Terça-feira, 19 de Março de 2024
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Revista História, da FLUP, recebe ensaios sobre as Elites

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, Filosofia, Género, História, Política

A História, Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) seleciona artigos para seu próximo número (IV Série, Vol. 8, 2017) que terá um Dossiê dedicado ao tema das Elites. A data limite de submissão de propostas é o 30 de setembro de 2017. A revista aceita a publicações em Português, Espanhol, Francês, Italiano e Inglês.

A História - Revista da FLUP pretende:

  •     Divulgar trabalhos originais de investigadores nacionais e estrangeiros sobre as temáticas definidas em cada número;
  •     Promover estudos comparativos e interdisciplinares sobre as temáticas definidas em cada número;
  •     Integrar investigações de grande valor científico na secção de «Outros Estudos» de cada número;
  •     Proporcionar um espaço de divulgação da produção historiográfica de investigadores e estudantes de pós-graduação do DHEPI (Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais da FLUP) e de outras actividades científicas e académicas.
  •     Os artigos oriundos dos países de língua oficial portuguesa são particularmente bem-vindos.

Eixo Temático

A noção de elite é complexa. A palavra tem sido utilizada pelos cientistas sociais como correspondendo ao grupo restrito de indivíduos que, de algum modo, podem ser considerados, dentro de um determinado conjunto, como os mais dotados, os superiores, os melhores, os mais importantes, os que se distinguem pela posse de uma determinada característica que faz deles eleitos. Este sentido da palavra, na medida em que representa o contrário da massa, alberga os eminentes que dominam os restantes em consequência de possuírem um qualquer atributo distintivo, altamente valorizado pela sociedade em questão: nascimento, riqueza, profissão, saber...

O estudo das Elites tem recebido o contributo de múltiplas áreas do conhecimento. Se é certo que a “Teoria da Elite Dirigente” encontra em Mosca, Pareto e Michels os seus teóricos pioneiros, que produziram estudos sobre a hierarquização na sociedade moderna nos finais de oitocentos e nos primeiros anos do século XX em clara oposição à teoria de classes formulada por Karl Marx, importa, também, sublinhar que o constante interesse pela análise das elites tem recebido o contributo de muitos outros autores que, em numerosas publicações, vêm concorrendo para o aprofundamento do conhecimento destes grupos. Investigadores de diversas formações, como filósofos, politólogos, sociólogos, historiadores e, mais recentemente antropólogos procuram analisar o papel que cabe às elites nas sociedades humanas. A História, porém, continua a desempenhar um papel central na análise, na longa duração, dos processos de constituição e reconhecimento das elites.

A observação destes grupos permite uma reflexão alargada que, paralelamente ao estudo da sua composição e do perfil dos sujeitos neles integrados, possibilita a averiguação das relações entre dominantes e dominados, permitindo o exame das condições que geram essas conexões, a par da descoberta dos instrumentos que possibilitam as situações de dominação, e das circunstâncias que geram as ruturas e as mutações.

A análise das elites requere a observação da formação e modalidades de seleção do grupo, do espaço de renovação e meios de mobilidade.

Os mecanismos de dominação são específicos de cada sociedade, dependem da sua organização, do modelo cultural e civilizacional adotado, mas existe sempre na identificação dos membros de uma elite o reconhecimento, o apreço social, de uma ou várias qualidades, naturais ou adquiridas. Às elites é exigida capacidade, ação positiva e adaptação às necessidades coletivas para que se mantenham no topo da classificação social.

O estudo da mobilidade social é particularmente importante enquanto quadro de avaliação da renovação das elites. Importa refletir sobre os diversos mecanismos de valorização social, ponderar a importância da família, da educação, da carreira ou da emigração nos percursos de ascensão. A permeabilidade é absolutamente essencial para que haja subsistência de uma determinada elite. É preciso que a entrada de elementos novos, mas não conflituais, assegure a sua permanência enquanto grupo dominante. O estudo da mobilidade social exige a avaliação da agilidade e condições de ascensão, mas, também, dos parâmetros e velocidade da queda, isto é, a observação dos movimentos ascendentes e descendentes,

Todas as organizações sociais têm diferentes distribuições do poder e os regimes políticos parecem na realidade distinguir-se pela maneira como se constituem as suas elites, a forma como exercem o poder e, não menos importante, pela intensidade da mobilidade social existente.

A questão de género poderá ser, igualmente, um excelente observatório, por facilitar a perceção do acesso diferencial na construção das elites, na longa duração. A evolução do mundo foi abrindo novas oportunidades às mulheres, mormente nos tempos mais recentes. A presença feminina nas diversas elites: ensino superior, forças armadas, tribunais, etc., é um processo cuja investigação é suscetível de empolgar qualquer cientista social.

A análise das elites aconselha, também, que sejam observadas as várias razões que podem determinar a fragilização e até o desaparecimento de uma elite. Como exemplos de circunstâncias que podem ser favoráveis à decadência poderemos apontar o enfraquecimento do modelo civilizacional no qual radica o domínio de uma determinada elite, a simples abertura à influência de modelos alternativos ou mesmo a integração no grupo de elementos menos capazes.

A reflexão sobre as elites, sejam políticas, económicas, financeiras, administrativas, religiosas, intelectuais ou outras, confronta os cientistas com múltiplas interrogações que aqui se apontam como guião de aproximação ao tema: O que entendemos por elite? Quem faz parte deste grupo? Como se processa a inserção de novos elementos? Quais são os espaços de renovação e os mecanismos de mobilidade (família, educação, carreira, emigração, etc.)? Que delimitação determina a exclusão de alguém? Como reconhecem os contemporâneos as suas elites? Existe consciência pelas elites de o serem? De que forma esta consciência pode determinar comportamentos de fechamento protetor do grupo? Quais as circunstâncias que determinam a decadência da sua hegemonia?

Mais informações na página da Revista História (também com call for papers em inglês).

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