Quarta-feira, 03 de Julho de 2024
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Congresso "Guerra, Revolução e Retorno: 50 anos depois, a memória de um Portugal europeu, democrático - e descolonizado?

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para trabalhos

Congresso "Guerra, Revolução e Retorno: 50 anos depois, a memória de um Portugal europeu, democrático - e descolonizado?
Local:
 Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP)
Datas: 5 e 6 de dezembro de 2024
Submissão de propostas de comunicações até 6 de outubro 2024;  resultados comunicados a 31 outubro 2024.
 

Chamada de Comunicações

Os 50 anos das últimas transições democráticas da Europa ocidental (Portugal, Espanha e Grécia) cumprem-se num tempo presente caracterizado por uma deriva antidemocrática sem precedentes desde há décadas e pelo questionamento sistemático de alguns dos pressupostos sociais, políticos e económicos que caracterizaram a democracia desde o fim da II Guerra Mundial – entre outros, a consagração efetiva do direito à autodeterminação e da exigência política e moral da descolonização. A discussão pública, com inevitável dimensão política, que presentemente se desenvolve em torno do significado do 25 de Abril de 1974 prova, por um lado, que a passagem do tempo por si só não empresta consensualidade à interpretação das mudanças históricas, e, por outro, como é permanentemente relevante o debate académico rigoroso, crítico e apoiado num trabalho de reflexão e investigação históricas abrangentes.

Esse debate e essa investigação são ainda mais urgentes considerando que, no momento em que se comemoram 50 anos da Revolução dos Cravos, continuam a imperar narrativas simplistas que informam o debate político no presente, incapazes de uma análise de fundo e de longa duração daquilo que foram, são, e continuarão a ser no futuro, as grandes transformações desencadeadas pelo movimento militar conduzido pelo MFA. Em 2024, muito do debate público continua dependente de motivações comemorativas ou depreciativas, ignorando muito de como o Portugal democrático de hoje foi e é moldado: pela violência da colonização diferente (“lusotropical”); pela violência de 13 anos de Guerra Colonial e suas profundas consequências; por um biénio (1974/1976) de transformações sem precedentes na história contemporânea portuguesa (revolução social, política e económica, e fim da dominação colonial); por uma descolonização complexa, geradora de novas nações e de regressos; pelo fim, efetivo, de cinco séculos de história imperial; pelo regresso de milhares de retornados, combatentes e os seus processos de (re)integração social e económica; e finalmente pela memória, individual, coletiva, mas também política, uma memória de Abril sempre disputada, do Estado Novo, do colonialismo e da resistência democrática antifascista.

Partindo de uma preocupação em pensar os usos do passado, este congresso propõe-se debater em torno da experiência, representação e rememoração da violência quer do passado colonial em Portugal, quer do processo de descolonização. Assim, procurar-se-á identicamente dar centralidade à Guerra Colonial, questionando o seu significado de rutura ou de continuidade estrutural, e sua interpretação e influência na realidade pós-colonial da ex-metrópole e das ex-colónias. Finalmente pretende-se discutir o lugar da Revolução de Abril nesta história não só como o grande catalisador de mudança, mas também como como consequência direta da violência colonial e como pedra basilar de uma sociedade democrática pós-colonial em permanente tensão com o seu passado.

Desta forma, convida-se à apresentação de propostas no âmbito deste congresso que correspondam a uma ou mais das seguintes linhas temáticas:

  • O colonialismo tardio português dos anos 1960 e 1970, o canto do cisne da “Missão Civilizadora”: desenvolvimento do território e “conquista” das populações;

  • A violência como legado: o impacto duradouro da violência colonial no processo político português e africano antes e depois de Abril;

  • A relação entre a Guerra Colonial, o fim do Estado Novo e a Revolução dos Cravos;

  • 25 de Abril de 1974, de África até ao Carmo: a preponderância africana e do passado colonial nos destinos portugueses;

  • Legados e memórias coloniais para a posteridade democrática: ex-combatentes, retornados. (re)integração social económica e política num contexto revolucionário;

  • Três dimensões memoriais paralelas: a memória da Guerra, a memória da Revolução, a memória da descolonização;

  • As narrativas históricas e políticas do regime democrático português, nomeadamente na sua abordagem ao colonialismo, ao fim do império e ao fim do Estado Novo;

  • O fim do império e a Europa: a integração europeia e as novas identidades nacionais;

  • Portugal visto de África: a perspetiva das ex-colónias;

  • As relações com os países independentes: os legados do colonialismo em Portugal e em África;

Envio de propostas de comunicação:

As propostas de comunicação (que podem ser feitas em Português, Inglês ou Espanhol) devem ser enviadas para o endereço congressohistoriaflup@gmail.com, com um título, um resumo (máx. 350 palavras) e uma curta nota biográfica até ao dia 06 de outubro de 2024.
As comunicações deverão ser feitas presencialmente pelo que não se admitirão comunicações online.

A organização não cobra inscrições.

Comissão Organizadora: Ana Sofia Ferreira (FLUP e IS/FLUP), Bruno Madeira (UM e CITCEM), Carlos Martins (IUE, Florença), Manuel Loff (FLUP e IHC-NOVA-FCSH/IN2PAST, Sérgio Neto (FLUP e CITCEM), Sílvia Correia (FLUP e IS/FLUP)

Fonte: https://sigarra.up.pt/flup/pt/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=176726

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