Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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Entre o Estado e a Uma Lulik: espaços de identidade, poder e governação em Timor-Leste

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Ciências Sociais, Estudos Pós-Coloniais, Relações Internacionais

Entre o Estado e a Uma Lulik: espaços de identidade, poder e governação em Timor-Leste

Organização: Marisa Ramos Gonçalves

Prazo para envio dos artigos: 21 de novembro de 2019

Palavras-chave: identidade, governação, Estado, Uma Lulik, Timor-Leste

Após o Referendo de 1999, Timor-Leste iniciou um processo de construção de um Estado democrático-liberal, liderado inicialmente pelas Nações Unidas e com um forte apoio de vários países e organismos multilaterais. Decorridos 20 anos do voto pela independência, com a saída da última missão das Nações Unidas em 2012 e a gradual “timorização” do Estado e de outros setores da sociedade, diversos estudos realizados têm vindo a revelar a centralidade do local e das comunidades (sucos, aldeias, linhagens das Uma Lulik ou casas sagradas) face às estruturas representativas do Estado-nação centralizado em Díli (Brown, 2014; Cummins, 2015; Trindade, 2014). As Uma Lulik permanecem, desde o período pré-colonial da ilha de Timor, centros da espiritualidade de clãs ou famílias alargadas que homenageiam os antepassados, nas diversas expressões dos grupos etnolinguísticos que compõem o território (Trindade, 2008). O Estado, que pretende ser unificador de todas estas realidades plurais, tem encontrado resistências ao desenvolvimento de um sistema homogéneo de justiça, de governação e de identidade. Deste modo, a realidade social timorense tem sido caracterizada pelo hibridismo (Yoder, 2007; Brown e Gusmão, 2009 e 2011; Cummins e Leach, 2012; Meneses et al., 2017), pela coabitação (Viegas e Feijó, 2017) ou mesmo pelo “choque de paradigmas” (Hohe, 2002).

Partindo das reflexões existentes sobre Timor-Leste e procurando contributos interdisciplinares que abordem criticamente as diversas articulações, continuidades e resistências no relacionamento entre o Estado e as comunidades (sucos, aldeias, Uma Lulik), este número da e-cadernos CES visa refletir sobre a construção de um projeto nacional timorense, desafiando os processos de colonização e a imposição de um modelo de governação centralizado, com forte influência de atores internacionais. Pretende-se, deste modo, integrar análises sobre outros saberes e formas de estar no mundo, refletindo sobre as práticas sociais, as filosofias e os valores timorenses contemporâneos, no seio dos quais a terra e a casa sagrada permanecem lugares de identidade, reprodução social, poder e governação. Em paralelo, este número busca compreender as influências das organizações internacionais nestes processos durante as duas primeiras décadas de independência e as dinâmicas internas que se desenvolveram, em parte, como resposta a esses modelos externos.

Este número da e-cadernos CES está aberto a propostas de artigos resultantes de investigação original, que abordem estas temáticas num quadro amplo de discussão sobre questões que marcam a realidade timorense contemporânea. Entre elas, as questões identitárias, expressões artísticas e culturais, processos de construção do Estado e intervenções internacionais, dinâmicas locais de justiça e reivindicação de direitos, regimes de propriedade da terra, filosofias e políticas da educação, narrativas históricas nacionais e micro-histórias, que debatam a construção do que é ser-se leste-timorense. Neste número temático pretendemos reunir contributos de ciências sociais e humanas – sociologia, direito, antropologia, geografia, história, educação, artes, filosofia, economia, relações internacionais e ciência política.

A e-cadernos CES é uma publicação online, com acesso livre, que se baseia num sistema de avaliação por pares e é editada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal). Integra atualmente as seguintes bases de indexação: CAPES, DOAJ, EBSCO, ERIH Plus e Latindex. Para mais informações sobre a publicação consulte: https://journals.openedition.org/eces.

Todos os textos devem ser originais e submetidos na sua versão completa, em língua portuguesa, inglesa, francesa ou castelhana. Podem ter até 60 mil caracteres com espaços no máximo, incluindo resumo, notas e referências bibliográficas. Cada artigo tem de apresentar um resumo (900 caracteres com espaços no máximo) e 5 palavras-chave. As citações têm de ser traduzidas para a língua em que o texto está escrito. Para a secção final @cetera, podem ser apresentados outros textos (até 35 mil caracteres com espaços), entrevistas e debates (até 25 mil caracteres com espaços) ou recensões críticas inéditas (máximo de 5 mil caracteres com espaços).

As normas detalhadas para submissão dos textos estão disponíveis em https://journals.openedition.org/eces/804. As mensagens devem ser enviadas para e-cadernos@ces.uc.pt e indicar explicitamente que se referem ao número temático em questão – “Entre o Estado e a Uma Lulik”.

Todos os contributos estarão sujeitos a um processo de arbitragem científica.

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