Quinta-feira, 28 de Março de 2024
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Chamada de artigos da Lusotopie: Amílcar Cabral e o Ideário da Revolução Anticolonial

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: França

Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, História

A revista Lusotopie está com chamada aberta para o seu primeiro número de 2019 com o tema Amílcar Cabral e o Ideário da Revolução Anticolonial. O prazo para apresentação de propostas (em francês, inglês ou português) decorre até ao dia 20 de março de 2019.


À sombra da memória de Amílcar Cabral e do seu legado jazem algumas ideias já estabelecidas: uma delas é o papel de Cabral na elaboração de um ideário de resistência revolucionária anticolonial; outra (complementar à primeira) é o lugar cimeiro que ele ocupou na condução das lutas de libertação para a independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Os seus biógrafos, assim como outros testemunhos escritos detalharam já, com as devidas nuances, diferentes componentes desses tópicos (Sousa, 2016; Santos, 2014; Medeiros, 2012; Tomás, 2007; Oliva, 1998; Chabal, 1983; Andrade, 1980). Alguns estudos consagrados ao pensamento cabraliano têm perscrutado as diversas malhas de correspondência entre o ideário da resistência anticolonialista e o desenvolvimento do processo revolucionário, indagando as relações entre a teoria e a prática, os discursos e as ações; em suma, entre palavras, contextos políticos, situações e atos (Amado, 2012; Ndjai, 2012; Franco, 2009; Castanheira, 2003; Pereira, 2002; Pinto, 2001; Mateus, 1999; Silva, 1997; Dhada, 1993). Outros têm sondado conotações do marxismo e do internacionalismo nas suas reflexões (Villen, 2013; Idahosa, 2002; Benot, 1984; Bockel, 1976). Autores há ainda que inserem parte dos escritos de Cabral no campo dos estudos pós-coloniais (Young, 2001; Ashcroft et. al, 1995; Williams e Chrisman, 1994), mas também no quadro das práticas políticas e da tradição africana da teoria crítica (Saucier, 2017; Abadian, 2016; Rabaka, 2009; Peterson, 2007). Existem também, em acréscimo, os que questionam outros processos, conceitos e fenómenos político-sociais a partir do legado teórico de Amílcar Cabral (César, 2018; Coutinho, 2017; Neves, 2017; Santos, 2017; Manji e Fletcher Jr., 2013; Lopes, 2009; Borges, 2008).

O objetivo deste texto é propor uma chamada para contribuições para um número temático da revista Lusotopie em torno de Amílcar Cabral, das suas ideias, das suas ações e das afinidades quanto ao seu ideário (a vários níveis). O propósito do número temático consiste em tomar como ponto de partida alguns temas incontornáveis (como o ideário revolucionário anticolonial, os movimentos independentistas, os repertórios de resistências, a circulação dos atores, as redes de solidariedade anticoloniais, entre outros) e interpretá-los através de uma grelha analítica que coloque em destaque a multiplicidade de relações a partir das quais as ações de Cabral e do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) emergem, sobretudo enquanto corolário daquilo que o próprio designou por “conectando as lutas” (Cabral, 1973). Pretende-se ainda que as propostas de contribuição tenham em consideração novas fontes disponíveis (arquivos Mário Pinto de Andrade, Casa dos Estudantes do Império, entre outros) e documentos recentemente editadas (Cabral, Elísio e Souto, 2018; Cabral, Elísio e Souto, 2016), suscetíveis de permitirem uma problematização mais alargada das conexões em torno do fenômeno da luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Isto porque, os enfoques sobre as ações políticas de Cabral ou as lutas do PAIGC têm, grosso modo, apostado quase unicamente na figura do líder para a explicação dos factos e o entendimento dos processos históricos anticoloniais e independentistas em questão. Neste sentido, pretende-se que as propostas contribuam para descentralizar do personagem a análise dos acontecimentos: por um lado, destituindo os próprios factos de uma conotação historiográfica redutora e personificada; por outro, enquadrando a figura, as ideias, as ações e os acontecimentos dentro de uma rede de relações diversas cujas teceduras se imbricam, se complementam, se confrontam e, por vezes, até se contradizem e se negam. Em suma, as contribuições devem trazer à apreciação dimensões transdisciplinares das interações (recíprocas e não recíprocas) entre a linguagem de um ideário independentista e anticolonial e as redes de ações dos sujeitos individuais e coletivos na produção da história.

Podem mandar um resumo de 500 palavras aos editores convidados (Aurora Almada e Santos auroraalmada@yahoo.com.br e Víctor Barros v-barros@hotmail.com com nomes e afiliações cientificas até 20/3/2019.

Notificação de aceitação: 1/4/2019
Submissão da primeira versão do artigo: 1/7/2019
Submissão da versão final depois avaliação: 1/10/2019
Publicação: 3/2020

Site da revista: https://brill.com/view/journals/luso/luso-overview.xml

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