Quinta-feira, 18 de Abril de 2024
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Chamada para publicação da Revista Littera

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Chamada para artigos, Letras, Língua, Linguística, Literatura

A revista Littera, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) (ISSN 2177-8868) seleciona trabalhos para seus próximos dois números. O primeiro, dedicado aos Estudos Literários, publicará trabalhos que versem sobre temas relacionados à construção de subjetividades em diversas materialidades enunciativas. A segunda chamada busca artigos sobre “Tradução literária”. O prazo máximo para o envio de trabalhos é o 06 de maio de 2019. Os textos encaminhados para a revista devem ser escritos em língua portuguesa, inglesa, francesa ou espanhola.

A revista aceita trabalhos acadêmicos na área de Letras em geral (Literatura Brasileira ou Estrangeira, Língua Portuguesa, Linguística etc.) de autoria de professores/pesquisadores (mestres ou doutores) e discentes de programas de pós-graduação.
 


v. 10 n. 19 (2019) – Estudos da Linguagem (seção temática e seção livre)
Seção temática: Discurso, poder e verdade: a construção de subjetividades em diversas materialidades enunciativas
Organizadores: Claudemir Sousa (UEMA/UNESP) e Ilza Galvão Cutrim (UFMA)
Prazo para submissão (por e-mail): até 06 de maio de 2019. Publicação prevista para agosto de 2019.

 

v. 10 n. 20 (2019) – Estudos Literários (seção temática e seção livre)
Seção temática: Tradução literária: leituras e criação
Editores: Emilie Audiger (UFMA) e  Marlova Aseff (PNPD/PGET/UFSC)
Prazo para submissão (por e-mail): até 06 de maio de 2019. Publicação prevista para agosto de 2019.

 


v. 10 n. 19 (2019) – Estudos da Linguagem (seção temática e seção livre)

Seção temática: Discurso, poder e verdade: a construção de subjetividades em diversas materialidades enunciativas

Organizadores: Claudemir Sousa (UEMA/UNESP) e Ilza Galvão Cutrim (UFMA)

 Ementa: As verdades, para Foucault, se organizam em torno de contingências históricas, se modificam com o tempo e estão em perpétuo deslocamento, sustentadas por instituições que as impõem e reconduzem. São as vontades de verdade de determinada época que, nesse contínuo jogo de deslocamento, engendram as subjetividades, constituindo o que somos hoje. Para esta seção temática, intitulada “Discurso, poder e verdade: a construção de subjetividades em diversas materialidades enunciativas”, a Revista Littera Online estará recebendo artigos que analisem, em enunciados diversos, como a verdade participa da construção de subjetividades, a partir dos escritos de Michel Foucault.


v. 10 n. 20 (2019) – Estudos Literários (seção temática e seção livre)

Seção temática: Tradução literária: leituras e criação

Editores: Emilie Audiger (UFMA) e  Marlova Aseff (PNPD/PGET/UFSC)

Ementa: Conforme André Lefevere (2007), as reescrituras, sobretudo os textos traduzidos, tendem a desempenhar um papel tão importante no estabelecimento de um sistema literário quanto o das escrituras originais, não somente porque a maioria dos leitores tem acesso aos textos da tradição ocidental por meio de traduções, mas porque esse sempre foi um meio eficaz tanto de afirmar quanto de repelir modelos literários. Não obstante o fato de ser uma atividade muitas vezes ocultada e relegada a segundo plano, é inegável que a tradução, desde os seus primórdios, foi responsável pela importação de formas, gêneros e procedimentos estilísticos de uma língua e literatura à outra. Conforme explica Octavio Paz, a chamada evolução literária sempre foi movida por tais encontros:

"Os grandes períodos criadores da poesia do Ocidente, desde sua origem na Provença até os nossos dias, foram precedidos e acompanhados por cruzamentos entre diferentes tradições poéticas. Esses cruzamentos às vezes adotam a forma de imitação e outras vezes a de tradução. Desse ponto de vista, a história da poesia europeia poderia ser vista como a história das diversas conjunções que compõem a chamada literatura do Ocidente, para não falar da presença árabe na lírica provençal ou a do haiku e da poesia chinesa na poesia moderna" (PAZ 1991, p. 157).

Para explicar o fenômeno de uma literatura tornar-se fonte de empréstimos para outra, o teórico israelense Even-Zohar propôs o conceito de “interferência”. Segundo ele, “a interferência pode ser definida como uma relação entre literaturas, mediante a qual uma dada literatura ‘A’ pode tornar-se fonte de empréstimo direto ou indireto para outra literatura ‘B’ (literatura meta)” (EVEN-ZOHAR, 1990, p. 57).

