Terça-feira, 16 de Abril de 2024
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Chamada da Revista Interinstitucional Artes de Educar - RIAE - Dossiê: História das Mulheres e Educação

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Chamada para artigos, Ciências da Educação, História, Mulheres

A Revista Interinstitucional Artes de Educar - RIAE, publicação científica online mantida pelos Programas de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo  (UERJ/FFP), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ/IM-IE) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO),  divulga chamada de artigos para o Dossiê Temático: “História das Mulheres e Educação: perspectivas de pesquisa e formação de professores”, que será publicado no  v.7, N 3 (2021) set./dez. 2021.

O Dossiê, organizado por Denize Sepulveda (PPGEDU/FFP/UERJ), Alessandra Schueler (FEUF/UFF) e Jes Baez (Universidade de Buenos Aires, Faculdade de Filosofía e Letras/CONICET - UBA, FFyL/CONICET), tem por objetivo congregar artigos oriundos de trabalhos  sobre a História das Mulheres e sobre os estudos dos Gêneros e Sexualidades no Brasil e Argentina, como em outros países, apontando também sobre a importância que a perspectiva interseccional traz para esse debate, partindo da necessidade de territorializá-lo e situá-lo no tempo e no espaço. As pesquisas sobre a História das Mulheres e sobre os gêneros no Brasil correspondem aos inícios dos movimentos feministas, nos anos 1970/80, no qual lutavam também contra a ditadura, agregou feministas no país e no exílio. As investigações mencionadas foram desenvolvidas concomitantemente com os debates das ideias e do movimento feminista internacional, dos meados dos anos 1960/70. No Brasil, temos alguns registros de grupos de estudos sobre o feminismo em São Paulo e no Rio de Janeiro, no começo da década de 1970, normalmente formados por mulheres que voltaram dos Estados Unidos e Europa, onde foram desenvolver investigações, principalmente por professoras universitárias. Na Argentina também nesta década ingressou o debate nos espaços educativos. O golpe militar de 1976 dificultou a ampliação desse debate. Com a volta da democracia na década de 80, as demandas foram atualizadas. Barrancos (2019) destaca o Encuentro Nacional de Mujeres, realizado desde 1986, que desde então reúne milhões de pessoas para participar e desenvolver uma agenda feminista nas ruas do país. Por outro lado, no espaço acadêmico, as Jornadas Nacionales de Historia de las Mujeres desde 1991, têm apoiado as visibilidades desses estudos em linhas de investigações com a criação de cátedras, institutos de pesquisa, entre outros. Pesquisas desenvolvidas no Brasil e no mundo a partir da década de 80 do século XX foram importantes para desinvisibilizar a História das Mulheres. Em 1989, a Revista Brasileira de História publicou um número inteiro destinado a mulher, intitulado “A mulher no espaço público” (v. 9, n. 18). Na apresentação da revista Bresciani dizia que esta era uma história da exclusão. Nesse número, categorias como ‘mulher’, ‘mulheres’ e ‘condição feminina’ eram as usadas nas análises. A categoria ‘gênero’ ainda era novidade na historiografia brasileira. Em 1990, a Revista Educação e Realidade publicou a tradução em português de um artigo da historiadora norte-americana Joan Scott: “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. No mesmo ano, uma versão em castelhano foi editada em Historia y género: las mujeres en la Europa moderna y contemporânea de James, Amelang e Mary Nash.

O artigo de Joan Scott (1990) se tornou um marco nas temáticas de gêneros e nas análises da pesquisa histórica. A autora ajudou a pensar sobre o conceito de gênero como uma categoria útil à história, pois enfatizou que tal categoria nos possibilita refletir sobre a relação entre as mulheres e homens, nas desigualdades e hierarquias sociais que se estabelecem entre eles. De acordo com Scott, o conceito foi desenvolvido como uma maneira de se opor a um determinismo biológico nas relações entre os sexos masculino e feminino, dando-lhes um caráter fundamentalmente social: ‘’o gênero enfatizava igualmente o aspecto relacional das definições normativas da feminidade (SCOTT, 1990, p. 5)’’. Logo, a importância dessa análise diz respeito ao aspecto relacional, ou seja, a noção de que os gêneros não podem ser entendidos separadamente, mulheres e homens precisam ser compreendidos de forma recíproca. Além das questões dos gêneros outras pesquisadoras continuaram a desenvolver suas análises sobre as categorias a ‘mulher’, ou ‘mulheres’. Segundo Scavone (2011), na década de 1990 houve um aumento de subdivisões dentro dos movimentos feministas que influenciaram também nas pesquisas, tais como os movimentos lésbicos   e gays; os movimentos das mulheres negras lésbicas, que saem do movimento feminista negro; entre outros. Investigações em relação aos gêneros, as sexualidades, as homossexualidades, e ao racismo também, se desdobram tematicamente. Nos últimos anos os estudos de gêneros têm se voltado para o conceito de interseccionalidade. O termo ganhou espaço a partir de uma palestra realizada por Kimberle Crenshaw na cidade Durban, na África do Sul, em 2001, cujo objetivo foi introduzir assuntos há muito debatidas nos movimentos sociais dos feminismos negros nos Estados Unidos, América Latina e Caribe. A noção de interseccionalidade é pensada como uma categoria teórica que focaliza múltiplos sistemas de opressão, em particular, articulando raça, gênero, classe, sexualidades e outros marcadores de desigualdades e hierarquias sociais. No Brasil, ao lado de tantas outras mulheres negras, como Beatriz Nascimento e Luiza Bairros, Lélia Gonzalez foi uma das pioneiras nas discussões sobre a interseccionalidade, ou seja, sobre a centralidade das relações entre gênero, classe e raça na configuração social, cultural e histórica do país. Em suas análises e atuação como intelectual engajada nas lutas e movimentos sociais, não cansou de escrever sobre a força estrutural do sexismo e do racismo. Entre os anos de 1960 e 1990, seus escritos foram desenvolvidos levando em conta os cenários da ditadura civil militar e em diálogo permanente com os movimentos sociais no Brasil, Caribe e nas Américas, com destaque para os negros, especialmente de mulheres negras e suas demandas específicas. Autoras como Angela Davis, Patrícia Hill Collins, Lélia Gonzalez, Luiza Bairros, entre outras, em suas obras contribuem para a constituição da perspectiva interseccional como instrumento fundamental de análise para diversos campos de conhecimento e investigação, notadamente para as áreas da História e da Educação. Sendo assim, esse dossiê, dedicado à História da Mulheres, as questões de Gêneros e Sexualidades, tem como objetivo reunir artigos que versem sobre essas temáticas e os novos caminhos metodológicos abertos pelas perspectivas teóricas aqui apontadas. Nos interessa também proporcionar o debate sobre a fertilidade da introdução desses problemas de investigação e temáticas nas práticas curriculares dos cursos de formação de professorxs, de modo a criar condições para contribuir para uma educação mais democrática, horizontal, participativa, inclusiva, não sexista e não LGBTIfóbica.

Submissões: Até dia 30/04.

Regras de Submissão: No site da Revista Interinstitucional Artes de Educar. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/riae/about/submissions#onlineSubmissions

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