Sexta-feira, 19 de Abril de 2024
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Trabalho, patrimônio e desenvolvimento | 5º congresso da Sociedade Internacional de Ergologia

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Chamada para trabalhos, Desenvolvimento, Ergologia, Património

Trabalho, patrimônio e desenvolvimento
5º congresso da Sociedade Internacional de Ergologia
Porto 7-9 de setembro de 2020

A Ergologia, do verbo grego “ergasesthai”, fazer, agir, é um modo de abordar a atividade humana, noção situada a meio caminho entre outra noção mais geral que a engloba, a vida, e uma de suas formas mais específicas, o trabalho.

Em relação à vida em geral, a atividade é definida na sua confrontação permanente, seu debate em um campo de normas, produzidas no decurso da história humana e social, intrincadas a qualquer situação de vida humana, entrecruzando valores “dimensionados”, mercantis, e valores “sem dimensão” (justiça, igualdade, solidariedade etc.). Por conseguinte, qualquer situação de trabalho sempre aparece como um concentrado de história e a atividade como a dramática de uma história em (re)elaboração.

“Démarche (ergologique)” significa que não se trata de uma disciplina nova, mas de uma maneira de retrabalhar os conhecimentos existentes em função das exigências do conceito de atividade.

Em que medida a démarche da Ergologia pode constituir uma abordagem pertinente no campo das questões que integram o trabalho, o patrimônio e o desenvolvimento? Em que medida sua contribuição é singular e inovadora?

Com a finalidade de fazer um balanço e traçar perspectivas, o principal objetivo do V Congresso da SIE é colocar em debate, durante três dias, os trabalhos que, em vários lugares do mundo, fizeram a opção de se engajar a esta reflexão, às vezes privilegiando também outros quadros de referência. A diversidade das abordagens será um ponto de ancoragem essencial deste encontro que se deseja, por conseguinte, de cariz pluridisciplinar.

A questão de partida admite três pressupostos:

  1. É fecundo articular as atividades do trabalho e os recursos do patrimônio e colocá-los em sinergia com as iniciativas de desenvolvimento que se pretende endógenas;
  2. A ergologia oferece um referencial conceitual e metodológicol capaz de apoiar e estimular estas sinergias (a “atividade”, as reservas de alternativas, os projetos-herança, as “normas antecedentes”, as “renormalizações”, os “valores dimensionados”, os “valores sem dimensão”, o “corpo-si”, os Grupos de Encontros do Trabalho/GRT etc.);
  3. Partindo deste ponto de vista, a ergologia pode contribuir para pensar melhor as articulações entre iniciativas endógenas e aportes exógenos.

A isto se juntam algumas hipóteses:

  • As sociedades humanas dispõem de um patrimônio que é, ao mesmo tempo, produto de seu desenvolvimento histórico e fundamento de seu desenvolvimento futuro;
  • O patrimônio de uma coletividade humana é uma realidade viva, material e imaterial, produzida pelo conjunto das atividades de trabalho que são mobilizadas desde suas origens até os nossos dias; a valorização da experiência do trabalho, passada ou em curso, integra-se, assim, a uma valorização do patrimônio das sociedades, quaisquer que sejam;
  • Se a atividade do trabalho não buscar se apropriar do meio, nem dominar situações individuais e coletivas em um nível mínimo de socialização, não haverá processos de desenvolvimento;
  • A dialética entre os níveis de análise macro e micro, que se revela no decorrer do tempo, constitui o 'fio condutor' que liga o trabalho, o patrimônio e o desenvolvimento. Sem referência ao nível macro, a visibilidade e a socialização da ambição transformadora do patrimônio, construída pela atividade industriosa, corre o risco de não ser fecunda, de não ter futuro. Porém, apenas a ancoragem que põe em visibilidade as atividades concretas do trabalho com suas reservas de alternativas tem condições de legitimar as orientações estratégicas definidas pelo(s) desenvolvimento(s);
  • Estas dialéticas são necessariamente plurais, muitas vezes estão em conflito, produzem patrimônios e desenvolvimento historica e geograficamente diferenciados;
  • Os patrimônios de determinadas coletividades humanas foram e podem ser destruídos, pilhados, degradados ou desvalorizados pela colocação em prática de concepções de desenvolvimento essencialmente orientadas por valores “dimensionados”, mercantis.

Estas noções de trabalho, patrimônio e desenvolvimento merecem, por conseguinte, particular atenção porque:

  • estão presentes em várias disciplinas acadêmicas, recebendo numerosas definições que podem se completar, mas também se contradizer;
  • são pluridisciplinares e exigem o diálogo de numerosas abordagens, o que nem sempre é fácil de alcançar;
  • não saberiam ser pensadas em “exterioridade”, ou seja, necessitam, na sua própria definição, integrar os saberes investidos nas atividades daqueles que trabalham e se querem atores de um patrimônio e beneficiários de um desenvolvimento; e o “ponto de vista da atividade”, aqui essencial, nunca é simples de fazer surgir;
  • elas mesclam estreitamente uma perspectiva analítica, de produção de conhecimentos, que retorna a questões de natureza epistemológica, e uma perspectiva normativa, que questiona a governamentalidade das pessoas e dos grupos sociais, o que reenvia necessariamente ao campo da política.