Neste sentido, ler a partir da escrita do outro é uma confrontação vertiginosa como constatam os escritores-tradutores Rainer Maria Rilke, Samuel Beckett ou Wladimir Nabokov. Yves Bonnefoy ressalta que “Se a tradução não é uma cópia, e uma técnica, mas um questionamento, e uma experiência, ela pode se inscrever – se escrever – apenas na duração de uma vida, e necessita de todos seus aspectos, todos seus atos. E isto não exige que o tradutor seja “poeta”, por outro lado. Mas implica certamente que se ele se escreve também, ele não poderá ter a tradução como parte separada de sua própria obra.” (BONNEFOY, Entretiens sur la poésie, 1990, p. 153-154)

Fato é que, no Brasil, a literatura traduzida tem ocupado, ao longo da sua história literária, um lugar importante na renovação do sistema literário local. Uma vez que a profissionalização dos tradutores no Brasil ocorreu tardiamente, somente em meados do século 20, não é de se estranhar que os próprios escritores e poetas tenham assumido a tarefa de traduzir o texto de seus pares, num trabalho paralelo ao da criação considerada “autoral”. Por isso, podemos afirmar sem medo de errar que no sistema literário brasileiro há uma larga tradição de escritores e poetas que se dedicaram à tarefa da tradução em diversos momentos históricos e com variados objetivos. Podemos citar desde Gregório de Matos Guerra, que fez paráfrases e imitações de poemas de Quevedo e de Gôngora no período do Brasil Colônia, passando pelos poetas do Arcadismo (século 18) que se espelhavam nos modelos italianos, sendo que Basílio da Gama e Cláudio Manuel da Costa traduziram vários libretos de ópera e poemas do italiano Pietro Metastásio (COUTINHO, 1999, p. 43), chegando-se ao Romantismo, época em que grandes literatos como Machado de Assis, Gonçalves Dias e Castro Alves dedicaram-se à tradução literária de gêneros tão diversos como o romance-folhetim, o drama e a poesia. Na transição entre o Romantismo e o Simbolismo, no decênio de 1870, foi marcante a influência das traduções de Baudelaire por poetas brasileiros, conforme descreveu Antonio Candido no ensaio “Os primeiros baudelairianos”. Tais traduções, segundo o crítico, “definiram os rumos da produção poética, traçando a fisionomia de uma fase [da literatura brasileira]” (CANDIDO, 2006, pp. 28-31). Chegando ao século XX, após o início da consolidação do mercado editorial no Brasil a partir da década de 1930 e 1940, os anos 1960 constituíram um marco na tradução de poesia no Brasil, enquanto os anos 1980 assistiram a um boom na edição de traduções sem precedentes. De fato, a segunda metade do século 20 no Brasil foi um período de grandes transformações no cânone literário e também na forma de se entender a tradução. No caso da tradução de poesia, a atividade passou a ser compreendida como uma forma de crítica, ideia preconizada por Ezra Pound, e as escolhas tradutórias ganham um sentido de disputa pelo centro do cânone.

Da mesma forma, nas reflexões de Jorge Luís Borges sobre a tradução, ele anuncia um tempo em que os tradutores poderão se livrar dos “elementos circunstanciais de uma beleza” (vinculado a um padrão específico), e deseja obter não apenas “boas” traduções, ou seja, criativas, mas também “reconhecidas” como é o caso de Homero traduzido por Chapman, de Rabelais de Urquhart, ou da Odisseia de Pope, ou seja, que marcaram e pertencem à literatura mundial. Borges, em vários de seus textos, colocou em pauta tanto a questão da supremacia da autoria quanto o caráter secundário da tradução. Em “Las versiones homéricas”, de 1932, ele qualifica como “superstição” o fato de se acreditar que sempre o original será superior à sua tradução. O autor sugere que uma tradução pode, sim, superar o seu original e festeja a riqueza representada pela existência de diversas versões de um mesmo texto (BORGES, 2005, p. 239).

Levando em conta a riqueza de abordagens possíveis, este número Littera, revista vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Maranhão (PGLetras -UFMA), será dedicado à tradução literária no Brasil, tomando a literatura em sentido amplo: romance, poesia, conto, correspondência, biografia, ensaio, romances gráficos, quadrinhos, literatura infanto-juvenil etc.

São bem-vindos artigos, entrevistas e resenhas sobre:

  • A história da tradução literária: obras, autores, métodos de tradução;
  • A crítica de tradução;
  • A tradução comentada e/ou anotada de textos literários;
  • Relatos de experiências de tradução;
  • Estudos sobre o ofício de tradutores de literatura, bem como de escritores-tradutores;
  • Problemas e especificidades da tradução literária;
  • Aspectos da edição da literatura traduzida.


Mais informações na página da revista Littera online.

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