Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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Dossier (Entre)Cruzamentos de Matrizes de Opressão e Privilégio

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Chamada para artigos, Comunicação, Cultura, Género

A revista Ex Aequo (ISSN: 0874-5560), uma publicação internacional de periodicidade semestral, fundada pela Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres (APEM), recebe artigos para seu Dossier de número 35. O tema desta edição é Intersseccionalidade, Comunicação e Cultura: (Entre)Cruzamentos de Matrizes de Opressão e Privilégio. Os investigadores interessados têm até 31 de outubro para submeter os trabalhos.

A ex æquo publica trabalhos originais em Português, Espanhol, Francês e Inglês, provenientes de todas as áreas científicas, que se inscrevam no quadro dos Estudos sobre as Mulheres ou dos Estudos de Género ou dos Estudos Feministas. Publica, ainda, recensões sobre obras publicadas nos referidos domínios.

Marco teórico

Os estudos de género e/ou feministas da comunicação e da cultura começam a apresentar uma forte consolidação na academia, quer a nível internacional, quer no contexto português. Nesta área de investigação é cada vez mais importante desconstruir uma categorização social que promove e reifica assimetrias de poder, o pensamento de um só eixo (single-axis) e universal de género (gender-universal), e procurar questionar matrizes de dominação e subordinação, de desigualdades e privilégios.

O dossier temático que aqui se apresenta tem como principal objetivo compilar propostas teóricas, metodológicas e empíricas focadas na área da comunicação e da cultura, assentes num posicionamento interseccional (Crenshaw 1991; Nogueira 2011, 2013; May 2014; McCall 2005). Esta perspetiva pretende enfatizar a existência de vários eixos de desigualdade, não se resumindo, assim, a uma mera adição de categorias, antes apontando para o entrecruzar com o género – ainda que não numa matriz hierarquizada (May 2014) – enquanto elemento político de promoção de igualdade, de cidadania e do sistema democrático (McCall 2005; Nogueira 2011, 2013).

Assim, este call for papers convida à submissão de propostas de diferentes áreas disciplinares, de âmbito nacional, internacional e/ou comparativo, que procurem rebater abordagens categoriais mais singulares e delimitadas, que manifestamente adotam posturas de sub- ou sobre-inclusão grupal e que, assim, ignoram experiências concretas de indivíduos que se posicionam na intersecção de vários grupos sociais (Crenshaw 2002). Por conseguinte, pretende-se refletir sobre os estudos da comunicação e da cultura partindo de uma proposta ampla, teórica e política, que se propõe escapar às matrizes sociais que “sujeita[m] a interssecionalidade às formas epistémicas de dominação que pretende desconstruir” (May 2014, 95). 

Destaca-se, por fim, a importância de olhar a comunicação e a cultura nas suas múltiplas variantes como elementos/instrumentos de desconstrução de hierarquias de “pessoalidade” (personhood) pela promoção de representações mais próximas das idiossincrasias individuais, mas também do estímulo a uma promoção da literacia para a diversidade sociocultural.

Enraizado numa perspetiva feminista contemporânea, que vai além das questões de homens e mulheres e que integra um “espectro muito mais amplo, pela sua hifenização [...] com outros movimentos e outras preocupações sociais e políticas” (Oliveira 2015, 75), este dossier temático da ex aequo procura dar voz e visibilidade a contributos que tenham como objeto de análise a interssecionalidade nos estudos da comunicação e da cultura.

Sem excluir à partida outros contributos no mesmo âmbito de trabalho, procuramos propostas que reflitam teórica, metodológica e empiricamente, nomeadamente:

  •     Reflexões que perspetivem os estudos de género e feministas dos media na sua abertura à teoria da interssecionalidade.
  •     Conceptualizações teóricas e metodológicas sobre a integração da teoria da interssecionalidade nos estudos da comunicação e da cultura.
  •     Análises críticas, assentes na teoria da interssecionalidade, aplicadas aos vários eixos de produção comunicacional e de cultura (produção, representação e/ou receção).
  •     Comentários reflexivos de estruturas multideterminadas de opressão e privilégio e a sua potenciação nos/pelos media.
  •     Relatos, mediatizados, de processos de visibilidade, “vocalidade” e significado face a matrizes, intra- e intercategoriais, de privilégio e opressão.
  •     Apreciações críticas de políticas públicas e/ou práticas profissionais de integração da diversidade pela/na produção mediática.
  •     Posicionamentos intersecionais que reflitam sobre os usos e potencialidades da literacia mediática e cultural.
  •     Estudos sobre movimentos e ações de contestação de hierarquias de poder multi-opressivas no âmbito da cultura e da comunicação.

Coordenação 

Carla Cerqueira – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho e Universidade Lusófona do Porto

Sara Isabel Magalhães – Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Mais informações na página da revista Ex Aequo.

 

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