Segunda-feira, 28 de Abril de 2025
Publicações

Chamada para publicação da Cadernos de Arte e Antropologia

Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Antropologia, Arte, Chamada para artigos

Chamada para publicação

Editores convidados: Stéphane Blumer (EHESS, CICS.NOVA) & Sofia L. Borges (UNIGE)

Prazo para submissão de contribuições: 30/04/2025

Línguas aceitas para as submissões: Português, Inglês, Espanhol, Francês
 
Nas últimas duas décadas, a pesquisa científica voltou-se progressivamente para métodos que abraçam a subjetividade e a plasticidade dos dados como meio de fazer novas descobertas, bem como para estratégias de divulgação para audiências mais amplas. O dossiê temático “Inventários Incómodos” questiona a atividade de inventariar como método, cruzando práticas artísticas, ciências sociais e humanas (CSH). O inventário continua a ser o instrumento de recensão de eleição em domínios tão diversos como em bibliotecas e arquivos, na gestão de stocks, nos bens patrimoniais individuais e públicos, na catalogação florestal, de emissões de poluição, na conservação ambiental e biológica, ou na tecnologia da informação. Esta ferramenta empírica, aparentemente comum e anódina, merece hoje uma atenção particular quanto à escolha dos seus assuntos, às suas historicidades, às posturas adotadas, aos seus objetivos, aos seus diversos impactos no processo de investigação.
 
Longe de estabelecer simples compilações objetivantes e neutralizadoras, qualquer inventário é uma invenção: uma proposta que integra forçosamente, conscientemente ou não, o seu ponto de enunciação subjetivo. Ao fazê-lo, é inevitável escapar à construção de referentes, critérios de seleção, de privilegiar ou discriminar agentes e fatores, e de condicionar hierarquizações sujeitadoras. Propõe-se aqui uma abordagem metodológica que caminha além do desenvolvimento sistémico, evitando a conformidade dos Big Data, e a soberania da cultura algorítmica de catalogação (LLMs, IA). De outro modo, os inventários críticos revelam um interesse contemporâneo ao permitirem registar, medir e vincular paradigmas sensoriais humanos tanto como materialidades mais-do-que-humanas . Neste dossiê expõe-se a pluralidade de modelos de inventários e das suas propensões para (re)inventar tanto os objectos inspecionados, como a performatividade e os destinos dos dados assim apropriados e manifestados. Adotaremos, de forma dialética e pragmática, os fecundos debates entre artes e ciências, entre o objetivo e o subjetivo, entre o quantitativo e o qualitativo, sem nos subordinarmos a nenhuma disciplina.
 
O dossiê aspira seguir duas linhas principais de pensamento que, em conjunto visam desenvolver métodos empíricos transitando entre as artes e as ciências sociais, visando a ampliação do espaço heurístico nas investigações qualitativas.
 
Em suma, ao expor as práticas de recensão encontradas no cruzamento entre artes e ciências, este dossiê tem em vista explorar as potencialidades dos inventários como ferramentas para:
 
• Desnaturalizar/desessencializar: questionar as categorias e classificações preexistentes, propondo novas formas de organizar, hierarquizar e descrever o mundo.
 
• Visibilizar/Sensibilizar: revelar aspectos subjetivos, sensoriais e afetivos que muitas vezes são negligenciados nas abordagens tradicionais nas ciências.
 
• Coletivizar/Comunizar: incentivar a participação ativa dos sujeitos e intervenientes envolvidos nos processos de inventariação, valorizando experiências e conhecimentos.
 
• Narrar/Ficcionalizar: construir repertórios narrativos alternativos que desafiem os discursos e ideologias dominantes e ofereçam novas perspectivas prospectivas.
 
Buscamos artigos que, entre outras questões, investigam, as seguintes matérias:
 
• Inventários como práticas artísticas: como artistas utilizam a prática de inventariar como método inicial ou final, meio de expressão, questionamento e produção de conhecimento?
 
• Inventários e ciências sociais: quais as implicações da prática de inventariar para as metodologias de pesquisa em ciências sociais? Como os inventários podem contribuir para a construção de narrativas e interpretações plurais mais complexas e diferenciadas?
 
• Inventários e poder: quais os jogos de poder envolvidos nas práticas de inventariar? Como os inventários podem ser utilizados para reforçar ou subverter relações de dominação/resistências?
 
• Inventários e futuro: qual a potência prospetiva do inventário crítico? Como a prática de inventariar pode contribuir para a construção de futuros interseccionais, decoloniais, antifascistas, anti-capitalistas?
 
Temas Sugeridos (lista não exaustiva):
 
• Inventários e a descentração epistémica (pós)colonial/decolonial — humano/mais-do-que-humano;
 
• Inventários e a sua relação no espaço/tempo;
 
• Inventários e a construção de novas identidades socio-políticas;
 
• Inventários e a memória individual/coletiva;
 
• Inventários e o corpo, os gestos;
 
• Inventários e a tecnologias digitais, Big Data, soberania da cultura algorítmica, LLMs, IA.
 
A revista Cadernos de Artes e Antropologia acolhe uma variedade de formatos, incluindo artigos, ensaios visuais, ensaios sonoros, diários de campo, resenhas e entrevistas. Incentivamos os autores a explorar formatos que rebentam com modelos de escritura convencionais e permitam uma apresentação mais plástica e envolvente das suas pesquisas.
 
As contribuições devem ser enviadas diretamente para a revista. Para questões sobre o conteúdo da chamada, autores podem entrar em contato com os editores do dossiê (stephane.blumer@ehess.fr).

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