Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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14.º Congresso da Associação Alemã de Lusitanistas | Secção: Temporalidades do naturalismo no Brasil

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Alemanha

Chamada para trabalhos, Estudos Brasileiros, Estudos Lusófonos, Literatura

14º Congresso Alemão de Lusitanistas 2021
Temporalidade(s): Reminiscências, Percepções e Projeções
15 a 19 de setembro de 2021

 

Secção: Temporalidades do naturalismo no Brasil: presente amplo e ressurgimentos de uma estética literária

Coordenadoras da secção:

Sarah Burnautzki, Universidade de Heidelberg
Miriane Peregrino, Universidade de Colônia

 

Sarah Burnautzki (Universidade de Heidelberg) e Miriane Peregrino (Universidade de Colônia) convidam a participar com comunicações para a Seção «Temporalidades do naturalismo no Brasil: presente amplo e ressurgimentos de uma estética literária» do 14.º Congresso dos Lusitanistas Alemães, que acontecerá  de 15 a 19 de setembro de 2021 na Universidade de Lípsia (Leipzig), na Alemanha. As pessoas interessadas têm até 31 de maio de 2021 para enviar as propostas para as coordenadoras da secção.

Ementa

A emergência do naturalismo no Brasil coincide com um momento de transição histórica importante, marcado pela procura de um novo projeto da nação. Após a abolição da monarquia e da escravatura, se tratava de definir uma nova identidade nacional brasileira e, sobretudo, imaginar e depois construir politicamente um futuro para um país economicamente dominado dentro de uma ordem mundial desigual. A literatura e, especialmente o naturalismo, desempenham um papel central neste processo da imaginação da nação (B. Anderson, 1998).

 

Inspirados pelo naturalismo europeu e por discursos científicos tais como positivismo, darwinismo social, evolucionismo, os intelectuais brasileiros da “geração de 1870” (apesar de nunca ter sido um grupo unido ou homogêneo), discutem estes conceitos de forma polêmica, examinam sua aplicabilidade ao contexto brasileiro e pensam sobre a possibilidade de dar um fundamento objetivo ao estudo da literatura (R. Ventura, 1991). Alguns como Araripe Júnior elevam o meio tropical brasileiro a uma fonte criativa de novos temas e formas literárias criando, assim, um estilo literário nacional genuinamente brasileiro.

 

No âmbito das discussões da elite, entretanto, não se discutem apenas questões literárias, é possível verificar em suas projeções para o futuro, o ideal de “branqueamento” (L. Schwarcz, 1993; Th. Skidmore, 1976), ou seja, a tendência de um projeto eugenista iniciado no século XIX.

 

Embora o naturalismo se tenha tornado a corrente literária dominante no final do século XIX, ressurgiu de várias formas diferentes no século XX, carregado com outras implicações e projetos políticos. Neste sentido, a crítica literária Flora Süssekind identifica três momentos do naturalismo brasileiro: Século XIX – o naturalismo científico, associado ao positivismo, e que se tornou um instrumento estético e ideológico para formação da identidade nacional; década de 1930 – o naturalismo econômico que, sob influência do realismo soviético, marcou a produção do regionalismo; e década de 1970 – naturalismo jornalístico que caracterizava parte da literatura nacional durante o regime militar (Süssekind 1984).

 

Outros críticos literários apontam para as novas temporalidades da estética naturalista na literatura brasileira nos nossos dias. No que seria o quarto retorno do naturalismo, segundo alguns, destacam-se obras como “Cidade de Deus” de Paulo Lins, “Capão Redondo” de Ferréz, e muitas outras, sobretudo, produzidas a partir de agentes e territórios periféricos (H. Buarque de Hollanda 2014, B. Resende 2008 e K. E. Schøllammer 2013).

 

Dessa forma, é possível inferir que a estética naturalista se inscreve no conceito de presente amplo proposto pelo 14º Congresso Alemão de Lusitanistas. A secção temática “Temporalidades do naturalismo no Brasil: presente amplo e ressurgimentos de uma estética literária” se propõe a identificar e discutir as formas do naturalismo na literatura brasileira do século XIX aos nossos dias e visa ainda analisar também o contexto histórico e condições que permitem a ressignificação e presença constante dessa estética ao longo do tempo. Trataremos as questões seguintes:

 

Como a literatura e os discursos científicos se articulam nos séculos XIX e XX? Que visões do presente e projeções do futuro se inscrevem nesse naturalismo? Como o naturalismo se posicionava frente aos projetos políticos tocados pela elite brasileira do século XIX? O naturalismo serviu como instrumento de manutenção e normativização da estrutura social e hierárquica desse período? E é possível afirmar que a Nação idealizada pela elite brasileira do século XIX teve influência e afetou o naturalismo? No entanto, e nas décadas seguintes, poderemos também identificar novos naturalismos? Como fenômenos literários como o naturalismo ressurgem e quais seriam as novas implicações políticas que eles carregam? E quais temporalidades simultâneas e múltiplas podemos observar nos retornos e continuidades do naturalismo na literatura brasileira contemporânea? Trabalhos voltados para critica da “aclimatação” do naturalismo no Brasil e das relações entre realismo e naturalismo também são bem-vindos na nossa secção.

 


Agradecemos o envio de seu resumo (máximo de 250 palavras) para uma apresentação de 20 minutos e uma breve bio-bibliografia, indicando a atual afiliação institucional, até 31 de maio de 2021 para: sarah.burnautzki@rose.uni-heidelberg.de e peregrinomiriane@gmail.com. Os idiomas de apresentação e discussão são alemão, português e galego. Os custos de viagem e hospedagem devem ser arcados pelos próprios participantes.

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