Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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REVELL — Chamada para publicação | Novas narradoras latino-americanas: corpo, memória, imaginário

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Chamada para artigos, Letras, Literatura

REVELL — Chamada para publicação 2018. v.3, n. 20

Novas narradoras latino-americanas: corpo, memória, imaginário

 

Numerosos críticos e ainda mais numerosos leitores nos advertem nos últimos anos do advento de uma produção narrativa invocadora, quantativamente importante, repartida de maneira muito proporcionada ao longo do subcontinente latino-americano, e que não cessa de crescer e ampliar-se: nos referimos a literatura de ficção – seja romance o conto – escrita por mulheres nascidas, grosso modo, a partir dos anos de 1960. É claro que estas escritoras jovens contam com antecedentes ilustres na história da literatura latino-americana do século XX, tais como Clarice Lispector, Luisa Valenzuela, Marvel Moreno, Elena Poniatowska, Ana María Shua, Laura Restrepo, Gioconda Belli, Josefina Plá, Nélida Piñón e tantas outras que seria impossível mencionar aqui, também é certo que as escritoras que nos referimos constituem um novo paradigma altamente heterogêneo e saudavelmente original. Não houve tempo ainda de filtrar globalmente o fenômeno nem de estabelecer um tipologia operativa no interior de tal constelação. Mas ao lê-las é fácil comprovar que os pontos de vista são inéditos; os temas tradicionais como a família, o casamento, o corpo são radicalmente relidos; as modalidades genéricas sitiadas e reformuladas, o realismo muitas vezes contestado e/ou transfigurado por aberturas imprevistas, perspectivas inusitadas ou rupturas estratégicas. Ou, pelo contrário, a narração implica uma forma de auscultação – do entorno, da família, do corpo e de suas anomalias - minuciosa, obsessiva, mais perto da crónica que da ficção, mas articulada como um gesto próprio a uma subjetividade - a algumas subjetividades - outra(s). O surgimento de universos mais ou menos distópico, claustrófobos, mágico, ameaçadores, aterrorizantes ou fantásticos, onde o assédio, abuso, somatização, o silêncio são os materiais com os quais se constroem armadilhas sociais e familiares, é sem dúvida uma das características marcantes desses textos, embora as variedades sejam múltiplas e o espectro tão amplo que é difícil privilegiar um aspecto sem negligenciar os outros. Em todo caso, o fenômeno já alcançou dimensão internacional: muitas dessas escritoras são traduzidas, lidas, estudadas e premiadas fora da América Latina, e não poucas entre elas que vivem no exterior. Acompanhamos esta chamada com uma primeira lista, sem dúvida, não totalmente exaustiva das autoras para s quais remetemos. Basta citar de imediato nomes como Samantha Schweblin, Mariana Enriquez, Lina Merouane, Guadalupe Nettel, Gabriela Aleman, Valeria Luiselli, Liliana Colanzi, Aura Xilonen, Selva Almada, Cristina Rivera Garza, Patricia de Sousa, Ana Paula Maia, Veronica Stigger, Patricia Melo, entre outras, para ter um primeiro corpus multifacetado.  Parece necessário salientar que, apesar da heterogeneidade já apontada, essas escritoras estão inscritas em um momento histórico em que os estudos de gênero e as demandas feministas não só avançaram por toda a América Latina, mas, em muitos casos, marcaram e estão marcando com sua impressão, muitas vezes radical e indubitavelmente desestabilizadora das sociedades patriarcais muito consolidadas, da esfera pública e da ação política.

 

A proposta do número que chamamos levaria então essa emergência como objeto de estudo, para o qual sugerimos os seguintes eixos:

1 - Tentativas de definição, caracterização e tipologia: Quais são - se houver - os traços comuns que ligam esses autores, quais são as interações que podem ser estabelecidas entre eles e suas circunstâncias históricas, políticas e sociais? Podem ser lidos / lidos de maneira feminista? Quais são os gêneros e subgêneros dominantes, e como essa preeminência é explicada? Quais são os procedimentos privilegiados?

2 – Subjetividades: Que tipo de subjetividades essas escritoras e suas personagens incorporam? Como são construídas, como se demarcam das representações convencionais, desconstroem-nas ou desafiam-nas? Como o corpo e suas representações funcionam? Anormalidades e sublimações.

3 - Família e afiliação: Quais são as representações das relações familiares, o casal, a maternidade? Quais são as opções, as questões, as alternativas, a toxicidade ou os graus de fusão? Como são as questões de filiação, relações mãe-filha, estratégias de transmissão da memória familiar, memória de gênero e memória histórica organizada simbolicamente? Abusos, assédio, violações, confinamentos.

4 - Espaço e função do imaginário: Delírios, exploração de sonhos, superstições, magia, interstícios através dos quais o fantástico, o inexplicável, o alegórico, o profético se fazem. Figuras espectrais, monstros todos os dias, bruxas, presenças tutelares. O estranho, o inexplicável, o oculto, o misterioso. Relendo o fantástico.

5 – Redes: Que tipo de relações ou trocas essas escritoras têm unas com as outras? Que relação elas têm com as tradições literárias de seus países e do subcontinente? Quais seriam suas afiliações literárias? Circuitos de distribuição e reconhecimento na América Latina e no exterior. Especificidades do status da mulher-escritora-migrante que algumas delas compartilham.

 

As contribuições devem ser submetidas na página da REVELL:  http://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/index

Data limite para submissão no sistema: 15/11/2018

Organizadores

Professora Doutora María Angélica Semilla Durán - Université Lumière Lyon 2
Professor Doutor Andre Rezende Benatti – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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