Domingo, 14 de Dezembro de 2025
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Colóquio Internacional ‘Espaços de Confinamento: Memórias da Repressão e Colonialidade’

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para trabalhos, História, Memória

Chamada para Contribuições
Colóquio Internacional ‘Espaços de Confinamento: Memórias da Repressão e Colonialidade’

No dia 1 de maio comemorou-se o 50.º aniversário (1974-2024) da libertação dos presos que estavam encarcerados no Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Esse Campo foi fundado pela ditadura salazarista em 1936 sob a designação eufemística de Colónia Penal de Cabo Verde com o propósito de reprimir e encarcerar os opositores do salazarismo. De 1936 a 1954 foram confinados no Tarrafal centenas de portugueses condenados como presos políticos; e de 1961 a 1974 centenas de militantes anticolonialistas de Angola, Guiné e Cabo Verde que lutavam pela independência das colónias portuguesas em África. Torturas, doenças, mortes, censura, trabalho forçado e outras práticas repressivas caraterizaram o regime de confinamento executado na prisão do Tarrafal (Barros 2009). Deste ponto de vista, a história dessa prisão deve ser interpretada como parte integrante das políticas de confinamento colonial e das práticas de violência política que regimes ditatoriais (dentre eles o Estado Novo) executaram em diferentes partes do globo ao longo do século XX. Ao mesmo tempo, o confinamento colonial não pode ser desligado da história global da expansão imperial europeia e dos colonialismos (Coates 2001; Bernault 2003; Vansina 2003; Havik, Janeiro, Oliveira & Pimentel 2021; Bruce-Lockhart 2022; Angelo 2023).

A detenção (como prática de controlo) e a segregação (como mecanismo de gerar diferenças) foram exercidas em espaços pensados e instituídos como ‘exceção’ (Agamben, 1996) e como instrumentos para gerir pessoas consideradas como ‘surplus’ ou perigosas para a ordem dominante. O conceito forma campo sugerido por Federico Rahola num ensaio de 2007 implica a reinterpretação dos confinamentos coloniais e pós-coloniais, tanto pela sua perspetiva de duração como pela adaptação contemporânea das práticas de detenção, inclusive para aqueles que Didier Fassin designa de ‘nómadas transnacionais precários – refugiados ou migrantes, requerentes de asilo ou estrangeiros em situação irregular’ (Fassin 2021). Os espaços e as culturas de confinamento (Dikötter & Brown 2007; Morelle, Le Marcis & Hornberger 2021) revelam muito sobre as geografias de exclusão e de desigualdades (Gilmore 2023).

Tomando como evocação memorial o 88.º aniversário da abertura da prisão colonial do Tarrafal em Cabo Verde (29 de outubro 1936 – 29 de outubro 2024), este Colóquio Internacional visa ampliar o debate sobre antigas e novas práticas de confinamento, nas suas múltiplas declinações e modalidades. Pretende-se discutir a forma campo, por um lado, numa perspetiva histórica, assim como as diferentes práticas de encarceramento colonial. Por outro, é intenção deste Colóquio refletir de forma alargada e transdisciplinar sobre os espaços, as memórias, as narrativas e as experiências de detenção, e a forma como os seus legados marcam a genealogia de práticas contemporâneas de confinamento.

Neste quadro, apelamos ao envio de propostas de comunicação que dialogam com esses e outros temas conexos:

  • Experiências de confinamento colonial
  • Memórias e narrativas de detenção
  • Prisão e repressão política
  • Violências coloniais e pós-coloniais na forma campo
  • Artes, violências, narrativas e representações do confinamento
  • Prisões, estratégias de resistências e redes transnacionais de luta
  • Arquipélagos do confinamento: prisões políticas, colónias penais, campos de trabalho forçado, campos de refugiados
  • Espaços e formas de confinamento – perspetivas comparadas
  • Políticas de memória, reapropriações, modalidades de reutilização dos espaços de confinamento colonial
  • Espaços racializados e compartimentação da diferença

As propostas de comunicação (título, autor, filiação institucional e um resumo de 200 palavras no máximo) devem ser enviadas até 10 de agosto de 2024 para (liviaapa@gmail.com e vbarros@fcsh.unl.pt). As propostas aceites serão comunicadas, no máximo, até 1 de setembro de 2024. Os resumos e as apresentações podem ser em português, inglês, francês e espanhol. O Colóquio terá lugar nos dias 29 e 30 de outubro de 2024 no Museu do Aljube, em Lisboa, Portugal.


Imagem: Gagum - https://www.flickr.com/photos/13385504@N05/3687349838/, CC BY 2.0, Hiperligação

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