A revista Diffractions (ISSN 2183-2188) abre call for papers para sua edição de número 8 que versará sobre o Luxo. Os artigos podem ser escritos em Inglês, Português e Espanhol. A revista é editada pelo Doutorado em Estudos Culturais da Universidade Católica Portuguesa/Lisbon Consortium. O prazo máximo para o envio é o 30 de novembro. 

Marco teórico

O luxo contemporâneo ainda se refere a um fascínio com "consumo conspícuo" (Veblen, 1899), o excesso, indulgência e distinção (Bourdieu, 1984), o emparelhamento com uma lógica de indiferença para com o uso abusivo dos recursos naturais, bem como para a pobreza, a desigualdade social e segregação. Esta dinâmica se tornou bastante visível recentemente, quando Chanel estreou sua nova coleção, em Havana, encenando um show semiprivado de moda para a elite. Inspirado por traços essencialistas de Cuba (pré) cultura revolucionária, o show celebrou a marca do capitalismo glamouroso em uma cidade que já foi considerada um modelo de utopia socialista, agora a abrir-se à imaginação capitalista. A exibição de luxo da Chanel em uma cidade onde desvantagem económica é generalizada foi fortemente criticada, e seguida por um aumento de uma crítica de luxo, decorrentes tanto do discurso teórico (Cloutier, 2015; Tseëlon, 2014) quanto da cultura popular, como é o caso das obras Diamante de Sangue (2006), de Edward Zwick,  O Lobo de Wall Street (2013),de Martin Scorcese, e  o hit de Psy K-pop, Gangnam Style (2012).

Se uma sensação de requinte, exclusividade e mais-gozo (Žižek, 2016) permanece ligado ao consumo de bens de luxo contemporâneos, tendências globais têm, porém, incitado a democratização do luxo e do desejo (Featherstone, 2014) promovendo assim a crescente visibilidade das categorias contrastantes como luxo falsificado (Jiang e Cova, 2012) e luxo ético e sustentável (Gardetti e Torres, 2013; Balsiger, 2016). Outra característica do luxo contemporâneo diz respeito à mudança de " luxos materiais e sensoriais para luxos imateriais" (Featherstone, 2014: 49). Como Featherstone alega, o conteúdo imaterial do luxo carrega uma saudade embutida, um "fascínio com o poder do luxos que  também pode evocar o desejo para a 'empobrecida' vida simples, um mundo imaterial cujos valores são de uma ordem completamente diferente as do mercado "(Featherstone, 2014: 49), tal como o silêncio, segurança, privacidade, espiritualidade e tempo. Além disso, o luxo incorpóreo também está ganhando importância como resultado de preocupações sobre o impacto negativo dos desastres contemporâneos. De fato, em países onde a poluição é um problema grave, como é o caso da China e da Índia, o ar está de fato se tornando o novo luxo. Uma garrafa de ar  "fresco da montanha" dos países ocidentais, custa em torno de trinta a cinquenta vezes mais do que uma garrafa de água mineral local.

Numa altura em que luxo tornou-se um assunto tão controverso, esta edição pretende debater luxo como um sintoma de condições capitalistas e pós-capitalistas, e como uma moeda potencialmente transgressora. Convidamos os autores a submeter artigos originais de pesquisa que tenham relação, mas não estão limitados, aos seguintes tópicos:

• A história cultural do luxo
• Luxo, paixão, desejo e as coisas
• Luxo e a financeirização da arte
• Luxo e as economias extrativas
• Luxo participativo
• Luxo e a visibilidade da pobreza, austeridade, exploração e precariedade
• Luxo, género e personificação
• Luxo, ética e sustentabilidade
• Gentrificação, a cidade luxuosa e deslocamento
• Espaços fechados, exclusividade e utopias urbanas / fobias
• Luxos imateriais e não corpóreos
• Luxo, valor, gosto e os novos ricos
• Desejos globais e luxo falsificado
• A crítica do luxo na literatura, media e as artes.

A revista também aceita resenhas de livros que podem não estar relacionadas com o tópico do assunto. Mais informações no site da revista e através do e-mail info.diffractions@gmail.com.