A Revista Seda (ISSN 2525-5940)- Revista de Letras da Rural-RJ, está com chamada aberta para submissão de artigos para o Dossiê Poesia e Subversão. Os artigos podem ser enviados até 26 de fevereiro de 2017. Esta edição da revista, de número quatro, será organizada por Marcos Pasche (UFRRJ) e Eduardo da Cruz (UERJ).

Com três números anuais, a SEDA propõe-se a cobrir as áreas específicas do curso de Letras da UFRRJ, alternando-as entre os números. Assim, anualmente sairá um número sobre Linguagem, um sobre Estudos Literários, e um sobre Ensino de Língua e Literatura.

Marco teórico

A cultura literária da modernidade preza ver no texto poético uma expressão de desacordo com as convenções de variados tipos, sejam, falando em termos genéricos, as da sociedade ou as da própria arte. Com o avanço da ordem tecnicista nas sociedades industrializadas do século XIX, profundas incompatibilidades entre progresso econômico e felicidade pessoal se configuraram, e aos discursos oficiais coube respaldar e naturalizar novos matizes da ideia de que as coisas são como são porque são como devem ser.

De acordo com Hugo Friedrich (1991), a partir de certa altura do século XIX, a poesia assumiu caráter de oposição às ideologias que, hierarquizando a realidade, deram maior patamar à finança – que tudo concebe como objeto de cálculo – e ao cientificismo, que tudo pretende designar objetivamente. Tal ordem de coisas não se esgotou no século XIX: ela se desdobrou de formas variadas por todo o século XX e segue com ânsia totalizante nestes primeiros anos de século XXI. Paralela e inversamente, poetas e poemas não abandonaram seu espírito contestador, e teimam em inserir na pauta geral rasuras de contestação e de sensibilidade, pois, como afirma Alfredo Bosi (2004), há muito a poesia não se integra harmonicamente aos discursos correntes da sociedade.

Por tais apontamentos, este número da Revista Seda pretende dar relevo a algumas questões, como: a que se opõe a poesia moderna e contemporânea, do Brasil e de outras partes do mundo? Que formas caracterizam as poéticas que se podem tomar como subversivas? Há relação direta entre ruptura de caráter literário e ruptura de caráter político? O suposto fim das ideologias também se verifica no discurso poético? Ainda é pertinente pensar na associação entre discurso poético e subversão social? Considerando o que se pergunta e também que no ano de publicação da revista dois simbólicos centenários serão completados (o da Revolução Russa e o da estreia literária de Manuel Bandeira, com A cinza das horas), a Seda receberá artigos e resenhas pautados também nessas efemérides.

Mais informações na página da Revista Seda.