Quinta-feira, 28 de Março de 2024
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GT25 – Escrever a história a contrapelo | VIII SELL – Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Brasil

Chamada para trabalhos, Letras, Língua, Literatura

Será realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de maio de 2022 (de forma remota), na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), situada em Uberaba-MG, o VIII SELL - Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários.

As inscrições com submissão de trabalhos estão abertas até 18 de abril de 2022.


As inscrições para ouvintes seguem até 03 de maio.


Navegue pelo site do evento para maiores informações no link: https://selluftmletras.com.br/


GT25 – Escrever a história a contrapelo: figur-ações da memória e a (im)possível representação do trauma

O trabalho de (re)escrita da história a contrapelo (BENJAMIN, 1986) tenta se desvencilhar da reprodução da racionalidade iluminista, herdada pela modernidade, que enxergava na razão e na técnica o vetor unidirecional do progresso. Essa escovação/escavação prescinde do totalitarismo da ideia de origem e assume em si o rastro da História do ocidente, marcada pela violência. Esse gesto (des)revelador implica na (re)escrita da história como escovação/escavação das ruínas do passado, do fragmento, dos cacos daquele projeto de progresso de uma modernidade que não se concretizou, mas que ressoa fastasmagoricamente, tendo se convertido em mercadoria e em fetiche (MARX, 2006). Nesse sentido, as figur-ações da memória se materializam como anamnese ativa que desenterra aquilo que “o tempo-de-aqui-agora insiste em não mostrar: seu rosto saturnino, melancólico” (RIBEIRO, 2020). Tais imagens figuram como dialéticas, por se converterem simultaneamente em sonho e em desejo que podem não ceder ao apelo fetichista do consumo, mas à “quimérica revolução surrealista de um artista que explora seu desejo de politização da estética” (RIBEIRO, 2020). Assim, o trabalho do analista de literatura se assemelha a um trabalho arqueológico, no sentido do encontro com seu próprio imaginário, e que, diante do resto que é rastro da História, imagina a figura, a paisagem, o ser e seu comportamento cujos sinais precários se configuram como elementos de uma narrativa que não emana “a verdade”, porque ela já não mais existe, mas “uma verdade possível”, aquela cujo vestígio se força à representação, como o trauma da História/história que se faz (re)apresentar (i)logicamente no sonho e não somente nele (DIDI-HUBERMAN, 2017). Disse Candido (1995), benjaminianamente, que a literatura é o sonho acordado das civilizações, sonho este que força à representação o conteúdo recalcado da História/história que, ao mesmo tempo, se quer e não se quer contar. Na intersecção entre Walter Benjamin e Sigmund Freud, lidos por Helano Ribeiro, neste Simpósio, entendemos o analista de literatura como o “o arqueólogo do instante, “aquele [que opera] um jogo de escava-ção do passado, [estando] entre a memória, [o esquecimento], a linguagem e o sonho, tentando desestabilizar o presente enquanto totalidade e verdade. A linguagem surge, nessa lógica, menos como via de acesso do que como espaço de jogo [Spielraum]. Além disso, se é possível apontar para o presente enquanto falência de si mesmo, é porque essa agoridade cheia de história/[História] está contaminada pelo passado. Esse mesmo presente vem des-figurado [ent-stellt] por uma profusão de imagens dialéticas, que são, portanto, pervivências [Nachleben] do passado, repletas de espacialidade[1]temporalidade” (RIBEIRO, 2020). Serão acolhidos neste Simpósio, portanto, trabalhos que compartilhem da visada benjaminiana da história/História como um esforço de escavação/escovação a contrapelo das narrativas estabilizadas pelos discursos hegemônicos, não de modo fortuito ou que se limite a “apontar para” a direção do trauma, mas que o confronte como ruína do passado que se atualiza fantasmagoricamente em um presente sombrio. Assim também, acolher-se-ão trabalhos que, seja na intersecção com a visada benjaminiana ou não, tragam à tona a proposição psicanalítica freudiana da fantasia, no sentido da interpretação dos sonhos, para a análise literária, sem tomar o texto artístico como objeto de patologização da personagem ou do autor, mas como ele mesmo [texto artístico] pode se configurar como sint(h)oma ou sonho cujo inconsciente [o do texto] inevitavelmente toca o do analista, promovendo no ato interpretarório a leitura em seu sentido expandido. Privilegiar-se-ão os trabalhos que se debrucem sobre a análise literária, ou seja, que tenham em seu horizonte de preocupações a “conversão de elementos extrínsecos em intrínsecos” (CANDIDO, 1965), a fim de mobilizar a máquina dialética das imagens e dos sentidos plurais que a literatura pode (pro)mover. Também preferencialmente, mas não exclusivamente, serão acolhidos trabalhos que se alinhem ao esforço de “contar a história a contrapelo” a partir de textos literários e artísticos que deem voz aos sujeitos historicamente periferizados, marginalizados, escravizados, em suma, traumatizados pela lógica do progresso, do capitalismo, do lucro, do desenvolvimento. Os trabalhos devem ser pensados nesse processo de escavação de uma arqueologia-porvir da história literária e precipuamente devem se debruçar sobre as literaturas contemporâneas produzidas na América Latina, preferencialmente, mas não exclusivamente, em língua portuguesa ou em língua espanhola.

Coordenadores do GT 25:
    
Prof. Dr. Andre Rezende Benatti (UEMS)

Prof.ª Dr.ª Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS/CNPq)

Prof. Dr. Wellington Furtado Ramos (UFMS)

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