Chamada da Études Romanes de Brno: Novos olhares sobre o fantástico em português
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: República Checa
Chamada para Submissões de Artigos:
Études Romanes de Brno 2019 (2)
Novos olhares sobre o fantástico em português
Organização e coordenação:
Marcelo Pacheco Soares (IFRJ - Campus Nilópolis, Rio de Janeiro, Brasil)
Silvie Špánková (Universidade Masaryk, Brno, República Checa)
Objeto de pesquisas que, embora muito volumosas, nem sempre alcançam consensos, a Literatura Fantástica parece legar à sua teoria incertezas semelhantes aos próprios enredos de suas narrativas. Sua crítica, que ganhou fôlego nos meios acadêmicos literários especialmente nas últimas seis décadas, já se desenvolve a cerca de um século, estando a completar cem anos em 2019 a publicação de um dos textos pioneiros sobre o assunto, curiosamente desenvolvido na área da psicanálise e não dos estudos das artes: o ensaio “O estranho”, de Sigmund Freud, que analisa o conto de E.T.A. Hoffmann “O homem de areia”. Da afamada Introdução à Literatura Fantástica, de 1970, em que Tzvetan Todorov, trazendo como traço definidor o conceito de hesitação, a considera um gênero quase exclusivo ao século XIX; passando por pesquisas como a de Jaime Alazraki nos anos 1980, que, como já teria feito Jean-Paul Sartre décadas antes, atesta uma efetiva mas distinta manifestação do gênero no contexto pós-Kafka; chegando mais contemporaneamente a David Roas, que reconhece a pertinência do gênero nos dois séculos com, porém, mais semelhanças que distinções em seus mecanismos: o fato é que o fantástico possui muitas vertentes teóricas.
Ora visto como relato que objetiva provocar medo no leitor, ora gênero que a partir do sobrenatural pretende jogar luz sobre as realidades com que factualmente convivemos na Modernidade, ora modo de expurgar as angústias e os tabus do ser humano e de suas relações com o mundo e com a sua própria psique, ora narrativa que coloca em xeque a confiabilidade dos sentidos humanos para apreender o que se conhece por real (cuja existência assim também é posta em dúvida) ou que simplesmente expõe as deficiências interpretativas do homem contemporâneo, o fantástico apresenta-se como algo fluido. Assim, sua poética, ao mesmo tempo em que simula se adaptar às tentativas acadêmicas de contê-la, vaza para longe de nosso alcance por insuspeitas frestas entre os limites a que tentamos submetê-la, por força de suas próprias metamorfoses e (r)evoluções.
Testemunhamos, pois, aparentemente uma heterogeneidade nessa crítica. Em tal perspectiva, esse número de Etudes Romanes de Brno, a fim de publicar um dossiê a respeito da Literatura Fantástica em línguas românicas, aceitará como contribuição artigos que versem sobre sua manifestação em qualquer tempo e que seja compreendida sob diversas abordagens teóricas e usos de nomenclatura (como o próprio fantástico, o gótico, o maravilhoso, o realismo mágico ou animista, o insólito, o surrealismo, a ficção científica, o horror, o absurdo, o kafkiano, entre tantos outros).
O prazo para submissão de artigos é 20 de abril de 2019. Os artigos devem ser redigidos em conformidade com as normas de publicação da revista (http://www.phil.muni.cz/journals/index.php/erb/pages/view/authors) e devem ser enviados para os endereços:
Os artigos selecionados serão objecto de arbitragem pelos pares. A publicação deste número da revista terá lugar em dezembro de 2019.
A revista Études Romanes de Brno da Universidade Masaryk de Brno, República Checa, indexada nas bases de dados EBSCO, Dialnet e ERIH PLUS, publica trabalhos de investigação nas áreas de linguística e literaturas românicas. Mais informações em: http://www.phil.muni.cz/journals/index.php/erb


