Sexta-feira, 19 de Abril de 2024
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Chamada para publicação Nº 22 (2022) Dossiê "Liberta tuas raízes, Brasil! Reflexões decoloniais sobre o Bicentenário da Independência do Brasil e Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922"

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, Estudos Latino-Americanos

O Dossiê da 22ª edição da MOSAICO propõe uma reflexão decolonial para o marco dos 200 anos da Independência do Brasil e do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, nas áreas de Ciências Humanas e Sociais.

Para iniciar, por meio de uma pequena digressão, recorremos ao significado de “independência” trazido pelo Dicionário Michaelis, para entendermos um conceito aparentemente ordinário e que neste contexto vêm bastante associado à palavra “comemoração”. 

Independência: 1 – Estado, condição ou característica daquele que goza de autonomia ou de liberdade completa em relação a alguém ou algo; 2 – Caráter ou qualidade de alguém ou daquilo que não se deixa influenciar ao fazer julgamento; isenção, imparcialidade; 3 – Caráter ou qualidade de alguém ou daquilo que rejeita conceitos, ideias, regras predeterminados; autonomia; 4 – Caráter ou qualidade de quem rejeita qualquer tipo de submissão; 5 – Falta de relação de subordinação entre duas ou mais coisas; 6 – Caráter de um estado que não se acha submetido à soberania política de uma outra nação; autonomia política; 7 – Condição financeira favorável de alguém ou de uma instituição, sem que precise depender de outrem.(1) 

Assim, somos de fato independentes ou apenas uma etnia, credo, sexualidade e classe econômica é livre no Brasil? O que temos a comemorar?

Os modernistas de 1922 tentaram com a cultura criar narrativas que demonstrassem a nossa “independência”, bem alinhadas ao que o significado acima representa. Antropofágicos, se apropriaram ruidosamente dos modelos europeus e deglutiram, juntamente com o que viram e absorveram do que acreditavam ser o Brasil profundo. Por meio de Macunaímas e Abaporus forjaram idealmente a valorização para uma terra e uma gente que pouco se conhecia, abrindo caminhos para discussões sobre identidade, memória coletiva e patrimônios. Todavia, nossa arte de fato é influenciada por nossas raízes ancestrais? Há uma “arte brasileira” genuína que dê conta das múltiplas manifestações culturais de um país de dimensões continentais e tanta desigualdade social?

Deste modo, propomos uma reflexão sobre a memória oficial da Independência do Brasil e da Semana de Arte de 1922, a partir desses primeiros questionamentos, e recorremos aos estudos decoloniais, que desde a década de 1990 vêm trazendo novas luzes para o pensamento acadêmico por meio da problematização e revisão da constituição histórica eurocêntrica da modernidade na América Latina. Acreditamos que com novos recortes e novas questões seja possível abordar temas mais plurais em nossa história e sociedade, dizer o indizível, aquilo que foi calado. A partir de um recorte étnico, convidamos também ao envio de trabalhos que abordem temas caros aos nossos indígenas, afro-brasileiros, quilombolas, ribeirinhos, campesinos, imigrantes e seus descendentes minoritários. 

A ideia dessa edição é dar vez e voz a todos os silêncios desses 200 anos de Independência e 522 anos de Brasil. 

Para responder a tais inquietações, são sugestões de temas a serem abordados nesta edição (não limitados a eles):

  • Reflexões decoloniais sobre a Independência do Brasil e a Semana de Arte Moderna de 1922;
  • Sexualidades e afetividades;
  • Geografias, lugares e territorialidades (demarcação de terras, reforma agrária, preservação dos quilombos, imigração, relações entre espaço público e privado, disputas no espaço urbano);
  • Arte, tradições e manifestações culturais;
  • Educação: Diversidade, Diferença e Inclusão;
  • Qualidade de Vida e Promoção da Saúde;
  • Mundo do Trabalho;
  • Movimentos Sociais;
  • Trajetórias de vida e carreira;
  • Formação de Professores indígenas e quilombolas na Educação Superior;
  • Racismo, Antissemitismo e Xenofobia;
  • Criminalidade e violência (violência urbana, violência de Estado, violência no campo);
  • Didática e Concepções Teórico-Metodológicas decoloniais de Ensino na Educação Superior;
  • “Lugares de fala” e “liberdade de expressão”;
  • Representatividade, identidade, memória e patrimônios;
  • Apagamentos culturais.

Esperamos contribuir com as “comemorações” dos 200 anos da Independência do Brasil e do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, pois a memória do nosso povo é plural e queremos ouvir todas as nossas vozes. 

As submissões de artigos, notas de pesquisa e entrevistas relacionadas com o Dossiê, assim como de artigos livres relacionados com a orientação geral da MOSAICO,  devem ser apresentadas até 31 de julho de 2022, por meio do portal da revista, de acordo com as REGRAS DE SUBMISSÃO para os autores e utilizando obrigatoriamente o TEMPLATE fornecido.

(1)INDEPENDÊNCIA. In: DICIONÁRIO Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/independencia. Acesso em: 05 mar. 2022.

 


Mosaico é uma publicação científica semestral do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (PPHPBC) da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV/CPDOC), com sede na cidade do Rio de Janeiro.

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