Chamada da revista Texto Poético para dossiê "Poesia, natureza e paisagens em risco"
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Brasil
Este dossiê propõe-se a refletir, no campo da poesia, sobre natureza, paisagem, destruição e ruína, apreendidas por subjetividades diversas. Poetas modernos e contemporâneos revelam, em suas composições, que o deslocar-se de um lugar para outro pr oporciona uma mudança do eu em relação ao mundo. Michel Collot (2013) destaca que: “A paisagem não é apenas vista, mas percebida por outros sentidos, cuja intervenção não faz senão confirmar e enriquecer a dimensão subjetiva desse espaço, sentido de múltiplas maneiras e, por conseguinte, também experimentado. Todas as formas de valores afetivos – impressões, emoções, sentimentos – se dedicam à paisagem, que se torna, assim, tanto interior quanto exterior” (Poética e filosofia da paisagem. [Coord.trad. Ida Alves]. Rio de Janeiro: Editora Oficina Raquel, 2013. p. 26) e, sobre a viagem e o viajante, Michel Onfray afirma que: “A viagem, de fato, é uma ocasião para ampliar os cinco sentidos: sentir e ouvir mais vivamente, o olhar e ver com mais intensidade, degustar ou tocar com mais atenção – o corpo abalado, tenso e disposto a novas experiências, registra mais dados que de costume. [...] O corpo se abre à experiência, registra e armazena o difuso, o diverso. [...] Um bom viajante possui uma capacidade de registrar as menores variações, é sensível aos detalhes, à informação microscópica”. (Teoria da viagem: poética da geografia. [Trad. de Paulo Neves]. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009. p. 49-50, 61). O objetivo desta chamada é, portanto, provocar estudos que privilegiem a análise de como os poetas do século XX e XXI explicitam sua relação com a natureza ou com a paisagem, a partir de novos deslocamentos e experiências de degradação de espaços e lugares habitados por seres vivos. A partir de que perspectiva, paisagens, espaços naturais e urbanos são (re) configurados na poesia moderna e contemporânea? Como a destruição da natureza e as transformações paisagísticas provocadas pelo homem e/ou por catástrofes naturais são recriadas em poéticas diversas? Serão bem-vindos também estudos de ecopoética, geopoética e geografia literária.