Quinta-feira, 28 de Março de 2024
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Colóquio João Botelho “Filmo um texto como se fosse um rosto”

Início: Fim: Países: Portugal

Cinema, Literatura

O Colóquio João Botelho “Filmo um texto como se fosse um rosto” realiza-se nos dias 23 e 24 de setembro no Colégio Almada Negreiros.

Tanto a literatura como o cinema inventam territórios onde as margens entre ficção e realidade oscilam em areias movediças, onde os limites da linguagem estão a ser postos em causa. O cinema de João Botelho empenha-se em procurar esses ângulos novos para pensar a realidade, para inventar novos mapas do sentir, novos modos de percepção, novas subjetividades.

Botelho encontrou, nos textos literários e nas obras de vários artistas plásticos, as palavras e as imagens que concretizavam o destino da obra de arte moderna, isto é, que recusavam o paradigma da representação e a relação entre modelo e cópia que este pressupõe, e se votavam antes a uma experimentação livre que visava atingir uma vida mais plena, mais intensa.

Desde a estreia, em 1981, no Festival de Cannes, do filme Conversa acabada, onde encena a amizade entre Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, a relação do João Botelho com a literatura vai ampliando, continuamente, o seu território: assim, atravessa Tempos difíceis a partir do romance Hard times, for these times de Dickens; passa por Almeida Garrett, para ler Frei Luís de Sousa em Quem és tu?; invoca Jacques, Le Fataliste, no filme quase homónimo, O Fatalista; visita Agustina Bessa-Luís em A Corte do Norte; regressa a Pessoa/Bernardo Soares em Filme do Desassossego; imagina Eça, em Os Maias. Ao filmar um texto literário, um filme não consegue evitar pô-lo em contacto/em confronto com outras materialidades (o som, a imagem), outras artes (a música, a pintura, o desenho, a dança), outras experiências do real. O que o cinema filma é exactamente esse espaço, essa diferença, essa vida ampliada. No filme Os Maias, por exemplo, a pintura de João Queiroz é um elemento decisivo dessa reconfiguração de mundos. E é também uma maneira de interrogar os textos literários a partir do presente, recomeçando, no entanto, do zero. Botelho costuma referir muitas vezes: “Filmo um texto como se fosse um rosto”.

Programa completo aqui e livro de resumos aqui.

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