Este quadro de reflexão deveria enriquecer as trocas de experiências e de análises – tendo a finalidade de compreender os mecanismos pelos quais recursos e dinâmicas endógenos e exógenos permitem, ou não, construir abordagens pertinentes e operativas para o desenvolvimento. Isto autorizará a produção de um balanço a fim de dar nova visibilidade às atividades de pesquisa e de intervenção em curso e aos projetos em construção.

Chamada de trabalhos

As propostas de comunicação devem ser enviadas até o dia 1 de dezembro de 2019 à secretária geral da SIE (secretaire.sie@gmail.com). Deverão responder às questões anteriormente identificadas, cumprindo o limite de 500 palavras (as línguas aceites são inglês, espanhol, francês e português) e indicar a língua na qual serão apresentadas e uma segunda língua para projeção.

Serão examinadas pelo Comitê Científico do Congresso, o qual terá toda a liberdade para recorrer a avaliadores complementares cuja lista será tornada pública. O parecer do Comitê Científico será comunicado até 15 de janeiro de 2020 e informará a designação da comunicação para sessões plenários ou para ateliers.

Os textos completos das comunicações aceites deverão chegar até 15 de abril de 2020 a fim de serem publicados antes da realização do Congresso. As normas gráficas serão definidas previamente e enviadas com o parecer do Comitê Científico.

Também é possível propor posters que ilustrem investigações ou iniciativas, e que serão expostos durante o Congresso.

As inscrições e taxas de inscrição deverão ser feitas a 15 de abril de 2020, no momento de entrega do texto completo da comunicação pelo primeiro autor.

Comissão cientifica

  • Abdallah Nouroudine (Centre National d'Analyse et de Recherche sur les Politiques Publiques et Université des Comores, Comores)
  • Abdesselam Taleb (Université de Tlemcen, Algérie)
  • Alvaro Casas (Administración Nacional de Educación Pública, Uruguay)
  • Ananyr Porto Fajardo (Grupo Hospitalar Conceição, Porto Alegre, Brasil)
  • Camilo Valverde (Faculdade de Economia e Gestão, Universidade Católica Portuguesa, Portugal);
  • Catarina Silva (Laboratório de Ergonomia, FMH, Universidade de Lisboa, Portugal)
  • Christine Castejon; Daisy Cunha (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil)
  • Edna Goulart (Universidade Federal do Piauí, Brasil)
  • Ingrid Dromard (Centre Gilles Gaston Granger, Aix-Marseille Université, France)
  • João Caramelo (Centro de Investigação e Intervenção Educativas, FPCEUP, Universidade do Porto, Portugal)
  • José Manuel Mendes (Centro de Estudos Sociais, FEUC, Universidade de Coimbra, Portugal)
  • Laurence Belliès (Airbus et Aix-Marseille Université, France)
  • Liliana Cunha (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Louis Durrive (Université de Strasbourg, France)
  • Luísa Fernanda Delgado (Universidad Autónoma Metropolitana Unidad Xochimilco, México
  • Mariana Veríssimo (PUC-Minas e FAE-UFMG, Brasil)
  • Marianne Lacomblez (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Maristela Vargas Losekann (Grupo Hospitalar Conceição, Porto Alegre, Brasil)
  • Marta Santos (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Patrick Ryvalski (Institut fédéral des hautes études en formation professionnelle, Suisse)
  • Rafael Gomes (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
  • Rémy Jean (Aix-Marseille Université, France)
  • Renato Di Ruzza (Aix-Marseille Université, France)
  • Sara Ramos (ISCTE e Dinâmia’CET, Instituto Universitário de Lisboa, Portugal)
  • Sérgio Portella (FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brasil)
  • Simone Oliveira (Escola Nacional de Saúde Pública, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brasil)
  • Teresa Medina (Centro de Investigação e Intervenção Educativas, FPCEUP, Universidade do Porto, Portugal)
  • Tine Roth (Centre Gilles Gaston Granger, Aix-Marseille Université, France)
  • Yves Schwartz (Aix-Marseille Université, France)

Comissão organizadora

  • Camilo Valverde (Faculdade de Economia e Gestão, Universidade Católica Portuguesa, Portugal)
  • Cláudia Pereira (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Daniel Silva (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Ingrid Dromard (Centre Gilles Gaston Granger, Aix-Marseille Université, France)
  • Liliana Cunha (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Marianne Lacomblez (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Marta Santos (Centro de Psicologia da Universidade do Porto, FPCEUP, Portugal)
  • Renato Di Ruzza (Aix-Marseille Université, France)
  • Vanessa Rodrigues (Instituto de Sociologia, Universidade do Porto, Portugal)

Taxas de inscrição

  • 150 euros (almoços incluídos)
  • 60 euros (tarifa reduzida mediante justificativa)
  • 35 euros (jantar de gala para não-membros da SIE)

 

fonte: calenda.org

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