Terça-feira, 16 de Abril de 2024
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Chamada para trabalhos | Cahiers d’études des cultures ibériques et latino-américaines (CECIL)

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: França

Chamada para artigos, Estudos Ibéricos, Estudos Ibero-Americanos, Estudos Lusófonos, Literatura

Chamada para trabalhos
Cahiers d’études des cultures ibériques et latino-américaines (CECIL)

Tensões locais e globais no século XXI: a América Latina (re)definida pelos seus escritores

Desde a emergência das repúblicas, as autoras e os autores latino-americanos
refletiram sobre o caráter intrínseco das literaturas nacionais.
O que significa ser um escritor latino-americano no século XXI?

Coordenadores: Catherine Pélage (Pr, Université d’Orléans) e Félix Terrones (Assistenzdozent, Universität Bern)

Desde a emergência das repúblicas, as autoras e os autores latino-americanos têm refletido sobre o caráter intrínseco das literaturas nacionais. O que permitia caracterizar as literaturas peruana, chilena, brasileira ou colombiana em relação à literatura da metrópole? Graças a autores como o mexicano Alfonso Reyes ou o argentino Jorge Luis Borges, afirmou-se, durante o século XX, a ideia de uma literatura supranacional, escrita em espanhol e sem equivalente em outras perspectivas linguísticas e/ou culturais: trata-se da literatura latino-americana. A partir do século XXI, diversos escritores latino-americanos questionaram sua herança nacional e/ou local sem que isto significasse necessariamente a adoção de uma perspectiva continental ou latino-americana. Pelo contrário: vários autores consideravam a categoria “América Latina” alienante – a prioridade seria, segundo os mesmos, obter um reconhecimento num nível mundial, sem signos identitários locais, particularismos ou exotismos. Nesse sentido, autores como o mexicano Jorge Volpi, o chileno Alberto Fuguet, o peruano Fernando Iwasaki ou o colombiano Juan Gabriel Vásquez têm contribuído para esboçar um conceito de América Latina isenta de “latino-americanidades”.

Ao nos interessarmos pela produção ensaística de escritores latino-americanos, analisaremos, sob diferentes ângulos, os contatos, as passarelas, mas também as tensões, até mesmo os curto-circuitos, entre dimensões “nacionais” ou “locais”, por um lado, e “latino-americanas” por outro. Nessa perspectiva, privilegiaremos uma reflexão transversal que que enfatizará o diálogo ou a discussão entre diferentes posições e pontos de vista que circulam através das grandes editoras transnacionais (Alfaguara, Anagrama, Planeta, etc.), assim como, de maneira mais restrita, pelas editoras independentes, artesanais ou universitárias. A partir da análise de ensaios publicados desde 2000, distinguiremos a composição de um espaço teórico e literário – designado como latino-americano – constituído de fraturas estéticas, culturais e ideológicas de naturezas diferentes, que são veiculadas e (re)atualizadas por seus próprios autores. Ficaremos igualmente atentos às omissões evidentes feitas pelos autores ensaístas: por que, por exemplo, o questionamento sobre o que é “latino-americano” é formulado, antes de mais nada, por autores masculinos que não levam em consideração as vozes femininas ? Um outro aspecto a ser considerado está ligado às minorias raciais e sociais de cada uma das comunidades nacionais e às suas maneiras de abordar o tema latino-americano em seus respectivos ensaios.

É evidente que a reflexão não se limita ao gênero do ensaio. Ela se expressa igualmente em outras produções, como manifestos, entrevistas, prefácios de antologias. Curiosamente, essa reflexão parece exacerbar-se no século XXI, contexto de fluxos e de trocas em escala global, na qual as dimensões locais e latino-americanas co-existem, confundem-se ou se distanciam de acordo com as ideias expressas pelos autores e/ou pelos grupos. Por um lado, a integração em um espaço de circulações que ultrapassaria o que seria estritamente local ou nacional é reivindicada; por outro, a periferia é apresentada como um posicionamento político e estético, que não só é valorizado, mas que precisa, também, ser delimitado em sua natureza e em sua idiossincrasia a fim de evitar ser fagocitado ou colonizado pelas culturas e línguas hegemônicas. Tais questões são levantadas em manifestos como o Crack, McOndo e, recentemente, Caribe Pop. Elas são igualmente abordadas em entrevistas com autoras e autores como, por exemplo, Roberto Bolaño, Rita Indiana, Rodrigo Rey Rosa, Horacio Castellanos Moya, Junot Díaz, Diamela Eltit e Gabriela Alemán. O que significa ser um escritor latino-americano no século XXI? A pertinência e a atualidade dessa interrogação, as mudanças de percepção dos próprios autores, os espaços de discussão que eles inauguram são aspectos que devem ser levados em consideração a fim de responder a essa pergunta tão inspiradora quanto complexa.

Eixos de análise:

  • A América Latina e o “latino-americanismo” entre o global e o local.
  • As literaturas do “Sul” em um contexto internacional.
  • Extraterritorialidade, transnacionalidade e cosmopolitismos.
  • Tradição e ruptura: o campo literário na esfera local e latino-americana.
  • Campo cultural e espaço socioeconómico.
  • O ensaio: identidade e gênero literário na América Latina no século XXI.
  • A América Latina nos ensaios literários e culturais: campos de ação e redefinições de um conceito-chave.
  • O caso brasileiro no contexto latino-americano: como se posicionam os escritores.

Datas:

  • Envio das propostas de artigo (300 palavras): 1° de novembro de 2021.
  • Reposta do comitê: 30 de novembro de 2021.
  • Entrega dos artigos: 30 de abril de 2022.
  • Publicação: início de 2023.

As propostas de artigo (em torno de 300 palavras) deverão ser acompanhadas de uma breve bibliografia e de uma curta apresentação do autor, enviadas num arquivo à parte a fim de facilitar o anonimato das propostas. Estas deverão ser enviadas aos coordenadores.

Línguas aceitas: Espanhol, francês, inglês e português.

Contatos: Catherine Pélage: catherine.pelage@univ-orleans.fr / Félix Terrones: felixmartin55@gmail.com

(Traduit du français vers le portugais par Márcia Marques-Rambourg. Relectures de Paulo Fonseca Andrade et de Lui Fagundes).


Os Cahiers d’études des cultures ibériques et latino-américaines (CECIL) propõem analisar, sob uma perspectiva interdisciplinar, as produções culturais das sociedades ibéricas e ibero-americanas e suas interações com suas sociedades de origem. A revista cobre a área de estudos ibéricos e ibero-americanos e os artigos analisam fenômenos históricos, sociais, culturais ou estéticos, da época medieval até a época contemporânea.

Centrada nos fenómenos culturais, obras intelectuais e produções artísticas, bem como no estudo das sociedades e da sua organização, esta revista digital é uma ferramenta de divulgação da investigação realizada por equipes de hispanistas e lusitanistas sobre estes temas.

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