O silenciamento e o apagamento de representantes exponenciais do elemento feminino são atitudes de praxe na Academia – onde as mulheres são espelhadas na cifra aproximada de 30% (trinta por cento) ou menos dos que produzem em termos investigativos, majoritariamente homens. Na Literatura, o mesmo tem-se dado (mais outrora do que agora, é fato, mas essa prática segue e é normalizada), especialmente se quem escreve literariamente não pertence ao eixo Sudeste-Sul. Foi assim que nomes como os de Nísia Floresta, Auta de Sousa, Francisca Clotilde, Maria Firmina dos Reis, Alba Valdez, Emília Freitas, Ana Facó, Mariana Luz e Palmira Wanderley – dentre os de outras beletristas nordestinas obnubiladas pelas lentes falocêntricas do cânone literário brasileiro –, foram ostracizados em seus contextos e para além deles, tendo sido resgatados apenas recentemente pela historiografia literária, mas ainda não o suficiente.

Destarte, propomos, neste dossiê temático, que publiquemos nossas pesquisas sobre essas intelectuais injustiçadas por seus pares masculinos e pela crítica literária de sua época, lançando luz sobre suas obras ainda distantes do público leitor. Para um maior esquadrinhamento do tema em tela, centralizamos aqui o escopo de nossas contribuições nas autoras nascidas e criadas no Nordeste do Brasil – palco de grandes e irrepetíveis escritoras cujas vidas e legados merecem ser melhor conhecidos e mais estudados.

Portanto, para este dossiê temático da Revista LiteralMENTE, referente ao segundo semestre de 2023, receberemos os artigos que comporão esta coletânea de quinze trabalhos até o dia 30 de novembro.

A Revista LiteralMENTE é uma publicação eletrônica semestral (com edições em julho e dezembro), vinculada ao LIGEPSI - Grupo de Pesquisa Literatura, Gênero e Psicanálise da Universidade Federal da Paraíba.