Quinta-feira, 28 de Março de 2024
Publicações

Chamada para artigos: Fotografia e propaganda no Estado Novo Português

Início: Fim: Data de abertura: Data de encerramento: Países: Portugal

Arte, Artes visuais, Chamada para artigos, Ciências Humanas e Sociais, Comunicação, Fotografia, Media

A revista Comunicação Pública seleciona artigos para o número temático Fotografia e propaganda no Estado Novo Português. A edição, de número 23, é organizada pelo Projeto Fotografia Impressa. Imagem e Propaganda em Portugal (1934-1974) [FCT – PTDC/CPC-HAT/4533/2014] e aceita contribuições até 15 de maio de 2017.

A revista Comunicação Pública, da Escola Superior de Comunicação Social é um novo projeto editorial para o campo científico, académico e profissional, da comunicação. Não apenas mais um projeto que venha ampliar os meios já existentes neste domínio, mas um espaço de publicação concebido com a pretensão de acolher trabalhos de investigação, ensaios teóricos e notas críticas que, independentemente da diversidade de perspetivas, linguagens, contextos e objetivos que os caracterizem, façam das formas de comunicação o seu objeto comum. 

Eixo Temático

A relação entre a fotografia e a propaganda como campo de investigação e de estudo no Estado Novo português é relativamente recente, representando um importante contributo para a discussão do modo como o regime se legitimou através das imagens fotográficas. O interesse por este campo de investigação deve-se, sobretudo, à recente abertura ao público dos arquivos fotográficos; às políticas de digitalização e à cada vez maior consciência historiográfica da importância da fotografia e dos arquivos fotográficos como fonte essencial para a investigação académica.

Este número da Revista Comunicação Pública pretende dar a conhecer as novas investigações produzidas e em curso sobre a propaganda política do Estado Novo, bem como a sua relação com a circulação e consumo das imagens fotográficas públicas por ele produzidas. Neste sentido, propõe-se analisar o modo como o regime construiu as narrativas visuais de propaganda através do medium fotográfico.

O período abrangido inicia-se no momento em que a imagem fotográfica e os seus autores – os fotógrafos – foram colocados ao serviço do regime por António Ferro, quando este se tornou o responsável pelo SPN-Secretariado da Propaganda Nacional (1933), mais tarde, designado SNI – Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (1944), através das três grandes políticas de propaganda do regime: a «Política do Espírito» para as artes e a literatura, dando simultaneamente a conhecer Portugal ao exterior; a «Política do Gosto» e a «Política do Turismo».

As implicações dessa associação consolidar-se-ão através do foto-periodismo dos anos 30 e 40; dos salões de amadores; do impulso às exposições individuais de fotografia; do estímulo às artes gráficas subsidiando revistas e álbuns; ou da utilização em grande escala da fotografia nas exposições nacionais e internacionais; ou na sua utilização na propaganda das grandes obras públicas realizadas. Exploravam-se, então, as potencialidades da fotografia, bem como novas formas de ritualizar o processo de apropriação das representações visuais para fins propagandísticos. Já no pós-guerra, os novos agenciamentos políticos promoveram reformulações e novas estratégias visuais e de propaganda. Simultaneamente, as experimentações fotográficas surrealistas e o discurso neorrealista garantiram outras imagéticas, especialmente num tempo em que a repressão contra a oposição ao regime se viria a acentuar, sobretudo com a Guerra Colonial, em 1961, até ao seu fim em 1974.

Serão bem-vindos os artigos que procurem problematizar a utilização da fotografia enquanto documento, bem como as relações entre fotografia e propaganda, através dos vários media impressos de comunicação visual: na imprensa, em revistas, exposições, catálogos, livros, guias, álbuns fotográficos ou foto-livros e cujas abordagens foquem a actividade dos fotógrafos e as suas práticas.

Os estudos comparados, nomeadamente com o fascismo italiano e o franquismo, serão do mesmo modo considerados. Como tópicos meramente indicativos, que se podem cruzar entre si, exemplificam-se os seguintes:

  1. Representações performativas: a propaganda da imagem de Portugal para dentro e para o exterior; as exposições nacionais e internacionais; exposições temáticas e coloniais; as viagens presidenciais; cosmopolistismo e nacionalismo;
  2. Realizações materiais: obras públicas; arquitectura e urbanismo; paisagem e património; restauro de monumentos; parques e jardins; arquitectura e cultura popular; arte popular; turismo; radio e telecomunicações; folclore; cinema, dança e teatro; nacionalismo e política cultural;
  3. Retóricas do corpo: práticas e discursos do corpo na fotografia; retrato;  corpo colectivo e militarizado; desporto e ordem política; religião, família e corpo; corpo colonial; representações do corpo e discursos de poder;  masculinização da estética do regime; heranças naturalistas e pictorialistas;
  4. Contra-imagens e contra-discursos: discursos e imagens de resistência ao Estado Novo; contra-discursos e contra-imagens surrealistas e neo-realistas; exposições e experimentações; fotografia humanista e contestação à política cultural do regime; fotografia e compromisso social; nacionalismo e humanismo.

Editores

Filomena Serra (IHA/FCSHNOVA)
Paula André (DINÂMIA’CET-IUL-ISCTE-IUL)
Bruno Marques (IHA/FCSHNOVA)

Mais informações através do e-mail cpublica@escs.ipl.pt e na página do Projeto Fotografia Impressa: Imagem e propaganda em Portugal.

Informação relacionada

Enviar Informação

Mapa de visitas