Horizontes Antropológicos 56: Imitação, simulacro e falsificação
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56 | Imitação, simulacro e falsificação
ano 26, n. 56, jan./abr. 2020
O presente número de Horizontes Antropológicos é aberto a contribuições teóricas e empíricas que reflitam sobre imitação, simulação e falsificação de maneira ampla em contextos locais e globais de pesquisa.
Número organizado por:
- Ruben George Oliven | Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil
- Arlei Sander Damo | Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil
- Louise Scoz Pasteur de Faria | Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil
A habilidade mimética dos seres humanos interessou aos antropólogos desde o começo de sua disciplina. A capacidade de criar uma segunda natureza, de copiar, imitar, trapacear, simular, disfarçar, enganar e até mesmo falsificar é intimamente atrelada à produção da diferença.
Desde que Mauss cunhou o conceito de imitação prestigiosa, ao analisar os usos do corpo, o termo tem sido central nas ciências sociais. A imitação é não somente uma forma de educar os sentidos para executar tarefas cotidianas, mas também um mecanismo de interação e regulação social. Indivíduos tomam emprestado uma série de movimentos desempenhados por outros e incorporam aqueles que foram executados com sucesso por pessoas que detêm a confiança e, acima de tudo, a autoridade sobre eles.
Um notável exemplo etnográfico do poder analítico e reflexivo da imitação é o Hauka, movimento de cunho religioso originado na década de 1920 em colônias francesas na África, cujos rituais de possessão envolviam a imitação de oficiais franceses e a apropriação de símbolos de poder. A leitura antropológica do Hauka abriu caminhos investigativos que até hoje ressoam em produções contemporâneas, enfatizando o potencial criativo, político e subversivo da imitação.
Imitar, copiar e simular são práticas que envolvem noções de fascínio e perigo. Copiar o outro é incorporar seu caráter, sendo portanto, um ato de conhecimento e poder que nos inventa em nossa existência social. Entretanto, a cópia também coloca em suspenso normas e valores que organizam a experiência e sua potência crítica suscita uma miríade de reações acusatórias e de pânico moral.
Atualmente, há numerosos debates que exploram as tênues fronteiras entre o real e o falso: a falsificação de artigos de consumo e medicamentos; políticas de combate à pirataria; o debate sobre plágio; a invenção de tradições culturais; a circulação de rumores, lendas urbanas e notícias falsas; a criação de perfis fake na internet; a falsificação de obras de arte, documentos históricos, fotografias e moedas.
O presente número de Horizontes Antropológicos é aberto a contribuições teóricas e empíricas que reflitam sobre imitação, simulação e falsificação de maneira ampla em contextos locais e globais de pesquisa.
Publicação prevista para janeiro de 2020