Quinta-feira, 18 de Abril de 2024
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Migrações africanas contemporâneas na América Latina

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: França

Ciências Humanas e Sociais, Demografia, Estudos Latino-Americanos, Geografia

A Cahiers des Amériques latines, revista do Institut des Hautes Études sur l’Amérique latine da Université Sorbonne Nouvelle Paris 3, (ISSN eletrónico 2268-4247) seleciona artigos para sua edição de número 105 que terá como tema Migrações africanas contemporâneas na América Latina. O prazo final para o envio de resumos é o 15 de março de 2023. Os trabalhos podem ser escritos em Francês, Português, Espanhol ou Inglês.

Mais informações: https://journals.openedition.org/cal/13817


Chamada para artigos

Dossiê Migrações africanas contemporâneas na América Latina

Coordenação:

Dr. Guillermo A. Navarro Alvarado, Instituto de Investigaciones Sociales, Universidad de Costa Rica, Costa Rica
guillermo.navarro@ucr.ac.cr

Dra. Luz Espiro, Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Universidad Nacional de La Plata, Argentina
mluzespiro@gmail.com

Dr. Régis Minvielle, Institut de recherche pour le développement, France
minviellergis@yahoo.fr

Envio de artigos: cal.migrations@gmail.com

Ao longo das duas primeiras décadas do século XXI, o crescimento substancial de migrantes africanos na América Latina estruturou o panorama das preocupações governamentais e desenhou os contornos dos novos fenômenos migratórios, sociais e culturais na região.

Este fenômeno combina contextos marcados por mobilidades transcontinentais, regionais e o estabelecimento de barreiras físicas (muros, cercas, arames farpados) ou virtuais (biometria, introdução de vistos, implantação de patrulhas marítimas), a nível global, constituindo cenários proibitivos, marcados por lógicas de contenção que dificultam a circulação, aumentam a influência dos intermediários, tornam as travessias de fronteiras cada vez mais perigosas, desviam rotas etc. É neste contexto repressivo, mas também de aceleração da globalização do Sul, que a América Latina figura na rota dos migrantes africanos.

Países como a Argentina e o Brasil, ou cidades como Buenos Aires e São Paulo, vivenciaram a presença de migrantes africanos de origens diversas, que se tornaram parte da vida cotidiana dessas metrópoles, desafiando os cânones “clássicos” das migrações regionais. Espaços complexos como a selva de Darien entre o Panamá e a Colômbia, assim como comunidades fronteiriças e rurais em toda a América Central experimentaram o trânsito, a mobilidade e a imobilidade de fluxos maciços de migrantes africanos desde o início dos anos 2000, um fenômeno relativamente recente, mas em crescimento na região.

Nos dias de hoje, estas populaçōes constituem uma das principais mobilidades que atravessam o continente, envolvendo trajetos de longa distância e rotas múltiplas, que incluem viagens da América do Sul ao México pelos corredores andinos, atlânticos e mesoamericanos, em combinações, estadias, estratégias e temporalidades variadas, cujo destino final parece ser os Estados Unidos, o Canadá ou países europeus e asiáticos.

Estas migrações implicaram transformações nas políticas migratórias, novas dinâmicas de controle e exercícios de externalização de fronteiras, bem como a transformação das fronteiras étnicas, das dinâmicas de solidariedade, das formas de racialização e do racismo. Além disso, reavivaram na região a conexão com as memórias históricas da presença, da identidade e do silenciamento das heranças africanas, bem como com as formas de etnocídio e racialização experimentadas por populações afrodescendentes e etnicamente diversas.

Estes processos têm atraído a atenção dos pesquisadores da região, reunindo um vasto conjunto de pesquisas qualitativas e quantitativas que dão visibilidade aos fenômenos e permitem que sejam estudados em termos de suas implicações e alcances.

Com base nesses conflitos, processos e eixos temáticos, o dossiê abre sua chamada para artigos originais que analisem as migrações africanas contemporâneas na América Latina a partir de dois eixos específicos:

  • Diversidades, culturas, identidades, experiências de recepção e discriminação nas Américas:

Durante a experiência migratória nas Américas, os migrantes africanos se veem confrontados a uma série de ideias pré-concebidas latino-americanas, produto tanto do legado da escravidão, como de imagens pós-coloniais polarizadas em torno das problemáticas do subdesenvolvimento e da pobreza. Apesar dos estereótipos e das discriminações que muitas vezes os situam junto às camadas mais precárias e estigmatizadas das classes populares, laços sociais se estabelecem entre esses recém-chegados e as populações latino-americanas. A convivência no espaço público com outros coletivos estimula solidariedades cosmopolitas, conexões culturais, movimentos e organizações sociais e políticas e redefine identidades que, a partir de então, devem ser consideradas da perspectiva da fluidez. Seja em torno da condição migratória, da africanidade, da religião ou ainda da intimidade, esses vínculos fazem parte da recomposição das identidades na sociedade em que essas trajetórias migratórias se desenvolvem. Nem monolítica nem excludente, a alteridade muitas vezes constitui para os migrantes "um recurso material e imaterial", ao tornar a africanidade, por exemplo, uma oportunidade comercial e artística. Este dossiê receberá contribuições que abordem a questão da migração africana da perspectiva da oscilação entre a racialização e a construção de laços cosmopolitas, com especial atenção para as relações sociais que se entrelaçam e o significado que adquirem no âmbito das presenças afrodescendentes e das diversidades étnicas.

