Domingo, 01 de Setembro de 2024
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Chamada da Revista 2i: "Animalidades e zoopoética: dos textos às teorias"

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Ciências da Comunicação, Intermedialidade

Revista 2i | Estudos de Identidade e Intermedialidade

Chamada de artigos — nº 7 (2023): Animalidades e zoopoética: dos textos às teorias

Website: https://revistas.uminho.pt/index.php/2i/index

Data limite para submissão de colaborações: 15 janeiro 2023

Editores: Sérgio Guimarães de Sousa e Ana Ribeiro

Apresentação

Marcado por diversas mutações, decisivamente acentuadas pelo incontido triunfo da tecnologia e pelo drástico fenómeno das alterações climáticas e do seu eco apocalíptico, o mundo sócio-civilizacional de hoje afasta-se a passos largos da tradicional concetualização do humano enquanto instância de um lugar central e dominante na ecosfera.

Com efeito, é atualmente indesmentível a emergência de uma recodificação identitária através da qual se dá a erosão do antropocentrismo e a consequente reavaliação da força e da pertinência das espécies não-humanas nas condições de possibilidade de um ecossistema equilibrado e sustentável – ou seja: benéfico a todos os viventes.

A renúncia ao mundo regido pela convicção da inabalável superioridade humana (mundo hierárquico, vertical, tradicional) sobre as demais espécies e o investimento heurístico e estético-ideológico a favor de uma espécie de retorno a uma realidade primordial, em que o apelo do não humano, concebido em sentido razoavelmente lato, se faz (finalmente) ouvir, registam-se em todos os âmbitos.

Desde logo, nos mais vocacionados para o efeito, como é seguramente o caso da antropologia e da etologia (pense-se nos estudos de referência do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro ou em nomes como o da primatologista Jane Goodall e o do zoólogo e paleontólogo Stephen Jay Gould), mas também nos estudos literários com a ecocrítica, no conhecimento filosófico-ensaístico (e aqui, bem antes de Derrida e do seu emblemático ensaio O animal que logo sou e dos contributos filosóficos de Bruno Latour, convirá recuar até Montaigne, um dos possíveis marcos arqueológicos, em rigor, dos Animal Studies), no mundo económico-financeiro (com a chamada economia circular ou sustentável), para não falar nas figurações artísticas, sobretudo as de vasta difusão discursivo-narrativa (o cinema é disso perfeito exemplo).

Todas estas vertentes, e muitas outras, cada uma a seu modo, sensibilizam-nos para o facto de não podermos continuar a relacionarmo-nos com a natureza e com os seres não-humanos que nela se alojam como se esta e estes não passassem de uma mera moldura da nossa (problemática) presença. Numa palavra, todas as formas de vida afiguram-se essenciais à sobrevivência.

É objetivo deste 7.º número da Revista 2i, subordinado ao tema animalidades e zoopoética: dos textos às teorias, problematizar a alteração de paradigma em curso, prestando particular atenção ao modo como esta mudança sensível à legitimidade de todas as formas de vida se manifesta nos seus textos de referência, sejam eles fundadores ou recentes, condição essencial para se perceber como ocorre a fundamentação teórica de um new world. Aquele em que ser humano, ao arrepio de uma suposta ontologia imutável e sem ressalvas, deixou de significar um centro cardinal na órbita do qual tudo teria de gravitar.

Ser humano na conjuntura de hoje, a do Antropoceno, é, antes de mais, ser capaz de desarrumar categorias tradicionais, manifestando o impacto da existência humana em função também dos restantes seres viventes, de modo a conter uma provável, mas ainda não inexorável, extinção.

Assim, esta chamada de artigos deve ser entendida como um convite a contributos interdisciplinares suscetíveis de indagarem e problematizarem os textos e as teorias oriundos da zoopoética e dos animal studies nas suas diversas implicações: crenças, normas, práticas significantes, valores, expectativas, repertório de possibilidades, etc.

Possíveis tópicos de reflexão:

  • Limiares Homem/Animal;
  • Alegorizações antropomórficas e zoomórficas;
  • Zoofilia e antropozoologia;
  • Animalidades e Antropoceno;
  • Ecossistemas sustentáveis;
  • Recodificações identitárias;
  • Utopias, distopias e pós-humano.
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