Chamada "A escrita autoteórica como procedimento feminista" - revista Eutomia
Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Brasil
Com este dossiê, propomos reunir artigos que reflitam sobre o lugar da escrita como forma de dar sentido às experiências, sempre plurais, da mulheridade, como esforço de autodefinição ou como aposta na dispersão. Como avaliou Judith Butler (2019 [1988]) partindo da ideia de desbiologização do gênero (2009 [1949]) apresentada décadas antes por Simone de Beauvoir, os gêneros são “atos formadores” instituídos por certa “estilização” do corpo que, em sua natureza iterativa e performática, produzem identidades ilusórias. Com isso, a autora nega o caráter ontológico do gênero, o que possibilita outras repetições e performances para além de sua relação com a sexualidade. Nesse sentido, consideramos acertado o argumento de Lauren Fournier (2021) que considera a autoteoria um modo de reflexão extremamente útil ao pensamento feminista, à medida que escapa às ambições de universalização sem abrir mão da acuidade conceitual. Assim, a potencialidade mutável e imprevisível do gênero é tomada, aqui, como impulso teórico, estimulando formas de narrar que não interditam a circunstância particular da enunciação, mas reverberam, como quer Hartman (2022 [2020], p. 61), “a língua fugitiva dela”.
Organizadores:
Patrícia Reis - Professora Adjunta no Departamento de História e Relações Internacionais - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Clarissa Mattos - Professora Substituta do Instituto de História - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mais informações: https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/EUTOMIA/announcement/view/846