Chamada da revista Esferas para dossiê: "Comunicação e estudos biográficos"
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Brasil
A Esferas, Revista Interprogramas de Pós-graduação em Comunicação do Centro Oeste, um espaço virtual coletivo de trocas e reflexões, sob a égide dos cinco Programas de Pós-graduação em Comunicação do Centro-Oeste: UCB, UnB, UFG, UFMS e UFMT; divulga a chamada para o dossiê: Comunicação e estudos biográficos
Co-editores
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Gustavo Castro Silva (FAC-UnB)
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Rogério Pereira Borges (PUC-GO)
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Rodrigo Matos de Souza (FE-UnB)
Como narrar uma vida? Eis um velho tema. A História, a Literatura, o Cinema, o Jornalismo, a Filosofia, a Educação e outras áreas de estudo continuam a se fazer esta mesma pergunta. Os estudos biográficos e autobiográficos e o campo da Comunicação estão unidos, na atualidade, de acordo com Leonor Arfuch, pelas entrevistas midiáticas, talks e reality shows, a exposição pública nas redes sociais, divulgados em blogs, Instagrams, fotografias, perfis do Facebook, no YouTube. As formas de narrações do eu – ou “shows do eu”, como define Paula Sibilia – construídas por meio desses dispositivos digitais somam-se as formas de narrações do outro, trabalhadas pelos estudiosos e pesquisadores biográficos em arquivos públicos e privados, cartas, livros, reportagens jornalísticas, diários íntimos, confissões, memórias e contatos triviais via e-mails. Eneida Maria de Souza entende que os princípios comunicacionais da biografia apontam para a produção de um saber narrativo, engendrado pela convergência entre teoria, documento, história, mídia e ficção. O fascínio que envolve a produção de biografias se justifica pela natureza criativa dos procedimentos narrativos, analíticos, em especial, a articulação entre obra e vida. A Comunicação também se aproxima da pesquisa biográfica ao explorar a dimensão das personagens e as histórias de vida.
A escrita biográfica também se articula com a temática da memória coletiva (Maurice Halbwachs), o testemunho (Annette Wieviorka), o depoimento oral (Ecléa Bosi), e as narrativas históricas que ampliam o papel do indivíduo como um legítimo inscritor de suas experiências pessoais na elaboração de quadros do passado (Paul Veyne e Lucien Febvre). Os muitos encontros entre Jornalismo e Literatura ou as convergências entre História e Literatura na dimensão da construção do relato, como destacam Paul Veyne, Hayden White e Luiz Costa Lima, seguem na mesma direção. Autores como François Dosse, Philippe Lejeune, Daniel Madelénat e Ann Jefferson já atestaram a pertinência e as potencialidades do diálogo entre os estudos biográficos e os comunicacionais. No Brasil, Sérgio Vilas Boas e Antônio Hohlfeldt destacam-se como importantes referências na constituição polissêmica e polifônica deste debate.
A Comunicação é, assim, uma das áreas que podem oferecer grande contribuição aos estudos das biografias e autobiografias. Seus pontos de contato com outras áreas, sua complexidade, proximidade com outros discursos e articulações narrativas lhe dão essa condição privilegiada. Neste sentido, essa chamada visa congregar os profissionais da Comunicação e de outras áreas que pesquisam (auto)biografias, memórias, histórias de vida, perfis biográficos, e visa ampliar o diálogo com especialistas nacionais e internacionais; desenvolver a interdisciplinaridade no campo comunicacional; estimular a divulgação e a informação sobre a pesquisa (auto)biográfica na área de Comunicação; promover a crítica e o pluralismo teórico e metodológico em suas diferentes produções. Além disso, nos interessam as seguintes abordagens:
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A pesquisa (auto)biográfica em Comunicação;
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O papel do jornalista na construção de biografias;
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Rituais de construção da imagem; protocolos de aparições culturais;
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Poética da biografia; estéticas da memória;
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A escrita biográfica; vida vivida versus vida contada;
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Crítica biográfica e comunicação;
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O problema da ficção e da realidade em biografias;
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Biografias sobre personagens ficcionais;
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Mídias digitais e autobiografias;
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Cinebiografias, séries e documentários biográficos;
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Perfis biográficos de jornalistas, publicitários, fotógrafos e cineastas;
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Biografias de pessoas públicas e celebridades;
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Estudos de teóricos de biografias;
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Histórias de vida e comunicação;
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Redes sociais, mídias e narrativas de si;
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Trajetos pessoais e experiências biográficas;
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Pesquisas em arquivos pessoais e públicos;
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Encontros entre biografias, jornalismo, História e Literatura.
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Estudos da biografia em suas dimensões discursivas.
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Estudos entre biografia e análises da narrativa e/ou narratologia.
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Bioficções, biocríticas e biografias literárias;
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As biografias autorizadas e as não autorizadas;
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Definições e gêneros: os paradigmas heroico, hagiográfico e romântico-histórico;
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O ângulo dos críticos
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A dialógica ficção/não-ficção, indivíduo/grupo, comunicação/informação, literatura/história, subjetividade/objetividade, continuidade/descontinuidade nas biografias;
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Prestígio e desprestígio da biografia;
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O mercado das biografias.
Submissões até: 31 de agosto de 2022
Publicação prevista para: 31 de dezembro de 2022
Mais informações no site da revista Esferas.