  • Itinerários, trânsitos, redes, mobilidades e rotas migratórias pelas Américas:

Este eixo reunirá artigos que analisem criticamente as complexidades e as heterogeneidades presentes nas trajetórias dos migrantes oriundos de vários países africanos em toda a América Latina. Neste sentido, estamos interessados em trabalhos que analisem as redes migratórias através das quais são mobilizados recursos para o deslocamento e a inserção de migrantes em contextos específicos, as múltiplas interseções com outras redes sociais e seu papel na definição de padrões migratórios, considerando as tensões e as desigualdades entre os atores, assim como as estratégias de cooperação e solidariedade que os articulam. Também nos interessam as abordagens relacionadas a fenômenos de controle, a obstáculos à mobilidade e às novas formas de controle migratório que envolvem os itinerários migratórios africanos na região. Estamos interessados em abordar processos de mobilidade/imobilidade através de corredores de migração regionais, considerando as tensões entre as políticas de controle migratório e a organização da resistência migrante. De modo análogo, serão igualmente apreciadas contribuições que analisem os efeitos das políticas de externalização de fronteiras sobre a delimitação das rotas seguidas por vários coletivos migratórios africanos, e a conformação de novos espaços de permanência na região que, com o intuito de servirem como rotas de trânsito para outras regiões, acabam se tornando áreas de habitação prolongada. Este eixo também inclui as articulações entre as experiências laborais e as experiências de mobilidade que traçam itinerários migratórios específicos. Neste sentido, serão bem-vindas contribuições que abordem os efeitos dos regimes de mobilidade sobre a inserção desigual dos migrantes africanos nos mercados de trabalho latino-americanos e sobre a produção de trajetórias precárias de migração-trabalho, bem como as diversas estratégias empregadas para superar as restrições na busca por melhores oportunidades de vida.

Coordenação:

Dr. Guillermo A. Navarro Alvarado, Universidad de Costa Rica

https://orcid.org/0000-0001-6459-7262

Doutor em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia-Brasil (2018) e bacharel em sociologia pela Universidade da Costa Rica (2013).

Atualmente é coordenador da cátedra de estudos africanos e do Caribe, professor da Escola de Sociologia e pesquisador do Instituto de Pesquisa Social da Universidade da Costa Rica. Tem trabalhos publicados no campo de estudos críticos sobre racismo, africanos, caribenhos e brasileiros, bem como sobre a história do panafricanismo, a migração africana contemporânea, o racismo e as culturas populares. Seus interesses de pesquisa compreendem a história do panafricanismo, as migrações africanas contemporâneas na América Latina e as relações étnico-raciais na Costa Rica.

Dra. Luz Espiro, Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Universidad Nacional de La Plata, Argentina

https://conicet-ar.academia.edu/LuzEspiro/Papers

https://www.conicet.gov.ar/new_scp/detalle.php?keywords=&id=61386&datos_academicos=yes

Doutora em ciências naturais com orientação em antropologia pela Universidade Nacional de La Plata (2019) e bacharel em antropologia pela mesma universidade (2012).

Atualmente é pesquisadora pós-doutora do Conicet, atuando na Universidade Nacional de La Plata. É professora de etnografia na Universidade de San Andrés e professora visitante no M.A. International Social Work with Refugees and Migrants, Universidade de Ciências Aplicadas de Würzburg-Schweinfurt, Alemanha. Seus interesses de pesquisa incluem os estudos de migração, particularmente a migração africana no Cone Sul, o transnacionalismo, o gênero e as metodologias visuais. Possui publicações científicas em revistas nacionais e internacionais e colaborações na mídia nacional e internacional. É membro do Observatório do Arquivo Audiovisual Sur, organizado anualmente pelo Festival Internacional de Cinema Africano da Argentina (FICA).

Dr. Régis Minvielle, Institut de Recherche pour le Développement, França

Antropólogo social do LPED (Laboratoire population environnement développement), IRD (Institut de Recherche pour le Développement). De início, estudou os movimentos de homens e mulheres entre o sul e o norte do Saara e agora se dedica a pesquisar as dimensões sociais e da identidade dos itinerários africanos na América Latina.

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