Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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Chamada da Revista Artefilosofia | Figurações e interlocuções: a questão feminina em Walter Benjamin

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Chamada de artigos da revista Artefilosofia

Figurações e interlocuções: a questão feminina em Walter Benjamin

 

Embora não fosse poeta e tivesse uma formação filosófica, Walter Benjamin (1892-1940) pensava poeticamente. É o que afirma Hannah Arendt sobre seu amigo e correspondente de longa data. De fato, em sua obra vasta e heterogênea, em grande parte póstuma, Benjamin opera de modo inegavelmente poético, reunindo materiais diversos com os quais construía metáforas e inventava narrativas que se relacionam intimamente a elementos teórico-conceituais. Nela, o feminino aparece em imagens recorrentes, cujo sentido pode variar de acordo com o contexto, em diferentes figurações e ficções. Em relação com tais figurações ficcionais, um de seus primeiros ensaios coloca a questão do que seria uma cultura feminina ou uma linguagem feminina (Metaphysik der Jugend, GS, II, I, 1977). Entretanto, apesar de desempenhar um papel importante em muitos textos, este complexo temático e metafórico ainda não foi suficientemente explorado pela crítica especializada.

Por outro lado, se a primeira recepção de Benjamin privilegiou suas amizades com Theodor Adorno, Gerschom Scholem e Bertoldt Brecht, a publicação de sua vasta e intensa correspondência com Gretel Adorno, assim como descobertas recentes sobre o papel de Hannah Arendt na conservação de versões importantes de manuscritos publicados apenas postumamente, como as chamadas “Teses sobre o conceito de historia”, chamam a atenção para a importância destas e de outras interlocutoras na constituição e na conservação de seu pensamento. Nesse sentido, parece-nos também significativo que Benjamin tenha dedicado três importantes textos a mulheres com as quais se correspondeu durante sua vida: à escultora e amiga Jula Cohn, dedica “As afinidades eletivas de Goethe” (1922); à tradutora Dora Sophia Pollak, com quem foi casado, dedica A origem do drama trágico alemão (1925); à atriz e diretora teatral Asja Lacis, por quem foi apaixonado, dedica Rua de mão única (1926). Assim, com o objetivo de ampliar o escopo interpretativo de sua obra, convidamos pesquisadoras e pesquisadores da área para pensar as figurações da questão feminina assim como o papel de interlocutoras e correspondentes mulheres na vida intelectual do autor.

Figuras femininas como a prostituta, a mãe, a avó materna, a lésbica, Safo, entre outras, aparecem na obra de Benjamin desde o chamado período de juventude, como em a “Metafísica da Juventude” (1913/14), até seus textos mais tardios, como nos ensaios sobre Baudelaire (1939), no Livro das Passagens (1935-40), passando por Rua de mão única (1926), Infância em Berlim por volta de 1900 (1933-35), e Imagens de Pensamento (1925-35). Nessa perspectiva, os cursos oferecidos no verão de 1913 pelo neokantiano Heinrich Rickert, que abordava o feminino como esfera axiológica de seu Sistema de Valores, assim como o contato com o Matriarcado (1861) de Bachofen constituem sem dúvida fontes para a elaboração da questão feminina no corpus benjaminiano. Sobre Bachofen – citado indiretamente no ensaio sobre As Afinidades Eletivas acerca da Otília goethiana, e diretamente no ensaio sobre Kafka (1934) – Benjamin escreve um artigo em 1935. Além dessas fontes, não devemos esquecer a saint-simoniana Claire Démar, autora de Minha lei do porvir (1834), que Benjamin diz antecipar a imagem da mulher heroica em Baudelaire.

Este dossiê convida artigos que possam desdobrar as figurações do feminino na obra e/ou explorar as implicações intelectuais das amizades e interlocuções de Walter Benjamin com mulheres. Nesse ponto, se o método benjaminiano consiste em dar potência ao passado ao apontar no presente o que nos constitui como esquecimento, este dossiê segue seu método ao ter também como objetivo dar potência ao que permanece em sua própria obra como esquecido: as figuras femininas – quer históricas, quer metafóricas – e suas relações com a linguagem, a erótica, a temporalidade, a arte e a política.

 

Organizadores do dossiê:

Isabela Pinho, Doutora em Filosofia pela UFRJ

Patrícia Lavelle,  Professora adjunta do Departamento de Letras da PUC Rio

Data para o envio dos textos: De 13/12/2019 a 01/06/2020

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