Quinta-feira, 25 de Abril de 2024
Congressos

Seminário Paisagem e gênero: estratégias identitárias e subjetivação de corpos

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Chamada para trabalhos, Género, Paisagem

Se o debate sobre a paisagem na atualidade amplia seus diálogos através de diferentes áreas do conhecimento e, em perspectiva, segue oferecendo elementos que lhe garantem distinção conceitual e envergadura teórica, podemos reconhecer que tanto, os fundamentos epistemológicos que norteiam esta temática, quanto a sua própria abrangência discursiva, renovam as leituras sobre o tema e, consequentemente, conduzem a discussão a um outro patamar.

Ao admitir, portanto, a criação e recriação de planos interpretativos originais, apontamos para a possibilidade tanto de rupturas entre os corpos teóricos já firmados como também, para a subordinação à novas pautas de estudos que, por sua vez,  constituem outras matrizes teóricas que vem deslocando e alterando o debate sobre  paisagem e gênero.

Compreendemos, portanto, que a materialidade daquilo que ganha forma concreta e representatividade simbólica na paisagem, somada aos jogos discursivos reivindicados pelo debate contemporâneo, exige uma maior vigilância epistemológica para o exame dos fenômenos sociais diretamente relacionados às questões de gênero, sobretudo aqueles relativos à mentalidade de uma sociedade que oprime, marginaliza e pune grupos sociais que rejeitam no seu cotidiano padrões conservadores.  Nesse sentido, a aliança proposta entre os campos temáticos de gênero e paisagem, a princípio, surgem como argumento investigativo que pretende não apenas contextualizar a discussão dos estudos gays e lésbicos e teorias feministas, mas especialmente, contrastá-los, em termos de performatividade (BUTLER, 2012) frente ao cenário urbano, tentando  assim, interpretar como as identidades construídas no interior da linguagem e do discurso (BUTLER, 2012) de minorias, vigoram e se consubstanciam nas representaçõespráticas apropriações da paisagem, seja  pelo viés cultural e artístico ou, particularmente, por insurgências que ganham relevo em ações de resistência ou, na  luta contra mentalidades arraigadas às tradições político-religiosas conservadoras.

A partir de tal perspectiva aproximamos os referenciais de debate sobre gênero aos fundamentos teóricos que atravessam o campo de estudos  da paisagem tendo em vista identificar conexões para: (i) estabelecer pontos de convergência; (ii) avaliar suas dimensões e; (iii) verificar como é possível criar interfaces entre  os dois campos temáticos.

Independente dos diferentes domínios disciplinares a serem percorridos por uma proposta que visa contrastar as questões relativas  ao binômio  paisagem e gênero, presumimos que o engendramento de arranjos conceituais específicos a cada área,  estimula uma discussão que desnaturaliza – especialmente no caso específico dos estudos da paisagem – jargões consagrados utilizados para interpretar a construção do ambiente urbano.   Os desdobramentos dessa dinâmica reflexiva, frente aos processos e fenômenos socioculturais que se consubstanciam na paisagem, fazem-nos pensar a montagem de uma matriz de estudos cujos  modelos analíticos, sejam capaz de tensionar consensos e ampliar limites interpretativos que dominam separadamente ou, em conjunto, cada uma das áreas em questão.

Os elementos relativos aos estudos sobre gênero já consagrados demandam olhares múltiplos sobre as questões do feminino, da teoria queer, da heteronorma e dos aspectos que norteiam a homoafetividade e demais correlações que neste fórum serão pensados a partir da matriz paisagem e gênero. O binômio que aqui se estabelece tem o  interesse de adentrar o universo temático dos estudos sobre gênero, e, também refletir em que ordem se formula a linguagem,  as narrativas e os símbolos que ganham representatividade na cidade a partir do campo das artes, da cultura e da paisagem.  A ordem reflexiva definida, pretende igualmente explorar os “espaços de exceção”; ou seja, os lugares onde corpos afetados pelos problemas de gênero provocam ações/reações orgânicas que produzem o desenho de paisagens sui generis na cidade.

Referências como Judith Butler (2017), Joan Scott (1995) e Anthony Giddens (1993) são essenciais para pensar uma construção teórica que expande as possibilidades para além do binômio feminino/masculino. Nessa perspectiva a ótica da performatividade de gêneros, ou seja, a possibilidade real de abrir espaços para outras relações e experiências que necessariamente não se encaixam em  definições tradicionais de gênero ganham relevo. Portanto é importante ressaltar que, mais do que demarcar que as indagações pretendem pensar  uma relação entre dois pólos distintos, a proposta para a edição desses dois seminários se mostra voltada a pensar um processo continuum que talvez se estabeleça e define-se a partir  de uma diluição da campos opostos.

As pesquisas têm indicado ganhos significativos nessa direção, o que por sua vez, consegue pluralizar o leque de sujeitos imbricados no fluxo de relações sociais que se estabelecem em diferentes camadas da sociedade e nas múltiplas  paisagens que se formam na cidade. Vale destacar ainda que o pensar os problemas de gênero, deve prescindir as limitações idealizadas para além da lógica binária, ou seja, tecer um discurso que aponte para questões referentes a interseccionalidade com uma outra real possibilidade para o enfrentamento dessas questões e a engrandecer as mesmas. Logo, ver o gênero fora da visão binária, e colocar em evidência sujeitos alçados a outras possibilidades de relações sociais, tendo a paisagem como cenário onde esses 
corpos transitam, é considerar não apenas a esfera de alcance como também a potência  do binômio 
paisagem e gênero como matriz que  pretende nortear essa discussão.

Diante da perspectiva e abordagens apresentadas, o Seminário Paisagem e gênero: estratégias identitárias e subjetivação de corpos, propõe uma pauta de conversações que sinalizam não somente demandas de enfrentamento desse tema dentro do ambiente acadêmico, como também, destaca o seu maior trânsito nas diferentes esferas da sociedade, atualizando a discussão e indicando outras esferas de questionamentos. Portanto, o binômio paisagem e gênero, emerge como matriz conceitual entre o mosaico de temas investigados pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas.

Por meio das  duas edições do seminário que  serão realizados em 2019, nas cidades de Belém e Rio de Janeiro, pretendemos delinear uma zona de interesse para pensar um tema emergencialmente relevante no Brasil contemporâneo.

Diana Alberto, Aldones Nino e Rubens de Andrade


SOBRE O ENVIO DE  COMUNICAÇÕES

Serão aceitas propostas de comunicação relativas aos eixos temáticos do evento, devendo os proponentes enviar pelo site do  grupo o seu artigo. Os interessados devem estar cientes da escolha da Edição do Seminário que pretendem participar: A 1ª Edição Belém – Dias 29 e 30 de maio de 2019 – (até 15 de abril) ou,  a 2ª Edição  Rio de Janeiro – Dias 12 e 13 de novembro de 2019 (até 10 de setembro).

Eixo Temático I: Do  social ao cultural: representações da sexualidade e gênero na paisagem

Eixo Temático II: Paisagem e gênero: subversão e a subjetivação de corpos 

INFORMAÇÕES | https://paisagenshibridas.eba.ufrj.br/2019/02/14/seminario-paisagem-e-genero/

Informação relacionada

Enviar Informação

Mapa de visitas