi investigadora de pós-doutoramento em Animação Computacional na Universidade de Bournemouth (2018-2019). Atualmente, é investigadora no CIAC, Universidade Aberta, onde estuda processos de mapeamento comunitário e colaborativo, e a relação entre pessoas, espaços e tecnologia, focando-se nas interações entre o real e o virtual em experiências urbanas híbridas através da média-arte locativa.

Marc Garrett é um artista, escritor, ativista e curador. Co-fundou o coletivo de artes da Internet Furtherfield com Ruth Catlow em 1996 e em conjunto têm dirigido a respetiva Galeria e Laboratório em Finsbury Park, Londres, desde 2004. Foi curador de inúmeras exposições e publicações de média-arte, incluindo Artists Re: Thinking the Blockchain (2017) e Frankenstein Reanimated (2022). A sua biografia biopolítica Feral Class será publicada no verão de 2025, seguida de 30 Years of Furtherfield (outono de 2025), co-editada com Regine DeBatty e Martin Zellinger.

Pedro Alves da Veiga é atualmente Professor e Subdiretor do Doutoramento em Média-Arte Digital da Universidade Aberta, em Portugal. A sua investigação situa-se nas fronteiras entre os campos da arte, ciência, tecnologia e sociedade, centrando-se no impacto das economias da atenção e da experiência nos ecossistemas da média-arte digital, na curadoria digital e nas metodologias de investigação baseadas em prática artística. Enquanto artivista, Veiga explora a arte generativa, sistemas interativos, programação criativa, assemblage e audiovisuais digitais.

Rotura é indexada em RCAAP, DOAJ, Scielo, Google Scholar, Latindex, ERIHPLUS, SUDOC, ROAD, Jisc, INDEXAR, Scopus e Elsevier.

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