Quinta-feira, 25 de Abril de 2024
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Colóquio Internacional "De intellectu" Homenagem a Rafael Ramón Guerrero

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para trabalhos, Filosofia

Colóquio internacional

De intellectu: Textos gregos, árabes, latinos e hebraicos e sua influência na Filosofia Medieval.

Homenagem a Rafael Ramón Guerrero

Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 6 e 7 de fevereiro de 2020

 

Chamada de comunicações
Aberta até 30 de outubro de 2019. Enviar proposta por email para gfm@letras.up.pt contendo: nome, instituição, título, e um resumo de até 300 palavras. Apresentação: 20 minutos +discussão. Línguas: Inglês, Português, Espanhol, Francês, Italiano, Alemão.

 

A filosofia mudou radicalmente durante a Idade Média em resultado da tradução de um número considerável de textos de Aristóteles e seus seguidores, do grego para o árabe, o latim e o hebraico. Por exemplo, as questões epistemológicas e antropológicas foram repensadas e substancialmente remodeladas no mundo latino após a tradução do De anima por Tiago Veneza e Guilherme de Moerbeke (ambos a partir do grego), e por Michael Scot (a partir do árabe, juntamente com o Grande Comentário de Averróis), depois de ter sido sucessivamente traduzido para siríaco e árabe. Este processo crucial e complexo prolongou uma já longa história de paráfrases e comentários sobre essa obra em grego, siríaco e árabe.

A discussão latina de De anima III.4-5, sobre o intelecto, foi condicionada ou dirigida por um grande número de textos de diferentes períodos. Entre esses textos estão os comentários ou paráfrases sobre o De anima por Alexandre de Afrodísias, Temístio, Simplício, João Filópono e Averróis, assim como outros curtos tratados entre os quais o De intellectu et intelecto de Alexandre de Afrodísias, o De intellectu de al-Kindī, o De intellectu et intelecto de al-Fārābī, a Epistola de connexione intellectus abstracti cum homine de Averróis e a Epistola de intellectu pelo seu próprio filho. Em várias outras obra o “intelecto” desempenha um papel crucial, como no caso das Enéadas de Plotino, parafraseadas na Theologia Aristotelis árabe, ou na Elementatio Theologica de Proclo, transmitida em epítome pelo Liber de causis. Outras obras contribuíram para o debate, como o Liber de anima de Avicena, a Summa theoricae philosophiae de al-Ghazālī, o Grande comentário ao De anima de Averróis, o Dux neutrorum de Maimónides, o Liber de definicionibus de Isaac Israelita, para além de textos da tradição cristã como o De natura hominis de Nemésio de Emesa, ou o comentário ao De anima por Sophonias. Uma mudança similarmente radical ocorreu na filosofia judaica do século XIII através da tradução para o hebraico de muitos desses mesmos textos, ao mesmo tempo que uma mudança de sentido diferente ocorria na filosofia árabe.

“Nous” – traduzido como ‘aqlsekhel, intellectus e seus derivados vernaculares – tornou-se um conceito filosófico fundamental na Antiguidade tardia e na Idade Média, intimamente ligado a uma ampla gama de questões em psicologia, epistemologia, metafísica e ética. Contudo, devido à sua centralidade e às múltiplas interpretações e soluções conflictivas que o acompanham, o "intelecto" tornou-se um problema complexo e controverso, que autores e comentadores tentaram desemaranhar no âmbito de tradições por vezes sobrepostas: platonismos, aristotelismos, neoplatonismos e estoicismo. Os modos como o intelecto foi conceptualizado ao longo desse período influenciaram e moldaram as discussões de problemas filosóficos fundamentais, tais como a relação corpo-alma, conhecimento intuitivo e por abstração, conteúdo mental, formas inteligíveis, imortalidade da alma, felicidade e fim último do homem.

Para celebrar a carreira e as contribuições académicas de Rafael Ramón Guerrero, pretendemos colocar em discussão a pesquisa atual sobre textos e problemas relativos ao intelecto dentro dos quatro espaços linguísticos em que as teorias aristotélicas desempenharam um papel central. Também encorajamos a submissão de contribuições centradas na circulação e difusão desses e outros textos, que os intervenientes históricos nos espaços linguísticos grego, árabe, latino e hebraico usaram para facilitar, moldar e transformar debates específicos sobre o intelecto em discursos que se tornariam predominantes na história da filosofia.


Rafael Ramón Guerrero (Granada, 1948), Professor de História da Filosofia Medieval e Árabe na Faculdade de Filosofia da Universidade Complutense de Madrid, ao longo da toda a sua carreira deu uma destacada contribuição para o desenvolvimento do ensino e pesquisa em Filosofia Medieval. Obteve o doutoramento em Madrid em 1979 orientado por José Antonio García-Junceda com a tese intitulada Contribución al estudio de la filosofía árabe: Alma e Intelecto como problemas fundamentales de la misma, que constituiria a base para o seu livro La recepción árabe del De anima de Aristóteles: Al-Kindi y Al-Farabi (Madrid 1993). A este problema dedicou atenção em múltiplas publicações e traduções de filósofos árabes, ensino, conferências, supervisão de teses de doutoramento e direção de projetos de pesquisa. O seu trabalho é reconhecido internacionalmente e a sua atividade académica é particularmente influente em Espanha, Portugal e América Latina. Com este colóquio internacional, os seus discípulos, colegas e amigos pretendem homenagear o professor, o investigador e o académico.


Mais informações: https://ifilosofia.up.pt/activities/intellectus-ramon-guerrero-2020

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