Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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Chamada para Dossiê "Diálogos entre História e Literatura: ficção e verdade"

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Literatura, Chamada para artigos, História

A Revista Intelligere - História Intelectual (ISSN: 2447-9020), do Departamento de História da Universidade de São Paulo, divulga a chamada para o dossiê "Diálogos entre História e Literatura: ficção e verdade".
 
Ementa
 
O clássico problema das relações entre história e literatura sempre mobilizou debates e foi objeto de diferentes tipos de reflexão e abordagem por parte de críticos literários, sociólogos, filósofos e historiadores.
 
Em uma entrevista realizada nos anos 1990, Antonio Candido resumiu da seguinte maneira o modo como entendia as relações entre literatura e sociedade: "O que me interessa não é tanto a relação do texto com a sociedade, é a transformação da sociedade em texto"[i]. Propor que a obra literária seja estudada como objeto estético, e não como mero epifenômeno social, longe de excluir a história, faz com que ela apareça integrada no exame da forma do texto. Texto e contexto passam a ser entendidos como elementos constitutivos de um tipo de produção social específica: a literatura, justamente.
 
Essa maneira de entender a obra literária levanta também o problema das relações entre história, ficção e verdade. Não porque a narrativa literária e a narrativa histórica tenham, em maior ou menor grau, um "quê" de conteúdo ficcional. Mas porque a literatura dá acesso à dimensão utópica da verdade, uma verdade que, se não é a dos fatos, é a dos valores, das ideologias, dos códigos de cultura e de linguagem que comunicam um estilo de pensamento. No momento em que os historiadores passaram a problematizar sistematicamente as relações das sociedades com o tempo, a literatura pode informar, por exemplo, uma expressão original, mesmo que no plano ficcional, da experiência que se tem do passado e do presente e das perspectivas sobre o futuro.
 
Longe de ser um refúgio seguro e confortável contra a aspereza do real, a literatura – por meio de experiências que reconhecemos, de alguma forma, em nós: a marca de eventos, costumes, fantasias, paixões etc. – abre para o historiador uma porta para o desconhecido. Ela concretiza um certo tipo de compatibilidade, às vezes explosiva, entre a ficção e a realidade e, assim, reforça a ambição da história de ser um conhecimento carregado de originalidade.
 
É, então, sob a perspectiva que prevê tanto a autonomia, quanto o profundo enraizamento histórico e social do campo literário que Intelligere, revista de História Intelectual, convida todos os pesquisadores que se interessam pelas relações entre história e literatura a refletir.
 
Data limite para envio dos artigos: 30 de junho de 2016 (acesse http://www.revistas.usp.br/revistaintelligere/announcement/view/295 para ler as normas da revista).
 
Coordenadores do dossiê:
 
Stefania Chiarelli, Professora Adjunta de Literatura Brasileira no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense
 
Francine Iegelski, Professora Visitante (PNPD/CAPES) do Departamento de História da Universidade de São Paulo
 
Júlio Pimentel Pinto, Professor Livre-Docente do Departamento de História da Universidade de São Paulo
 
 
___________
 
[i] Antonio Candido. Entrevista 30/09/1996. In: Luiz Carlos Jackson. A tradição esquecida: Os parceiros do rio Bonito e a Sociologia de Antonio Candido. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2002. p. 170.
Imagem do cartaz: Robert Delaunay, Fenêtres ouvertes simultanément (1ère partie 3ème motif), 1912.

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