Em 2025, celebramos os 180 anos do nascimento de Eça de Queirós, o mais importante romancista da literatura portuguesa. Dele podemos dizer o que o próprio deixou escrito sobre Flaubert: “Está vivo de uma vida melhor, porque o seu espírito fulge com um sereno e contínuo esplendor” (Queirós, 2009, p. 201). Vivo não só porque a sua obra é abundantemente lida e estudada, produzindo do ponto de vista crítico um conjunto de resultados que há muito (quase) transcendeu em quantidade a monumental biblioteca de Jacinto de A Cidade e as Serras, mas também por ser fertilmente acolhida em ambientes literários e artísticos, os quais com ela estabelecem fecundos diálogos que a (re)inventam e prolongam de maneiras várias. O autor de Os Maias possui o anacrónico poder de ser nosso contemporâneo também porque, tal como Cervantes, Camões, ou Tolstoi, soube captar, no jeito mordaz e inteligente que lhe é característico, não apenas uma época, mas sobretudo a essência humana. Clássica, na aceção de Italo Calvino, a sua obra não deixa de dizer o que tem para dizer. E não por acaso, para lermos o nosso tempo e as nossas vidas, não raro recorremos ao olhar de Eça, de tal forma que, muitas vezes, como defendeu Helder Macedo (2017, p. 159), “não dá para perceber se ele retratou o nosso país ou se foi depois o país que se retratou no retrato que ele fez”.

É por todas estas razões, e como forma de comemorar a vida e obra do grande escritor, e a sua relação com o Norte de Portugal, que o Município de Marco de Canaveses, em coorganização com o Grupo 1 “Literatura e Cultura portuguesas”, do CLEPUL, da Universidade de Lisboa, o subgrupo "Entregéneros: Literatura e Hibridismo”, do CLLC, da Universidade de Aveiro, e a Universidad Complutense de Madrid, celebram o Congresso Internacional Eça com Norte – nos 180 anos do seu nascimento, em novembro de 2025. Perspetiva-se que este evento seja multidisciplinar e democrático, aberto às escolas e à sociedade civil, num claro sinal de interesse pela vida e obra de um escritor que jamais esgota o que tem para dizer.

Eixos temáticos propostos

· Eça e (o Norte de) Portugal;
· Eça – reescritas e apropriações nos séculos XX e XXI;
· Eça de Queirós – modos de ver os problemas da (hiper)contemporaneidade;
· Eça e o mercado editorial: de oitocentos aos nossos dias;
· Eça ele próprio e os outros: contaminações e influências (trans)literárias;
· Eça de Queirós e os estudos intermediais e multimodais;
· Eça, a Europa e o mundo.

Envio do título da comunicação, resumo (150-250 palavras) e de uma breve biobibliografia
(100-200 palavras) até dia 12 de setembro de 2025 através do seguinte formulário:
https://forms.gle/udpMsNbd9ugjLyWA6
Aceitam-se propostas em português, inglês e espanhol.
As comunicações não devem exceder os 20 minutos.
· Envio de propostas: até 12 de setembro de 2025
· Data de notificação de aceitação de propostas: 19 de setembro de 2025