Sábado, 20 de Abril de 2024
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História e Ética: múltiplas e complexas dimensões de um problema historiográfico

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Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, Cultura, História

A revista História e Cultura (ISSN:2238 6270, Qualis B2) , do Programa de Pós-graduação em História da UNESP/Campus Franca seleciona artigos para o Dossiê "História e Ética: múltiplas e complexas dimensões de um problema historiográfico", organizado pelos docentes Vitor Batalhone, pós-doutorado pela UFRRJ e Evandro Santos, doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ambos com especialidade em Teoria da História e Historiografia. Os artigos devem ser submetidos exclusivamente pelo portal da Revista até o dia 31 de julho de 2017.

A História e Cultura, atenta às pesquisas e ao debate acadêmico desenvolvido na área de História e em áreas afins, publica textos inéditos de autoria de doutores, mestres e pós-graduandos stricto sensu, redigidos em português, espanhol, francês e inglês. Além de artigos para dossiês, a revista recebe contribuições em fluxo contínuo de artigos livres, entrevistas, resenhas e traduções.

Proposta do Dossiê

Existem motivações variadas que podem ser elencadas no sentido de se tentar explicar o interesse recente pela dimensão ética no ofício do historiador e elas, com certeza, ultrapassam as divisões nacionais. De fato, o movimento no interior da historiografia vem encaminhando a discussão, ainda que de modo disperso, há algumas décadas. No que diz respeito a questões propriamente epistemológicas, a década de 1970 reserva importantes registros. As primeiras edições das obras “Como se escreve a história” (1971), de Paul Veyne, “Meta-história: a imaginação histórica do século XIX” (1973), de Hayden White, e “A escrita da história”(1975), de Michel de Certeau, poderiam demarcar o que François Hartog chamou de um “momento reflexivo” da disciplina histórica. Ainda que o debate entre White e seuscolegas franceses não tenha ocorrido à época, estavam lançados os questionamentossobre as relações entre a produção de discursos históricos, suas dimensões epistemológicas, institucionais e o imperativo de verdade almejado por todo registro historiográfico.

Os problemas que envolvem os aspectos retóricos do discurso produzido pelahistória seriam desenvolvidos ao longo das décadas seguintes, sobretudo a partir de “Tempo e narrativa” (1983-1985), de Paul Ricoeur. Contudo, antes desse caminho, Carlo Ginzburg já havia dado parte de sua longa resposta à leitura que realizara do livro de Hayden White, indagando acerca do suposto comprometimento da verdade produzida pelo trabalho do historiador. Na sequência, os textos escritos por Pierre Vidal-Naquet entre 1980 e 1987, denúncias contrárias às teses revisionistas que pretendiam colocar em dúvida o horror dos genocídios que marcaram o século XX, trariam à tona um lado mais grave do tema aqui tratado. Então emergem os dilemas da memória. Pierre Nora chamará a atenção para as trocas entre esta e a história. Assim, a reunião de questões epistemológicas e demandas sociais – em poucas palavras, de um lado, a chamada “crise” do conhecimento histórico e, de outro, as exigências morais de uma resposta às negações do Holocausto – faz do contexto até agora brevemente descrito um ambiente propício para meditações sobre uma nova caracterização do papel do historiador.

Entretanto, este mal-estar na história pode ser mapeado ainda em um momento anterior a todos os eventos que alimentaram o desenrolar ora mapeado. O começo do século passado, de vozes como Nietzsche, Paul Valéry e Walter Benjamin, revelou não somente perguntas sobre a pertinência da história, mas, sobretudo, uma desilusão com ela. Cem anos depois, debates em revistas acadêmicas e eventos promovem a ética como um tema para a história.

Seria pertinente, portanto, propor algumas questões referentes à dimensão pública da profissão do historiador. Seja como professor no ensino fundamental, médio ou universitário, seja como pesquisador ou consultor em instituições de memória, ONG’s eórgãos públicos, das atividades do historiador derivam relações simbólicas e de poder de fundamental repercussão sociocultural. Identidades, protocolos socioculturais, políticas públicas, normas de ação, comportamento ou imaginação são produzidas a partir de narrativas históricas desenvolvidas também para além dos espaços acadêmicos.

O exame de princípios éticos no ofício do historiador e, em contrapartida, das relações entre a representação do passado e da moral nos séculos XIX, XX e XXI ainda carece de uma inquirição mais sistemática. As disputas entre preceitos das filosofias da história e padrões redefinidos da pesquisa desde a construção disciplinar da história, as apropriações de autores antigos por modernos, e as trocas entre erudição e crítica são algumas das leituras passíveis de análise. Assim, contando com colaborações que abordam o tema tanto do ponto de vista teórico como historiográfico, abrangendo estudos cujos objetos situam-se entre os séculos mencionados, pretendemos forjar um diálogo a nosso ver pertinente para o desenvolvimento e a ampliação do debate.

Mais informações na página da revista História e Cultura.

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