Estudos Urbanos Portugueses/Globais | novo prazo
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O prazo para submeter um resumo para Estudos Urbanos Portugueses/Globais (Lisboa, 22-24 de abril de 2026) foi estendido até ao 31 de outubro de 2025.
Estudos Urbanos Portugueses/Globais
22-24 de Abril de 2026, Lisboa
ICS-ULisboa e ISCTE-IUL (edifício 4)
Chamada para comunicações para a conferência Estudos Urbanos Portugueses/Globais, que pretende desenvolver um campo de visão específico, e ainda assim diagonal, sobre a internacionalização dos estudos urbanos. A chamada para comunicações está aberta a contribuições em todos os campos e tópicos dos estudos urbanos, procurando recolher contribuições sobre questões urbanas, teorias, epistemologias e metodologias que atravessam o espaço internacional, ao envolver-se com os debates específicos e prioridades identificadas na literatura em língua portuguesa e sobre os países onde ela é falada. Isto implicará procurar articular uma sensibilidade pós-, decolonial e do Sul dentro de espaços de circulação historicamente definidos pela língua portuguesa.
Prazo para submissão de resumos: 15 de outubro 2025
Organização:
Urban Transitions Hub (UTH), Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa);
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), Iscte-Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL).
Com a colaboração de:
Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA.IPLeiria);
IULM University, Milão.
Oradores principais
Federico Ferretti, Alma Mater Studiorum – Università di Bologna (Itália)
Claudia Gastrow, North Carolina State University (EUA)
Heitor Frugoli, Universidade de São Paulo (Brasil)
Chamada para comunicações
A conferência Estudos Urbanos Portugueses/Globais toma como ponto de partida as recentes discussões sobre a possibilidade de estudos urbanos globais. O português – considerado como língua internacional – serve como alavanca para mapear o passado, presente e futuro da investigação urbana crítica nos e sobre os países que utilizam o português como língua oficial (países de língua oficial portuguesa).
A fundamentação teórica da conferência baseia-se em dois objetivos complementares:
- identificar os principais fios condutores, conexões, diferenças e relações nos estudos urbanos críticos/radicais nos países de língua portuguesa;
- constituir um espaço de debate para a construção de novas colaborações em torno dos Estudos Urbanos Portugueses/Globais.
Assumir o português como língua internacional, reconhecendo/explorando as potencialidades inerentes a essa condição, não é uma tarefa isenta de problemas. Como qualquer língua internacional, a “partilha” transnacional do português, como primeira língua falada por aproximadamente 250 milhões de pessoas em todo o mundo, assenta numa longa história de circulações, frequentemente violenta, mas não limitada à violência. As raízes sombrias desta história encontram-se no empreendimento colonial português e no comércio global de escravos. Ao legado colonial, que continua a moldar as sociedades contemporâneas, vêm juntar-se conexões culturais, sociais e económicas desenvolvidas ao longo da história, com implicações profundas nas formas e dinâmicas urbanas, bem como na produção de conhecimento sobre essas mesmas formas e dinâmicas.
Tomando como ponto de partida a multiplicidade e a variação das relações espaciais e geográficas (pós-)coloniais, incorporadas nas circulações históricas e atuais da língua portuguesa, os Estudos Urbanos Portugueses/Globais adotam a trajetória dos estudos urbanos críticos desenvolvidos em português e nos/sobre os países de língua portuguesa como lente para examinar possibilidades para pesquisas urbanas globais, relacionais e comparativas. As discussões recentes sobre estudos urbanos globais, estimuladas por autores como Jennifer Robinson, por vezes abordaram as trajetórias urbanas peculiares dos países de língua portuguesa, como nos trabalhos de Ricardo Cardoso sobre urbanismo do Atlântico Sul, de Federico Ferretti sobre geografias “lusófonas” de descolonização, ou de Daniel Paiva e Francisco Roque de Oliveira sobre comunidades epistémicas luso-brasileiras em geografia humana. Contudo, esses trabalhos seguiram maioritariamente os padrões específicos de internacionalização das discussões em inglês (académico), ficando por produzir uma reflexão sistemática sobre estudos urbanos globais em português.
Neste contexto, a conferência Estudos Urbanos Portugueses/Globais pretende desenvolver um campo de visão específico, e ainda assim diagonal, sobre a internacionalização dos estudos urbanos. A chamada para comunicações está aberta a contribuições em todos os campos e tópicos dos estudos urbanos, procurando recolher contribuições sobre questões urbanas, teorias, epistemologias e metodologias que atravessam o espaço internacional, ao envolver-se com os debates específicos e prioridades identificadas na literatura em língua portuguesa e sobre os países onde ela é falada. Isto implicará procurar articular uma sensibilidade pós-, decolonial e do Sul dentro de espaços de circulação historicamente definidos pela língua portuguesa.
Esta fundamentação teórica informa os convites dos três oradores principais, selecionados com o objetivo de acolher variedade geográfica, linguística, teórica e epistemológica no campo dos Estudos Urbanos Portugueses/Globais: Federico Ferretti, Claudia Gastrow e Heitor Frúgoli Jr. trarão a sua expertise sobre circulações históricas em geografias de língua portuguesa, urbanização africana e conexões luso-brasileiras. Uma mesa-redonda final (a confirmar; os oradores confirmados são Ricardo Cardoso e Simone Tulumello) ligará os pontos da conversa, questionando até que ponto se pode dizer que os Estudos Urbanos Portugueses/Globais existem – ou se deveriam ser um objetivo a seguir.
Convidamos comunicações que abordem uma multiplicidade de tópicos ligados à construção de um campo global de estudos urbanos em português, com tópicos que incluam, mas não se limitem a:
- o estado dos estudos urbanos em Portugal e em países de língua portuguesa;
- discussões teóricas e problematização do global, visto a partir dos estudos urbanos (críticos) em português;
- circulações, conexões e relações de tendências urbanas através de Portugal, países de língua portuguesa e além;
- trajetórias coloniais, pós-coloniais e descoloniais nos processos de urbanização em países de língua portuguesa;
- envolvimentos com contextos urbanos de língua portuguesa para além das dicotomias norte/sul.
A Conferência Estudos Urbanos Portugueses/Globais será um evento multilingue, considerando as múltiplas possibilidades de conversa que rodeiam o campo efetivamente existente dos Estudos Urbanos Portugueses/Globais. As principais línguas de trabalho (incluindo para todos os materiais da conferência) serão o português e o inglês, e os participantes decidirão com que língua se sentem mais confortáveis – serão feitos esforços para acomodar comunicações em espanhol e italiano, caso os autores sintam necessidade.
Cardoso R, Chen J, Ernstson H (2023) Blocos urbanism: capitalism and modularity in the making of contemporary Luanda. International Journal of Urban and Regional Research, 47(5), 809-832.
Ferretti F (2021) Geopolitics of decolonisation: The subaltern diplomacies of Lusophone Africa (1961–1974). Political Geography, 85, 102326.
Paiva D, Oliveira FR (2020) Luso-Brazilian geographies? The making of epistemic communities in semi-peripheral academic human geography. Progress in Human Geography, 45(3), 489-512.


