Chamada para artigos da revista Pós-Limiar: "Patrimônio nacional: vaidade, poder e mercado"
Início: ⋅ Fim: ⋅ Data de abertura: ⋅ Data de encerramento: ⋅ Países: Brasil
Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, Património
Patrimônio nacional: vaidade, poder e mercado.
Editores Associados para o dossiê:
Prof. Dr. Miguel Caballero Vazquez (University of Chicago)
Profa. Dra. Mirtes de Oliveira (Universidade Anhembi-Morumbi)
A experiência de destruição sem precedentes que a guerra total impôs fez da segunda metade do século XX até nossos dias uma época empenhada na proteção do patrimônio artístico e histórico. Em escala transnacional, a UNESCO e sua noção de Patrimônio da Humanidade funciona como polícia global que vela pelo protecionismo, estabelecendo distintos níveis de risco.
Apesar deste suposto consenso global de proteção e preservação do patrimônio, não têm faltado vozes que apontam os excessos dessa prática. De um lado, essas vozes propõem um entendimento criativo do vandalismo e da iconoclastia. De outro, acusam os Estados se exibirem sem pudor e acriticamente seus patrimônios artísticos e históricos, convertidos em ferramentas centrais das campanhas de marca-país.
Um dos exemplos mais representativos dessas vozes é A alegoria do patrimônio, livro de 1992 em que Françoise Choay diagnostica o culto irracional e patológico do patrimônio das nações contemporâneas. Segundo a autora, o patrimônio tinha se convertido em espelho, no qual as nações se olhavam compulsivamente para confirmar suas identidades imóveis. Choay, mostrando exemplos em sua maioria europeus, encorajava o fim desta relação ególatra entre os corpos da nação e o corpus do patrimônio. Sua proposta era deixar de olhar para esse espelho, e atravessá-lo, deixar de se observar nele, devolver a vida ao patrimônio e, consequentemente, recuperar a capacidade de construir identidades dinâmicas. Dédalo, o protótipo do construtor, e não Narciso e sua passividade ensimesmada, deveria ser o modelo para refundar algumas relações saudáveis e dinâmicas entre nação e patrimônio.
A revista Pós-Limiar faz uma chamada de artigos para um dossiê que abordará como esses processos se configuram atualmente, particularmente no Brasil, América Latinha e Península Ibérica. Incentivamos a teorização sobre o patrimônio a partir dos nossos marcos culturais. Da mesma forma, estamos interessados em artigos que abordem como a literatura, as artes visuais, os meios de comunicação e o cinema têm tratado a questão do patrimônio no século XX e XXI. Como sugestão, propomos perspectivas interdisciplinares do seguinte tipo:
- Versões alternativas para as propagandas nacionais de marca-país.
- Turistificação dos centros históricos na literatura e/ou no cinema.
- A literatura como ferramenta de proteção monumental.
- Usos iconoclastas e vandálicos da literatura e/ou do cinema.
- Patrimônio e poder.
- Monumentos, memória e contra-memória.
- O museu nos meios de comunicação, na literatura e/ou no cinema.
- Bienalização como estratégia de turismo cultural.
- Museus de arte em debate e a incorporação da crítica institucional.
- O nacional e o internacional nas exposições de arte.
Prazo para envio: 31/8/2018.
As instruções para o envio do artigo estão disponíveis em: https://seer.sis.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/pos-limiar/about/submissions#onlineSubmissions
Pós-Limiar, fundada em 2017, editada pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte do Centro de Linguagem e Comunicação, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, é um periódico que tem como objetivo promover confluências e diálogos entre diversas áreas, envolvendo linguagens, mídia e artes em suas mais variadas modalidades. É espaço, portanto, para a reflexão sobre fenômenos e relações sistêmicas em teorias e práticas, que atravessam e contaminam o campo interdisciplinar.