Sexta-feira, 19 de Abril de 2024
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Chamada para artigos: «Estudos decoloniais. Da teoria à prática»

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: França

Chamada para artigos, Estudos Decoloniais

A Revue d’études décoloniales (ISSN  2551-5896) está com chamada aberta para o dossier: «Estudos decoloniais. Da teoria à prática». As pessoas interessadas têm até ao dia 30 de maio de 2021 para enviarem as suas propostas.

Apresentação

A chegada e o surgimento de estudos, pesquisas ou reflexões que afirmam serem "decoloniais" na Europa ou em sociedades que sofreram processos de colonização europeia (particularmente no continente africano) não devem ser reduzidos a um modo intelectual anacrônico ou nativista buscando simplificar ou repetir os encontros coloniais segundo a interpretação de alguns autores ou jornalistas (especialmente na França). Se estes estudos parecem recentes para o leitor francófono e em particular para o leitor francês, deve ser salientado que eles provêm de uma tradição crítica intelectual latino-americana (diálogos com várias correntes como a teoria da dependência, teologia da libertação, estudos sobre o Sistema-Mundo) e que várias publicações de pesquisadores latino-americanistas ou latino-americanos os têm descrito há várias décadas.

Estes estudos e pesquisas decoloniais propõem esclarecer a complexidade das relações entre a Modernidade (suas narrativas e ideologias) e sua exterioridade colonial. Segundo vários autores, estes estudos podem ser considerados como uma "opção" (Mignolo, 2001), uma "virada" (Santiago Castro-Gómez e Ramón Grosfoguel, 2007), ou mesmo uma "inflexão" (Restrepo, 2010) nas ciências humanas da América Latina e agora em várias regiões do mundo. São caracterizados por uma heterogeneidade de posturas e eixos de reflexão. Apesar desta pluralidade, é possível notar, como faz Restrepo (2010), uma "coletividade de argumentação" problematizadora da Modernidade. Essa última produz experiências e culturas de grupos subalternizados. Assim, pode-se notar que os estudos decoloniais consideram que o colonial está imbricado no presente através de um longo processo histórico formado a partir de um modelo de poder que naturaliza as hierarquias culturais e epistêmicas. Esta "colonialidade" constitui uma exterioridade da Modernidade eurocêntrica que impôs uma ordem epistêmica e uma visão da vida humana a partir de sua própria perspectiva sobre outras sociedades humanas não europeias. Tal imposição pode ser localizada desde a "descoberta/encobrimento" (descubrimiento/encubrimiento) (Dussel, 1992) das populações originais, em 1492, e do início do Sistema-Mundo, através da escravização das populações africanas. É a razão pela qual a "colonialidade" atravessa insidiosamente vários campos da vida humana e constitui uma noção chave na literatura crítica decolonial com, em particular, a emergência do grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade (Escobar, 2005).

Desta forma, uma das propostas teóricas dos estudos decoloniais é levar em conta a "pluriversalidade" do conhecimento e dos saberes, ou seja, assumir a hipótese de que a Modernidade é plural; apoiando-se numa leitura geopolítica da produção epistemológica,  analisando os longos processos de subalternização, destacando os inúmeros conhecimentos locais, descrevendo as reformulações culturais e intelectuais e as negociações entre o Ocidente e as antigas sociedades colonizadas. Consequentemente, os estudos decoloniais tendem a ter uma orientação mais teórica que parece ser muito abstrata e difícil de aplicar empiricamente. Nesta edição da RED procuramos localizar e explicitar as diferentes práticas decoloniais em relação aos fenômenos culturais, políticos, ambientais, raciais, de gênero, artísticos, pedagógicos e médicos em todo o mundo. Consideramos assim importante receber contribuições relacionadas à pesquisa empírica baseada em uma perspectiva decolonial, relatos de experiências ou estudos de caso sobre práticas sociais, culturais e políticas com o objetivo de refletir sobre a complexidade e os desafios do pluralismo.

Esperamos receber para esta edição propostas nas quais a perspectiva decolonial seja concretamente implementada em todas as suas formas: artística, culinária, etnobotânica, social, pedagógica. Embora seja verdade que várias obras decoloniais fornecem uma leitura de certos movimentos sociais, esta abordagem carece de elementos empíricos que tornariam possível identificar uma práxis decolonial. Por outro lado, o objetivo desta edição é dar conta da diversidade de aplicações práticas da perspectiva decolonial em várias sociedades. Serão bem-vindas propostas que descrevam contextos africanos, europeus, asiáticos, caribenhos ou Abya Yala em vários formatos (entrevistas, artigos clássicos, vídeos, etc.).

Submissão de propostas

As propostas podem ser enviadas em francês, espanhol, português e inglês para o seguinte endereço: reseau.etudes.decoloniales@gmail.com antes de 30 de maio de 2021.

Editores

  • Sébastien Lefèvre, Université Gaston Berger, Ndar, Senegal.
  • Paul Raoul Mvengou Cruzmerino, Université Omar Bongo, Gabon.
  • Lenita Perrier, Docteure en anthropologie sociale de l'École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), France.
  • Tamara Sánchez Albarracín, Masterante en études féministes, Université de Paris, France.
  • Sonia Tarby, Doctorante en littérature comparée et géographie, UFR Lettres, Besançon, France

 

Fonte: «Estudos decoloniais. Da teoria à prática», Chamada de trabalhos, Calenda, Publicado quinta, 04 de março de 2021, https://calenda.org/851409

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