Chamada para dossiê "A (im)pertinência da poesia portuguesa de agora (Depois de 2000 até o presente)"
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Brasil
Para compreendermos alguma da poesia portuguesa das últimas décadas, invocamos um tema mais antigo, com origem na elegia de Hölderlin, “Pão e Vinho”, em que o poeta pergunta: “Para quê poetas num tempo de indigência?”. Se Hölderlin anunciava, com inquietação, um mundo de onde os deuses se tinham afastado, na atualidade, a poesia já não tem como pano de fundo o poeta enquanto figura de um absoluto literário e parece fadada a um determinismo da praxis: o lugar cada vez mais reduzido das coleções de poesia nas editoras em comparação com o romance; a falta de leitores; a suspeita de ser uma arte extemporânea num mundo vocacionado para as regras do mercado.
Mas até que ponto estes indícios de amargura fazem ecoar os gestos poéticos mais recentes? Tomando como marco a edição de poesia depois de 2000, verificamos uma proliferação efervescente de poetas e de poéticas que surgem e alimentam novos meios de divulgação, novas editoras e revistas. Para onde caminham estas vozes? Como ponderar estas inquietações que assombram ao mesmo tempo que procuram legitimar autores e obras? Como pensar as várias poéticas sem cair numa sintomatologia que exige um diagnóstico? Isto é, como situarmo-nos entre crítica e clínica, entre exaustão e exaustividade? Como acreditar na hipótese de resposta, como tentar esboçar um mapa do estado da poesia portuguesa de agora sem capitular num exercício de ilusão e de ideologia?
É difícil tentar responder a estas questões sem ampliar ainda mais as dúvidas. Atrevemo-nos, ainda assim, a propor uma estratégia de pensamento que se organiza à volta de cinco problemáticas: 1) A febre do cânone (legitimação das obras e dos poetas, teoria da recepção), 2) Poesia e técnica (forma /conteúdo, produção/recepção), 3) Política da poesia (público/comum), 4) Poesia e outras artes (poesia e cinema, poesia e pintura, poesia e música, poesia e artes performativas, vídeo-poesia) e 5) Poesia e edição (editoras, revistas, blogues).
Golgona Anghel
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL)
Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (IELT/FCSH-UNL)
Ida Alves
Universidade Federal Fluminense
Prorrogação de Prazo Submissão: 16/05/2022 a 01/06/2022
Mais informações no site da revista Entrelaces.