O grupo internacional de investigação “Marfins Africanos no Mundo Atlântico / African Ivories in the Atlantic World” convida à submissão de comunicações sob a forma de estudos ou apresentação do estado de investigações em curso para um colóquio a realizar na Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, nos dias 15 e 16 de março de 2017. Os estudos podem ser enviados até 31 de janeiro de 2017.

Saúdam-se, entre outras, contribuições sobre os seguintes tópicos: proveniência, cronologia, fontes, comércio transatlântico ou comércio África-Europa de marfim em bruto e de objetos esculpidos. O colóquio será organizado de forma a incluir a apresentação de comunicações individuais, assim como a realização de oficinas e de sessões de discussão.

O grupo de pesquisa Marfins Africanos

O grupo de pesquisa organizador, “Marfins Africanos”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, integra 20 investigadores das Universidades de Lisboa e Évora, e da Universidade Federal de Minas Gerais, no Brasil, num estudo de três anos sobre o comércio em marfins e os objetos africanos e luso-africanos. O projeto prevê ainda a realização do primeiro estudo sistemático de todos os marfins africanos, entre os sécs. XV e XVIII, existentes em coleções em Portugal e em Minas Gerais.

A expansão portuguesa no século XVI e a emergência de um primeiro comércio global, acompanhada da circulação de bens e pessoas, levou ao desenvolvimento de uma nova arte intercontinental. Entre essas primeiras obras figuraram os marfins luso-africanos exportados da África Ocidental para a Europa. O marfim esteve sempre presente na relação entre Africanos e Europeus no Mundo Atlântico, frequentemente em ligação estreita com o tráfico de escravos. Os principais objetivos deste projeto são: reconsiderar a perceção de luso-africanos marfins; reavaliar a sua hibridez artística identificar obras que têm sido negligenciadas.

Para contextualizar o segmento Luso Africano dos marfins, a sua produção, circulação e uso, pretende-se inventariar esses objetos e todas as referências a marfins nos textos, nos arquivos e fontes visuais, também com o apoio na História da Arte Técnica e análise laboratorial dos materiais. O projeto centra-se em coleções públicas e privados e em documentação de Portugal e do Brasil (Estado de Minas Gerais). A pesquisa em História da Arte Técnica, utilizando métodos analíticos das ciências da conservação, pode determinar a proveniência e datação do material facilitando uma interpretação detalhada de características individuais da escultura em marfim, como cor, estrutura, montagem, dimensões, policromia, brilho e origem da matéria-prima. Pode esperar-se, seguramente, desta equipa a revisão e ampliação do corpus de marfins africanos, a sua análise e interpretação no contexto cultural, económica e político do Mundo Atlântico.

Mais informações no Call for papers em anexo e na página do Centro de História da Universidade de Lisboa.